VICTOR HUGO SALGADO: "A redução de impostos e a realização de eventos e de obras não serão incompatíveis para a CMV".

- O próximo ano será mais fácil, porque já contaremos com a casa arrumada e ajustada à nossa estratégia.
 - Tenho horário de entrada na Câmara, mas não tenho horário de saída. 
 - Nada do que faço é a pensar nas próximas eleições.
- A Câmara Municipal de Vizela deve sensivelmente 13 milhões de euros, sendo grande parte dessa dívida à banca.
- Neste momento, é muito precoce pensar numa candidatura à Câmara, quanto mais pelo Partido Socialista.
- Seria bom para Vizela ter um Ministro ou Secretario de Estado Vizelense.
- Sentimos que Vizela está mais viva e que os Vizelenses começam a recuperar o orgulho de outros tempos, o orgulho em serem vizelenses e na sua terra.

Em 1 de Outubro de 2017, Victor Hugo Salgado foi eleito Presidente da Câmara Municipal de Vizela pelo Movimento Independente Vizela Sempre depois de ter sido exonerado como vereador pelo PS e ter saído deste partido. Na passagem do primeiro ano de mandato, o ddV colocou algumas questões ao novo edil.



ddV - Foi eleito há um ano, o que mudou neste período em Vizela? 
VICTOR HUGO SALGADO - Sendo difícil responder a esta questão de forma totalmente imparcial, entendo que, dentro do que foi possível efetuar neste curto espaço de tempo, mudou muita coisa. Contudo, apesar do curto hiato temporal, acho que estamos no caminho certo para mudar Vizela e sentimos que Vizela está mais viva e que os Vizelenses começam a recuperar o orgulho de outros tempos, o orgulho em serem vizelenses e na sua terra.

- O 1 de Outubro de 2017 marcou-o?
- Marcou profundamente. Por muitos anos que passem e por muitas campanhas que faça, nunca esquecerei esse dia. O dia 1 de outubro de 2017 ficará para sempre marcado como o términus vitorioso de uma das campanhas mais difíceis da minha vida.

- Como se tem sentido no papel de Presidente?
- Sinto-me de consciência tranquila, tenho feito tudo para honrar o voto de confiança que os Vizelenses me deram nas últimas autárquicas. Foi um ano de intenso trabalho, sou o primeiro a criticar as nossas falhas, mas só falha quem faz, e como este executivo está sempre em atividade é natural que estas aconteçam, contudo, penso que serão incipientes.


- Tem horário de entrada e saída na Câmara? 
- Tenho horário de entrada, mas não tenho horário de saída. Contudo, não me posso queixar, pois quando me candidatei já sabia para o que me esperava caso fosse eleito Presidente da Câmara.

- Quais são os principais pontos positivos que enfrentou neste ano? 
- Destaco pela positiva dois ou três pontos. O primeiro, todo o trabalho desenvolvido, quer aquele que já se encontra visível neste momento, quer aquele que se encontra a ser preparado e, em breve, se tornará uma realidade. O segundo, a coligação pós-eleitoral que tem resultado de uma forma muito positiva, garantindo a estabilidade necessária para governar Vizela a favor dos interesses dos Vizelenses. Terceiro, a equipa que me acompanha, mais precisamente, o Sr. Joaquim Meireles, a Dra. Agostinha Freitas e o Dr. Jorge Pedrosa, sem eles todo o trabalho que tem sido desenvolvido não seria possível.

- E pela negativa?
- Pela negativa, o estado em se encontrava a Câmara e, em particular, a degradação que foi possível verificar e que ocorreu no ano após a minha saída (desarrumação nos diversos edifícios municipais, depósito de animais), associado a um excessivo eleitoralismo do Partido Socialista, evidenciado por gastos de aproximadamente € 1.500.000,00 em estradas, por um descontrolo nos subsídios atribuídos e por uma campanha eleitoral do Partido Socialista efetuada à custa dos meios da Câmara Municipal.


- Alguma vez se arrependeu de ter assumido o cargo de presidente? 
- Não. Não me arrependo de ter assumido o cargo de Presidente, sou uma pessoa de convicções e, mesmo nos momentos mais difíceis, estou sempre firme e convicto de que éramos e continuamos a ser o melhor projeto para Vizela.

- A Câmara consome-lhe muito tempo? 
- Sim, muito tempo. Não só a mim, mas a todos os vereadores. Todos gostamos de estar presentes, de modo a demonstrar o quanto valorizamos o mandato que nos foi atribuído e o quanto respeitamos o trabalho dos Vizelenses e das suas associações. Acreditamos, contrariamente ao que acontecia no passado, que fomos eleitos para estar com os Vizelenses em todos dias do mandato e não, apenas, na altura das eleições.

- Como lida a sua família com a sua atividade? 
- Apesar de não ser uma situação fácil, acaba por lidar bem, tenho uma mulher excepcional, que está sempre ao meu lado, apoiando-me como Presidente e, em particular, como pai, superando diariamente as dificuldade que tenho em apoiar os meus filhos.

- Sente que os funcionários da Câmara estão satisfeitos com a sua entrada? 
- Penso que sim. Apesar das inúmeras alterações, penso que, pelo menos, sentem que existe um rumo, uma liderança, resultando numa vontade de se envolverem no projecto da Câmara Municipal de Vizela.

- Há algo que já esperava ter feito e não conseguiu neste primeiro ano? 
- Sou uma pessoa sincera, esperava ter conseguido executar a Ponte da Aliança, contudo, a burocracia da administração central, associada aos procedimentos de uma obra desta envergadura, atrasaram esse sonho comum a muitos Vizelenses. No entanto, estou convicto que, no próximo ano, a Ponte da Aliança será efetivamente uma realidade.


- A sua Câmara é criticada por alguns como só sabendo fazer festas. É natural que achem isso? 
- Só pode efetuar tal afirmação quem não esteve, nem está, atento à realidade de Vizela. Os eventos que esta Câmara realiza são os mesmos que eram efetuados no passado, havendo, inclusivamente, uma redução do número de eventos. A título de exemplo, esta Câmara não apoiou, nem realizou o “Sunset na Praça”, o “KubiK” ou o“Vizela Reconhece”.
Importa recordar, que os eventos que temos feito implicaram uma manutenção ou uma redução de custos, pelo que a grande diferença prende-se efetivamente com o impacto que os eventos têm tido, quando comparados com o passado. Fruto do grande trabalho desenvolvido, da forte divulgação e da qualidade imposta aos eventos é possível afirmar que os eventos, agora, realizados têm sido um sucesso, trazendo a Vizela milhares de pessoas e provando que Vizela tem vida e tem muito para dar. Importa acrescentar que, ao longo dos últimos anos, o anterior executivo, tentou sem sucesso fazer estes eventos, tendo estes resultado sempre em fraca mobilização e custos exorbitantes, a título de exemplo, a Câmara gastou mais de € 30.000,00 no “I Love Portugal” ou mais de € 60.000,00 na “Feira do Bolinhol” e, tudo isto, sem resultados aparentes. Mais do que fazer, é preciso fazer bem e o anterior executivo não o sabia fazer.

- Se a Câmara está endividada como justifica a realização dessas festas? 
- A realização dos diversos eventos não pode ser vista como algo isolado, sendo, pelo contrário, parte fundamental para a implementação de uma estratégia de desenvolvimento do Turismo local, que permitirá a divulgação da Marca Vizela, assim como o crescimento da economia local. Contudo, a implementação deste tipo de estratégias implica necessariamente o corte em determinadas despesas supérfluas que eram efectuadas pelo anterior Executivo e a realização de eventos mais baratos, como, por exemplo, o “Vizela Motor Festival" deste fim-de-semana, em que gastamos três vezes menos do que o anterior executivo e tivemos uma adesão superior de público, ou, então, o “Festival da Francesinha”, em que gastamos o mesmo e tivemos um evento que, na primeira noite, teve mais gente do que o evento todo do ano anterior.



- A promoção de Vizela passa por estas iniciativas ou por outros quadrantes? 
- A promoção de Vizela, tal como consta do Plano Municipal de Turismo, passará pela implementação de um plano estratégico integral, com prioridade para as Termas de Vizela, o Rio Vizela, harmonizando-se ações e atuação nas distintas áreas de turismo, em sentido estrito, com todas as outras vertentes, nomeadamente, a cultura, o ambiente e o património que, utilizando as mais diversas ferramentas e equipamentos tecnológicos, como sejam o sítio na internet, aplicações, mapas e meios de mobilidade e de acessibilidade, permitam, rápida e eficazmente, fazer chegar a informação a um cada vez maior número de pessoas e de públicos diversificados.

- A oposição diz que devia baixar aos impostos municipais em lugar de gastar dinheiro em festas. Que lhe parece? 
- Antes de mais, cumpre esclarecer que este Executivo, conforme apresentado nos programas eleitorais do Movimento Vizela Sempre e da Coligação “Vizela é para todos”, sempre defendeu uma redução gradual e sustentada dos impostos ao longo do mandato, recusando enveredar por políticas eleitoralistas de pura demagogia. Deste modo, e como prometido, já se iniciou essa diminuição gradual dos impostos, com a redução da taxa de participação no IRS, prevendo-se que a mesma se mantenha, ao longo dos próximos anos, de modo sustentado, sem que, para tal, tenha de se acabar ou reduzir na qualidade dos eventos realizados pela Autarquia. Posso dizer que, dentro do desenvolvimento sustentado que pretendemos para a Câmara Municipal, a redução de impostos e a realização de eventos e de obras não serão incompatíveis.

- Anunciou um punhado de obras como a grande ponte em Tagilde, as Termas, Auditório, a remodelação da Praça e Jardim, relvados sintéticos, etc. Acredita mesmo que vai executá-las neste mandato?
- Sim, não tenho dúvidas. Atendendo o estado avançado dos projetos em apreço, e sem querer avançar com prazos, considero que será possível executá-las todas no decurso deste mandato, alterando, desse modo, a imagem da Câmara Municipal de Vizela na CIM do Ave, onde esta era sempre vista como a Câmara com menor execução de fundos e com o menor número de obras efetuadas.

- A oposição diz que não tem argumentos para criticar o passado da Câmara porque fez parte dele. Esse é um ónus que terá de carregar até ao fim? 
- Tal situação é inegável, contudo é preciso salientar que faço parte do passado recente. A minha passagem pela Câmara ficará sempre associada ao período em que Vizela resolveu o problema da dívida criado pelo ex-Presidente da Câmara, Sr. Dinis Costa, e pela vereadora, Dra. Dora Gaspar. Através de uma análise à auditoria externa efetuada ao Município facilmente se constata que as duas pessoas que mais tempo tiveram responsabilidades na Câmara foram o Sr. Dinis Costa, durante 16 anos, e a Dra. Dora Gaspar, 12 anos, e com uma agravante, estas duas pessoas foram as que mais assinaram despesa em toda a história da Câmara Municipal de Vizela.


- Mas não concordou com essa estratégia?
Não. Importa recordar que fui uma pessoa que sempre discordou da estratégia do Sr. Dinis Costa, como prova tenho um pedido de auditoria efetuado por três vezes e a apresentação da candidatura independente. Caso concordasse com aquela estratégia, mantinha-me como estava e fatalmente o poder, um dia, cairia no meu colo.

Por último e não menos importante, só o PS Vizela é que me quer colocar ao seu lado neste momento, no passado, por eu discordar da estratégia, expulsaram-me da Câmara, contudo, importa afirmar que os Vizelense sabem que essa afirmação não é verdade, sobretudo porque, nas últimas eleições, souberam distinguir-me do PS Vizela.

- O próximo ano do seu mandato vai ser como? 
- Vai ser mais um ano de trabalho. Tendo em vista superar as debilidades de um Concelho que não merecia chegar onde chegou depois de tanto lutar pela sua autonomia.


- Prevê que seja um ano igual, melhor ou pior do que este que findou?
- Melhor, temos sempre de melhorar o nosso trabalho em prol de Vizela e dos Vizelenses. O próximo ano será mais fácil, porque já contaremos com a casa arrumada e ajustada à nossa estratégia.


- Como define o papel da oposição (Partido Socialista) na Câmara? 
- O Partido Socialista estava mal quando estava no poder e, por isso mesmo, é que perdeu as eleições. Agora, tem estado mal na oposição, o que permite antever um futuro eleitoral muito pouco risonho, ainda pior que nas últimas eleições autárquicas. A oposição do Partido Socialista resume-se à critica pela critica, uma oposição de pura demagogia de quem parece ter saído da Câmara há mais de uma década e já se esqueceu do que fez, limitando-se a apresentar propostas e recomendações vazias de qualquer conteúdo.

E na Assembleia Municipal? 
O Partido Socialista na Assembleia Municipal não existe. Neste momento, está reduzido praticamente a dois socialistas. Os restantes membros são pessoas que se representam a si próprios e não à cor do Partido Socialista. Alguns não são, nunca foram, nem nunca serão socialistas e, inclusivamente, já foram candidatos contra o Partido Socialista. Neste momento, o Partido Socialista está reduzido a estes seis elementos, quando, no passado, já teve quase duas dezenas.

- Vai continuar a impor este ritmo a si e à sua equipa ou são ovos de Páscoa?
- Temos de continuar a manter este ritmo. Este ritmo não é novo, já vem desde o processo eleitoral e é uma das formas de fazer a diferença relativamente ao anterior executivo, que nem sequer residia em Vizela, apenas do ponto de vista legal.

- Como se consegue ter um equilíbrio entre aqueles que querem o barulho da diversão e os outros que querem o silêncio? 
- Não é um equilíbrio fácil, mas penso que, contrariamente ao passado, temos sabido descentralizar as iniciativas da Câmara e iniciado os eventos mais cedo, o que permite amenizar este conflito de interesses.

- Faz algumas coisas a pensar já no resultado das próximas eleições, aceita que o apelidem de eleitoralista? 
- Nada do que faço é a pensar nas próximas eleições. Todo o trabalho que temos feito neste último ano tem um único objetivo, mudar e melhorar Vizela e a qualidade de vida dos Vizelenses. Sempre entendi que se trabalharmos em prol dos nossos objetivos, em seguida, os resultados surgirão naturalmente.

- Acha que os vizelenses gostam cada vez mais de si? 
- Sinto que sim, mas é uma pergunta que deve colocar aos Vizelenses.


- Fez inimigos desde o último ato eleitoral até aqui? 
- Penso que não, mantive os que já tinha há alguns anos e que insistem em manter-se, não percebendo que perderam as eleições e que já entramos num novo ciclo.

- Como viu a renúncia de mandato do vereador socialista João Ilídio Costa?  Preferia tê-lo na oposição?
- Todas as renúncias são aceitáveis e admissíveis, o que não é compreensível é que se tenha retirado e, agora, se mantenha na sombra a fazer oposição.

- Quando é que a Câmara terá as contas em dia. Quanto deve ainda a CMV e a quem? 
- A Câmara Municipal de Vizela deve sensivelmente 13 milhões de euros, sendo grande parte dessa dívida à banca. A Câmara terá as contas em dia quando pagar as dívidas e empréstimos associados aos devaneios feitos pelo Sr. Dinis Costa, com a anuência da Sra. Dra. Dora Gaspar, nos dois primeiros anos do seu mandato, enquanto, Presidente da Câmara, isto é, em 2009/2010, conforme se pode constatar no relatório de auditoria, com um aumento de 287% da dívida em imobilizado (obras em estradas), num total de 10,5 milhões de euros, acrescidos de juros.



- Venceu as eleições sem maioria absoluta. Como conseguiu o acordo com o cabeça de lista do PSD-CDS, Jorge Pedrosa?
- Com bom senso. Foi um acordo fácil, tendo em consideração que ambos queríamos o melhor para Vizela.

- Em que condições você voltaria a concorrer pelo Partido Socialista? 
- Neste momento, é muito precoce pensar numa candidatura à Câmara, quanto mais pelo Partido Socialista.


- Acredita que o PS vai apresentar um forte candidato nas próximas eleições? 
- Espero que sim, mas acho pouco provável, atendendo às pessoas que atualmente se encontram disponíveis, a começar pela sua líder, que nem sequer reside em Vizela, e, sobretudo, pela forma como tem trabalhado enquanto oposição.

- Se as eleições fossem hoje apostava na mesma equipa para a Câmara e Juntas de freguesia? 
- Claro que sim, não tenho dúvidas. Agradeço, de forma penhorada, a todos os que me acompanharam nessa caminhada.

- Nas próximas eleições legislativas vai aconselhar o voto no PS ou noutro partido?
- Tomarei posição, analisando os candidatos que possam representar o Concelho de Vizela. Já dei provas e acredito que mais do que Partidos temos que ver quem são as pessoas que estão por trás dos projetos.

- Pretende ficar na Câmara até quando? 
- Enquanto sentir que estou a fazer bem o meu trabalho e os Vizelenses assim o quiserem.

- Se as eleições autárquicas fossem hoje qual seria o seu resultado? 
- Ao longo do último ano, tenho sentido uma enorme adesão ao nosso trabalho, indiciando um grande crescimento eleitoral.

- Quando um dia sair da Câmara vai para um gabinete ministerial em Lisboa?
- O futuro a Deus pertence e só poderei falar em decisões como essas quando for confrontado com as mesmas, mas não nego que, fosse quem fosse, seria bom para Vizela ter um Ministro ou Secretario de Estado Vizelense.

- Sente-se feliz pelo seu cargo? 
- Sinto. Sinto-me feliz porque tenho a consciência tranquila.

- O que lhe deu maior prazer fazer ou ver como edil? 
- Arrumar a casa e começar a trabalhar em prol de Vizela, agradecendo, dessa forma, a todos os que votaram em nós.

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