EDITORIAL Rádio Vizela faz hoje 22 anos

É desnecessário dizer que o tempo passa depressa porque o tempo não se interessa nada com isso. Também pouco importa dizer que aquela memorável noite de 13 de Junho de 1986 parece ter sido ontem. O que interessa isso? O importante é que o Vale do Vizela conquistou uma voz. E com ela fez ouvir as suas alegrias e tristezas, os seus anseios e conquistas, a sua chuva e o seu sol, os seus golos e o dos outros, a sua Gente e toda a Gente. MANUEL MARQUES


Eu nuca tinha ouvido um telefone a tocar assim. Ao meu lado o José Borges (hoje chefe dos CTT de Vizela), um dos meus melhores amigos, ajudava a receber as muitas centenas de chamadas que chegavam em catadupa àquele telefone pesado e cinzento. Uns choravam de alegria, outros queriam dizer algo mas ficavam com a voz embargada, outros perguntavam «É da rádio fundação de Vizela?» outros ainda entravam em desespero ou revolta: «O rádio do meu vizinho dá e o meu não. Como é que vocês fazem isto?». E nós lá explicávamos: «O seu rádio não tem FM». «O que é isso?»

Muitas pessoas dirigiram-se aos estúdios ávidas de fazerem algo, de participarem naquela noite memorável de Santo António.
Pedro Paulo (o meu melhor Amigo já falecido) deu o primeiro boa-noite. Raúl Pereira, primeiro Presidente, colaborava com ele na locução. Eu e o José Borges entregávamos no estúdio as mensagens que os ouvintes enviavam, algumas bastante bizarras, mas acima de tudo reveladoras do nobre sentimento do Povo.

Pela primeira vez na vida muitas pessoas ouviam o seu nome, o nome do seu lugar, da sua rua numa rádio. Como era possível?
A Rádio Vizela deu voz a quem não tinha voz.

Os rádios com FM esgotaram!
Houve um senhor que nos contou ter partido o rádio porque não apanhava a Rádio Vizela. Só depois soube que o aparelho não dispunha de Frequência Modelada (FM).

À porta da sede cedida por Domingos Vaz Pinheiro amontoavam-se pessoas desejosas de ajudar. Ajudar a quê? O Pedro Bravo (também já falecido) foi buscar uma vassoura e entregou a um grupo de mulheres que varreram num frenesim as 26 escadas do prédio. Não era necessário, mas pronto! Depois foram embora a dizer «nós também construímos a rádio». Claro que sim. Toda a gente construiu a rádio!
Esta mesma rádio que hoje evoca 22 anos e pela qual passaram ao longo destes anos muitos colaboradores que deram prestimoso contributo ao seu funcionamento.

A Rádio Vizela marcou o seu espaço. Tornou-se indispensável, mesmo para aqueles que não têm por hábito ouvi-la. Diariamente regista um vasto auditório (milhares de ouvintes) pelos mais diversos concelhos que rodeiam o de Vizela. O Concelho de Vizela que ela também ajudou a erguer para todo o sempre!
Por tudo isto e por mais que não sei dizer: parabéns Rádio Vizela!



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