Mãe de alunos contesta decisão do Agrupamento de Escolas de Vizela sobre obrigatoriedade de fantasias de Carnaval

Carta de Célia Abreu enviada ao Director do AEV e ao ddV.



Exmo. Sr. Director do Agrupamento de Escolas de Vizela,

Dirijo-me a V. Exa. na qualidade de mãe e encarregada de educação de duas crianças que frequentam o JI/EB Lagoas, pois julgo-me no direito e na obrigação, como mãe que ouve os seus filhos, de chamar a atenção para uma decisão que o agrupamento tomou e que muito desagrada às crianças em geral.

Trata-se da decisão por parte do agrupamento, tal como aconteceu no ano passado, de decidirem pelas crianças do que se devem mascarar no Carnaval. Como deve imaginar, as meninas por exemplo, idealizam mascarar-se de princesa, fada, etc, mas Amália Rodrigues não é com certeza algo que as atraia.

Assim como, gostaria que o Sr. Director me elucidasse como se convence um menino de 3 anos que tem que vestir um equipamento de futebol para homenagear um jogador de futebol do qual nunca ouviu falar, quando o que a criança realmente gostaria era de se disfarçar de homem-aranha, leão, índio, ou qualquer outra coisa que os meninos da sua idade idealizam.
No ano passado, tentei convencer os meus filhos de que foi o agrupamento que decidiu e que tinham que cumprir, e pronto, a contragosto mas lá cumpriram o que lhes foi imposto.
Ora qual não foi o meu desagrado, como mãe, quando na reunião de final do primeiro período 2010/2011, fui informada de que este ano, novamente os meus filhos serão “obrigados” a mascararem-se do que não querem. Gostaria, Sr. Director, como profissional de educação e certamente mais especialista em pedagogia do que eu, uma simples mãe, que me dissesse o que se responde a uma filha que nos pergunta: “Ó mãe! Mas então, eu nunca vou poder escolher do que me vou disfarçar?!?!?!?” Que resposta devo eu dar a esta pergunta, Sr. Director?
Fico então “entre a espada e a parede”, pois só me restam duas opções, sendo que nenhuma delas me agrada a mim, ou a qualquer mãe, sendo elas:
1ª Opção – Compro o disfarce que o agrupamento decidiu e vejo os meus filhos crescerem a fantasiar o que outros decidem que eles fantasiem.
2ª Opção – Compro 2 disfarces, o que o agrupamento decidiu e o que as crianças idealizaram e fantasiaram o que, no meu caso, implica comprar 4 fantasias por ano, pois tenho 2 filhos. Não me parece que seja viável para a situação financeira em que a maioria das famílias se encontra… A não ser, claro, que o agrupamento esteja na disposição de financiar as fantasias dos meninos ….
Como vê, Sr. Director, estamos aqui num impasse…. Por isso pergunto-me, e pergunto-lhe também a si, qual o problema de as crianças simplesmente se fantasiarem do que querem, ou do que os pais lhes podem proporcionar (não podemos esquecer o factor muito importante de que são roupas usadas uma vez no ano, e que muitas vezes passam de irmão para irmão, de primo para primo…..); onde fica a liberdade das crianças, a alegria de, nesse dia, serem quem quiserem, princesas, fadas, bruxas e super-heróis ….
Gostaria, Sr. Director, que me desse, a mim e a todos os outros pais e Encarregados de Educação, uma explicação e justificação plausível para que arrebatemos aos nossos filhos a liberdade de serem o que quiserem uma vez no ano.
Não pretendo com este reparo criticar ou menosprezar a sua conduta profissional ou a competência do agrupamento, apenas concluo que esta não é das melhores decisões que o agrupamento já tomou, e que gostaria de ver rectificada.

Célia Abreu
13 de Janeiro de 2011



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