Paulinho aplaudido como um Rei

Num estádio de futebol,  seja ele qual for, é  raro um elemento de uma equipa ser aplaudido pelos adeptos dos dois clubes em disputa. 
Nos adeptos do Vizela já tínhamos visto esse louvável comportamento no aplauso dirigido, no final do encontro, aos jogadores do Belenenses Sad (pelas dificuldades que passam), mas ontem, antes de começar a partida Vizela- Sporting houve uma figura que sobremaneira se destacou:

Tratou-se de Paulinho, técnico de equipamentos do Sporting, uma figura querida do futebol luso, talvez mesmo a maior, que teve as 3.800 pessoas no estádio a aplaudi-lo, com muitos vizelenses a levantarem-se para aplaudir de pé. 

Paulinho foi agradecer a todos, como se pode constatar no vídeo, e esse foi, seguramente,  o momento mais bonito da noite.


A HISTÓRIA DE PAULINHO 

CONTADA NO MAIS FUTEBOL


"Paulo Gama, o popular Paulinho, faz esta quarta-feira 50 anos: meio século de uma vida cheia de curvas e contracurvas, que encontrou a estabilidade quando se vestiu de verde e branco.

Não se sabe, de resto, de onde vêm exatamente as limitações psicomotoras. Há quem diga que são de nascença e há quem diga que surgiram após um acidente rodoviário numa passagem de nível, quando era criança. Certo é que são problemas que o acompanharam praticamente toda a vida.

Abandonado pela mãe, cresceu num lar da Santa Casa da Misericórdia. Apaixonado pelo Sporting, habituou-se a viver rodeado de verde e posters do clube. Foi por isso, aliás, que os médicos que o acompanhavam aconselharam a Santa Casa a falar com o Sporting para propor uma colaboração: a proximidade da sua grande paixão podia ajudá-lo a desenvolver-se.

Com apenas 16 anos começou a trabalhar em Alvalade, como roupeiro do hóquei em patins. Foi aí que travou amizade com António Livramento, a quem fez questão de agradecer na apresentação do livro. Nessa altura, e nos tempos livres, Paulinho corria para a famosa Porta 10-A, para sentir o Sporting: cruzava-se com os jogadores, via os treinos, ouvia os outros sócios.

Até que um dia, o adjunto Fernando Mendes lhe faz um desafio: ir apanhar as bolas que saíam do campo e devolvê-las aos jogadores. Paulinho aceita e nunca mais deixa o futebol.

Já lá vão mais de 30 anos. Começou como apanha-bolas, passou para auxiliar de roupeiro e chega a técnico principal de equipamentos.

A paixão de Paulinho pelo Sporting é enorme e o clube acaba por adotar o jovem, que abandona a lar da Santa Casa da Misericórdia. Inicialmente vive no Estádio, mais tarde o Sporting aluga-lhe um quarto na zona de Sete Rios, não muito longe de Alvalade.

À medida que os anos passam, de resto, os progressos psicomotores de Paulinho são evidentes. Inicialmente tem enormes dificuldades em andar ou em falar, com o tempo passa a correr, torna-se um especialista em dar toques sem deixar a bola cair, consegue alimentar normalmente uma conversa e demonstra até uma certa agilidade mental." MAISFUTEBOL 



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