Ex- combatentes homenageados em Vizela

Ontem, no Jardim Manuel Faria em Vizela, foi celebrado o Dia do Combatente e evocado, em simultâneo, a Batalha de La Lys, ocorrida há precisamente 97 anos, e que durou cerca de 20 dias, no terreno, na Flandres, em França, na Primeia Grande Guerra. Vários vizelenses que combateram nas ex-colónias foram distinguidos com a Medalha Comemorativa das Campanhas.


O Núcleo de Vizela da Liga dos Combatentes começou por homenagear os soldados falecidos Presidente da Direção do Núcleo, José Manuel Oliveira, convidado o Presidente da Câmara Municipal de Vizela, Dinis Costa e o General Cipriano Alves a deporem uma coroa de flores no Monumento dos Combatentes que foi transportada por um soldado.Um terno de Clarins executou o “ Toque de Silêncio ”, após o qual a Força da Guarda de Honra comandada pelo 1º Sargento João Sousa prestou continência, seguindo-se o “ Toque de Homenagem aos Mortos em Defesa da Pátria ”.

O Arcipreste P. Constantino Matos Sá, leu de seguida uma prece, após o que foi tocado o toque de alvorada, "simbolizando assim o renascer daqueles que, em espírito, continuam a servir-nos de exemplo" - disse Júlio César, moderador da cerimónia.
Seguiu-se a intervenção do General Cipriano Alves, aludindo ao ato – Dia do Combatente, salientado a bravura dos soldados portugueses e a importância desta cerimónia.

ENTREGA DE MEDALHAS COMEMORATIVAS
Seguiu-se a entrega de Medalhas Comemorativas das Campanhas das Forças Armadas Portuguesas aos Combatentes vizelenses que disseram presente no período de 1961 a 1975, na Guerra Colonial.
A Medalha Comemorativa das Campanhas foi criada em 30 de Novembro de 1916, pelo Decreto n.º 2870 e comemora as campanhas das Forças Armadas Portuguesas fora de Portugal metropolitano, principalmente face ao contexto da entrada portuguesa na I Guerra Mundial.
A medalha comemorativa das campanhas e a medalha comemorativa de comissões de serviços especiais são atribuídas a quem tenha participado em operações militares ou desempenhado uma comissão durante um período mínimo de seis meses ou durante todo o tempo da sua duração, se esta for inferior a seis meses, podendo esse período ser menor nos casos de acidente ou doença em serviço que impossibilitem a sua conclusão.


Esta medalha funciona como medalha geral, sendo cada campanha específica, indicada pela colocação de uma passadeira na fita, da mais recente acima à mais antiga abaixo.
O seu desenho, desde 2002, é o seguinte: Anverso: Emblema nacional rodeado de um listel circular com a legenda «CAMPANHAS E COMISSÕES ESPECIAIS DAS FORÇAS ARMADAS PORTUGUESAS», em letras de tipo elzevir, maiúsculas, a legenda cercada de duas vergônteas de louro, frutadas e atadas nos topos proximais com um laço largo; encimando este conjunto, uma coroa mural de cinco torres.
Reverso:
Disco tendo, na parte superior, uma Bandeira Nacional; sobrepostas a ela, e medindo quase todo o diâmetro, as figuras de um soldado do Exército, à dextra, um soldado da Força Aérea, ao centro, e um marinheiro da Armada, à sinistra, de pé e firmados num pedestal; o disco rodeado da legenda «ESTE REINO É OBRA DE SOLDADOS», em letras de tipo elzevir, maiúsculas, num listel circular, rematado inferiormente por um laço largo; encimando este conjunto, uma coroa mural idêntica à do anverso.

Foi homenageado a título póstumo com a referida medalha o combatente:

ANTÓNIO AUGUSTO DA CUNHA - MOÇAMBIQUE 1961-63
De seguida foram chamados os Combatentes que receberam a medalha em vida:
- ANTÓNIO BERNARDINO CARDOSO RIBEIRO MACHADO-ANGOLA 1968-70
– JOÃO MARTINS DA SILVA – GUINÉ 1967-68
– ARMINDO GOMES – GUINÉ 1967-69
- JOSÉ MARIA MONTEIRO MARINHO – TIMOR 1970-72
- MANUEL MOREIRA PEREIRA – ANGOLA 1963-1965
- JOSÉ DIAS PEREIRA - GUINÉ 1970-71
- CARLOS ALBERTO SIMÕES ÔRFÃO – GUINÉ 1972-74
- JERÓNIMO AUGUSTO COUTO RIBEIRO – GUINÉ 1963-65
– LEANDRO DA SILVA FERREIRA – GUINÉ 1971-73
– MÁRIO JOSÉ DE AZEVEDO OLIVEIRA – MOÇAMBIQUE 1970-72
– JÚLIO CESAR DA CUNHA FERREIRA – GUINÉ 1970-71

As medalhas foram colocadas pelo General Cipriano Alves, pelo Tenente Coronel José Pimenta e pelo Presidente da CM Vizela.

INTERVENÇÃO DO PRESIDENTE DO NÚCLEO DE VIZELA DA LIGA DOS COMBATENTES
José Manuel Oliveira, ex-sargento de carreira militar, referiu:

«Vejo com agrado que a família Combatente cresceu. Neste local do maior significado para os combatentes de Vizela e Vale do Rio Vizela, o jardim Manuel Faria, porque possui um monumento evocativo aos Combatentes de Portugal, da nossa região. Celebramos hoje o Dia do Combatente e evocamos, em simultâneo, a Batalha de La Lys, ocorrida há precisamente 97 anos, e que durou cerca de 20 dias, no terreno, na Flandres, em França, na 1GG.

Esta cerimónia é um testemunho vivo de amor à Pátria, coesão nacional e local, materializados numa comunhão de sentimentos por um passado que nos continua a unir, independentemente das nossas ideologias e pelos valores que nos fizeram criar Portugal, como uma Nação livre e independente.

A nossa presença aqui hoje, é a afirmação expressa e clara de que devemos abraçar com respeito a nossa cultura, os nossos valores, a nossa História. Só assim valorizamos os nossos Combatentes, as nossas memórias.
Hoje, e acima de tudo, homenageamos os Combatentes, todos aqueles que deram, e dão, o melhor de si, até a própria vida, por esta Pátria que amamos. Curvamo-nos perante o esforço despendido, a sua renegada coragem e o seu sacrifício, mesmo por vezes contra a sua vontade.

Ao longo dos tempos sempre houve conflitos e guerras, de resto uma constante da História, por isso reconhecer o papel dos Combatentes é ter presente que, a par da glória dos vencedores e das suas consequências políticas e sociais, a guerra é feita de sacrifícios e dor, onde muitos sublimam as suas capacidades e sofrem no corpo e na alma o preço pelo dever cumprido. Aqueles que se dispuseram e dispõem a combater ao serviço de Portugal devem merecer de todos nós o maior respeito e admiração.
Caros Combatentes,


Neste dia que evocamos o Dia do Combatente também recordamos uma data que assinala uma das maiores derrotas militares envolvendo tropas portuguesas: a Batalha de La Lys, em França, na 1 GG. Ali morreram cerca de 300 soldados, ficaram feridos à volta de 5.000 e foram presos entre 6 e 7.000 soldados. Muitos deles da nossa região pois serviam no BI 20, da 4ªBrigada de Infª, denominada Brigada do Minho, oriundos do quartel em Guimarães, do RI 20. Podem visitar o Cemitério da Atouguia, em Guimarães e ver o rol dos que tombaram da nossa Região, só o nome, porque infelizmente não voltaram. Estão sepultados no Cemitério Militar Português de Richebourg. Esta derrota em La Lys, serviu no entanto para melhorar e evitar outros desaires. Sobre esta Batalha, importa recordar as condições miseráveis que os nossos combatentes tiveram na Flandres. La Lys foi mesmo assim, no entanto, um testemunho sublime e pungente de determinação e de coragem de militares que, praticamente esquecidos nos lamaçais das trincheiras escolheram honrar Portugal naquele que foi um dos mais dramáticos hinos à capacidade de sofrimento e de amor à Pátria do perpetuado no Soldado Português.
Quem nunca ouviu falar do Soldado Milhões. De seu verdadeiro nome Aníbal Milhais, natural de Valongo, em Murça. Regressado ao acampamento português, o comandante saudou-o, dizendo o que ficaria para a História de Portugal, "Tu és Milhais, mas vales Milhões!" pelo seu ato de bravura em La Lys.

Combatentes,
Uma saudação especial aos aqui presentes, que lutaram nos diversos teatros de guerra, na Índia, em Angola, em Moçambique e na Guiné-Bissau.
Saúdo ainda os militares e os antigos militares aqui presentes que recentemente, tal como eu, foram chamados a participar em missões Humanitárias e de Paz, Intervenção e Estabilização, em teatros de operações longe do território nacional. Todas elas tiveram riscos e grande importância na defesa da paz e dos interesses de Portugal. São os nossos atuais combatentes, briosos e dignos representantes da nossa tradição militar nacional.
Combatentes,
Nós somos e seremos sempre um pilar essencial da reserva moral da nação.
A nossa felicidade que, tão exaustivamente procuramos, está muito dependente da capacidade de nos realizarmos como grupo, de forma solidária e coesa.
Para isso foram criados Núcleos da Liga dos Combatentes como o nosso. È nele que devemos manifestar as nossas ideias, as nossas necessidades, manifestar os nossos direitos e deveres. É preciso, sobretudo, criar um ambiente de responsabilidade individual e social assente em valores que apelem ao reconhecimento, ao mérito, e, em especial, à honra.

Por isso temos de nos unir e lutar pelo bem comum, identificarmos aqueles que precisam de ajuda, levá-los até à nossa sede na Casa das Coletividades, e,
já agora, para terminar, aproveitava para agradecer ao sr Pres. da CMV, porque à um ano atrás, nesta cerimónia no meu discurso fiz-lhe um pedido, pedi um novo espaço, para a Liga dos Combatentes, mais digno e amplo, que pudesse conter uma área para eternizarmos as memórias dos combatentes, mostrando-as à sociedade em geral, através do Museu do Combatente. Prometeu e cumpriu. O espaço já o temos, o Museu contamos inaugura-lo no nosso próximo aniversário em Setembro. Muito obrigado em nome dos Combatentes.

Cada um de nós tem de ser um combatente português. Só assim fará sentido o sacrifício de tantos combatentes que nos precederam e que hoje, aqui, homenageamos. Obrigado.
Bem hajam.»

O presidente da Câmara enalteceu a cerimónia vivida reconhecendo o mérito dos soldados portugueses e a importante intervenção que o Núcleo de Vizela da Liga dos Combatentes vem desempenhando.

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