Zezinho Chapa com uma nova vida no Lar Torres Soares


Carinhosa figura típica de Vizela vivia praticamente abandonada deambulando pelas ruas da cidade sem uma alimentação cuidada e falta de higiene, dormindo meses seguidos com a roupa que trazia vestida de Verão e de Inverno. Hoje sente-se um homem novo, cheio de cuidados perto de si, várias refeições quentes ao dia, higiéne e roupa nova e lavada para vestir, um ambiente acolhedor e sem o frio por castigo. Provavelmente ninguém se recordará de o ver assim tão asseado como a foto documenta.



Em Vizela não há ninguém que não conheça o "Zezinho Chapa" (cerca de 60 anos). Nos últimos tempos passava o dia na Praça da República encostado ao edifício do BES (onde muitas pessoas carregadas de dinheiro passavam sem o ver) ou então mais distante um bocadinho, quando o sol ali não batia.

Barba por fazer, um sobretudo seboso, dois casacos e duas camisolas, uma camisa, sempre a mesma, e às vezes uma gravata tresmalhada e boné na cabeça não mudava de roupa meses a fio. Estava ali.

Era assim o Zezinho Chapa cuja maior alegria foi sempre ver chegar o Circo a Vizela ou pegar num gigantone (cabeçudo) nas Festas da Vila. Enquanto a saúde permitiu fazia bailar o gigantone como ninguém.

Quando o circo chegasse a Vizela, o Zezinho por ali ficava entre artistas e animais do primeiro ao último minuto da permanência de cada equipa circense. Falar-lhe no circo é vê-lo sorrir de alegria.

Quando pedia uma moeda a alguém que conhecia, era para comprar pão. O que sobrava do biju metia ao bolso para os próximos dias.
Sorriso no rosto, olhar humilde, educação esmerada era assim o Zezinho Chapa que ficou ainda mais só quando a sua mãe, com quem vivia, morreu na Avenida Abade de Tagilde.

A integração do Zezinho Chapa no Lar Torres Soares em Vizela é uma notícia de primeira página. É um ser humano que é retirado do limiar da pobreza, da exclusão, alguém que deixará de passar problemas na alimentação, frio, solidão e indiferença.
Diz ele que se sente muito bem no Lar onde todas as pessoas o tratam com carinho e consideração sem lhe faltar nada.
Agora tem quem converse com ele, vê televisão, passeia, está integrado num enorme grupo de pessoas, assistentes e utentes, que são suas amigas.

Há cerca de três anos, num Verão demasiado quente com a tempertaura máxima na ordem dos 40 graus, o Zezinho foi levado de emergência ao Centro de Saúde de Vizela praticamente desfalecido.
O médico de serviço olhando o seu estado mandou despi-lo de imediato. Encheu-se um saco grande de roupa (sobretudo ou gabardina, casacos, camisolas, camisa, calças ceroulas, etc.). Passaram-lhe panos frescos pelo corpo e daí a instantes o Zezinho estava melhor: com menos roupas e os poros libertos. O seu problema era o calor. Peloe xcesso de roupa e falta de limpeza.
Foi este vizelense (humilde pobre de espírito que terá direito ao Reino dos Céus), que agora, depois de tantas carências e privações, foi acolhido pelo Lar Torres Soares.
Para nossa alegria também!

MMM (texto) Gusto Caçalho (fotos)

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