Casa do Povo lotada para ouvir Victor Hugo Salgado

Tratava-se de uma conferência de imprensa (para jornalistas) mas para além dos membros da comunicação social compareceu um número de público inesperado que lotou o salão da Casa do Povo para ouvir o primeiro autarca da história do concelho de Vizela a receber ordens de demissão do cargo de vice-presidente da Câmara Municipal.
"O ato do Sr. Presidente da Câmara revela falta de sensibilidade democrática, autismo político e o desespero de quem está agarrado ao poder. Este é um ato cruel e de vingança que está a gerar a revolta dos vizelenses. - disse Victor Hugo Salgado.


Víctor Hugo Salgado teve atrás de si conhecidas figuras que passaram pela vida autárquica vizelense e outras ainda no activo bem assim como outras figuras ligadas à sociedade civil, a saber Francisco Ferreira, ex-presidente da Câmara Municipal de Vizela; Fernando Carvalho, atual presidente da Assembleia Municipal; João Cocharra, ex-presidente da Assembleia Municipal; Presidentes da Juntas de Freguesia em funções pelo PS, Mário José Oliveira e Manuel Pedrosa; Líder e Vice-líder do Grupo Municipal do Partido Socialista de Vizela, Agostinha Freitas e Agostinho Guimarães; Antigo vereador e vice-presidente da Câmara do PS, Joaquim Costa; Ex-presidentes de junta do PS, José Armando Branco e José Carlos Sousa; Xavier de Freitas, presidente da comissão de honra do PS nas autárquicas 2009 e 2013; Deputados Municipais do PS, Joaquim Meireles, Márcia Patrícia Costa, João Vaz, João Costa, Albano Agostinho e o ex-deputado municipal do PS, Armindo Faria.

Referiu que o processo PS ainda não está encerrado «falta a Distrital e a Nacional manifestarem-se» e que ainda não tomou uma posição sobre se vai ou não concorrer em 2017.

Antes das perguntas dos jornalistas, Victor Hugo leu o seguinte texto que se publica na íntegra:

«Fui eleito, por sufrágio universal e democrático, nas eleições autárquicas de outubro de 2013. A maioria dos eleitores Vizelenses deu-me a condição de vereador do executivo municipal da terra que me viu nascer.

Como número dois da lista do Partido Socialista à Câmara Municipal de Vizela, aquela eleição não significou apenas a integração no executivo municipal, mas indiscutivelmente um voto de confiança e a expectativa da respetiva eleição do cidadão que viria a ser designado Vice-presidente da Câmara.

A 05 de maio de 2016, o Presidente da Câmara Municipal de Vizela, Sr. Dinis Costa, exonerou-me das funções de Vice-presidente, tendo-me retirado a confiança política e revogado o ato de delegação de competências, distorcendo o resultado eleitoral e a vontade dos vizelenses.

O ato do Sr. Presidente da Câmara revela falta de sensibilidade democrática, autismo político e o desespero de quem está agarrado ao poder. Este é um ato cruel e de vingança que está a gerar a revolta dos vizelenses.

Na política não vale tudo!
O Presidente da Câmara Municipal não me pode acusar de falta de lealdade política. A lealdade na política, como todos sabem, vê-se nas posições que os intervenientes políticos têm aquando das suas votações.

Eu votei sempre com o Sr. Dinis Costa.
E podem ter a certeza que muitas vezes foi-me muito difícil votar a favor de decisões com as quais não concordava totalmente. Aprovei todas as propostas, aprovei todos os orçamentos, aprovei todas as contas, aprovei todos os subsídios, inclusive no período em que o Sr. Dinis Costa não me delegou competências, no decorrer dos anos de 2009-2010.

Posso, ainda, informar todos os presentes que esta é a primeira vez que falo publicamente sobre esta matéria e que, antes de qualquer posição pública, eu, o Sr. Presidente da Assembleia Municipal de Vizela, Dr. Fernando Carvalho, e o Sr. Deputado Municipal, Joaquim Meireles, tivemos uma reunião com o Sr. Presidente da Câmara Municipal, para que este soubesse desta candidatura, pedindo-lhe o seu apoio, atendendo que, nas últimas eleições autárquicas, aquando da constituição das listas do Partido Socialista, ele afirmou que não seria mais candidato e que eu seria o seu sucessor.


Importa acrescentar que dados concretos provam que o Sr. Dinis Costa e este Partido Socialista não têm condições para voltar a ganhar.
Um homem sensato deveria olhar para as evidências e perceber que o seu ciclo político chegou ao fim.

• O Sr. Dinis Costa não tem o apoio dos verdadeiros socialistas vizelenses e dos independentes que, ao longo dos últimos anos, deram a cara pelo Partido Socialista de Vizela;
• O Sr. Dinis Costa não tem apoio do Partido Socialista de Vizela. Ganhou as eleições internas apenas por quatro votos, numa lista que ele próprio fez e composta por pessoas da sua confiança;
• O Sr. Dinis Costa não tem apoio dos vizelenses. Ao longo dos últimos anos, Vizela deixou de ser o concelho mais socialista do País, tendo perdido mais de 3.000 votos para os seus opositores diretos e baixando, em 10 anos, de 62% para 37% nos resultados eleitorais;
• O Sr. Dinis Costa não tem o apoio dos Militantes Socialistas de Vizela. Em menos de 10 anos, o PS Vizela deixou de ser uma das maiores concelhias do País, passando dos históricos 1.400 militantes ativos, para os atuais 100;

Assim sendo, fica claro que o único e verdadeiro fundamento da decisão do Presidente da Câmara foi o facto de, no exercício dos meus direitos constitucionalmente consagrados, ter "desafiado", nos termos dos estatutos do Partido Socialista, o Presidente da Concelhia de Vizela para um ato democrático, designadamente, eleições internas para escolha do candidato do Partido às eleições autárquicas, que ocorrerão no ano de 2017.

Ou seja, o Presidente da Câmara Municipal, Dinis Costa, também, Presidente da Concelhia do Partido Socialista de Vizela, exonerou-me em virtude de ter concorrido a um ato eleitoral para escolha do candidato do Partido às eleições autárquicas e cujo efeito útil ocorrerá no próximo processo eleitoral autárquico de 2017.

O Sr. Dinis Costa, na minha opinião, deveria ter respeitado a minha frontalidade na participação neste ato democrático interno do Partido Socialista.
O Presidente da Câmara, confundiu a Câmara Municipal de Vizela com o Partido Socialista de Vizela.

O Sr. Dinis Costa não respeita a frontalidade, nem é frontal, na medida em que não me comunicou pessoalmente a sua decisão de exoneração, tendo eu sido informado desta decisão pela comunicação social.

Não obstante o Presidente da Câmara, o Sr. Dinis Costa, ter o direito de não gostar de ser “afrontado”, não pode nunca esquecer que essa é uma das prerrogativas das conquistas do 25 de Abril que, há menos de um mês, apregoou no seu discurso da sessão solene de aniversário da Revolução dos Cravos.

No máximo, e porque se tratava de uma questão político-partidária, o Sr. Dinis Costa tinha de dirimir esta questão no seio do Partido Socialista de Vizela ou nacional.

Com esta conduta, o Presidente da Câmara Municipal, através de um verdadeiro processo antidemocrático e repressivo dos direitos, liberdades e garantias plasmados na Constituição da República Portuguesa, ultrapassou verdadeiramente a vontade popular.

Um Presidente sensato e que gosta do seu Município, não mistura o Partido com a Autarquia, nem questões partidárias com questões autárquicas, com repercussões no futuro coletivo dos Vizelenses.

Os vizelenses sabem que podem contar comigo. Tal como sucedeu ao longo dos últimos 6 anos, em que dei todas as provas da minha dedicação ao concelho, estou e estarei sempre ao vosso lado.

Tal como os vizelenses lutaram pela nossa autonomia, temos que continuar a lutar todos juntos por um concelho que nos orgulhe.

Obrigado a todos...

Viva Vizela!
Viva os Vizelenses!

Vizela, 10 de maio de 2016
Victor Hugo Salgado






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