Relatório entregue pelo treinador Rui Dias ao SC Braga

"A equipa técnica (do Vizela) deveria ter estar sobre a alçada do Braga, para que o acompanhamento e discussão individual e coletiva se fizesse com uma orientação concreta, nestes projetos, não se pode responder às necessidades do Braga, do Vizela, do Moreirense, do Olhanense e do Leiria ao mesmo tempo, neste sentido, necessário se torna aumentar o numero de jogadores emprestados pelo Braga, assim como, maior ligação da sua equipa técnica (contratual) ao Braga".


Treinador do Futebol Clube de Vizela, entregou ao Sporting de Braga, em mão do coordenador do futebol de formação, Agostinho Oliveira, um relatório final que o ddV publica na íntegra por cortesia de Rui Dias.

O relatório da época 2010/2011 divide-se em quatro partes: Observações iniciais; Objectivos do Projecto; Avaliação do Objectivo Definido e Resultado do projecto e sugestões para a nova época.
Esta foi a primeira época, desde que o FC Vizela foi fundado (1939), em que a sua equipa principal jogou coligada a outro clube. O Vizela classificou-se em 7º lugar.



Observações Iniciais

● Este projeto surgiu da necessidade do Braga de criar um espaço competitivo e afetivo, relativamente controlado, para o desenvolvimento dos jogadores oriundos da sua formação e/ou outros jogadores sub 23.
Por outro lado, o Vizela pretendia manter uma equipa relativamente competitiva sem grandes custos financeiros.
Estebeleceu-se então, uma missão e uma cultura de projeto de equipa satélite que visasse a formação e alinhamento de estratégias, de diagnóstico, avaliação e de desenvolvimento.
O presente relatório final, tem como objetivo, avaliar o desenrolar da presente temporada, assim como, construir soluções para que os próximos projetos possam melhorar e atingir melhores resultados.

Objetivo do Projeto

● Objectivo inicial do projeto: Criação de um espaço de desenvolvimento e de sedimentação de competências de transição competitivas e de competências instrumentais dos talentos oriundos da formação do Braga e/ou sub 23.
É importante salientar, que com o passar da época, o projeto foi adquirindo novas dinâmicas e novos objetivos, como o de apoiar a equipa principal do Braga.
Para uma avaliação descritiva do projecto, considera-se importante estabelecer três níveis: Competências organizacionais do projeto, Competências funcionais/comunicacionais do projeto, e Competências instrumentais dos jogadores que estiveram inseridos no projeto.


Avaliação do Objetivo Definido

Indicadores do Objetivo Geral:
Competências organizacionais do projeto

Resultados Obtidos:


1.1 - Estabelecimento de linhas orientadoras claras
Foi uma época anormal pela pouca estabelidade que houve, não no dominio técnico, mas no dominio diretivo:

- No Vizela, o presidente (João Polery) demitiu-se ao quarto mês do projeto, por considerar que não teria as condições necessarias para continuar. O clube foi assumido por uma Comissão de Gestão liderada pelo Eduardo Guimarães.

- No Braga, o objetivo e o enquadramento inicial do projeto foi estabelecido pelo Carlos freitas, que por constrangimentos de ordem profissional deixou o clube antes de começar a pré- temporada do Vizela. O Fernando Couto ficou então responsável pelo projeto, não tendo sido estabelecido nenhuma outra linha orientadora de intenções. A responsabilidade do projeto, foi internamente desviada para o Agostinho Oliveira, que acompanhou sempre de perto o projeto e foi sugerindo novas dimensões de organização e de objetivos ao mesmo, criando novas dinâmicas de responsabilidade inexistentes até então (responsabilidades de comunicação, de acompanhamento individual, de disciplina, etc.).


1.2 – Adequação regulamentar
Não foi possível numa fase inicial, por constragimentos de comunicação interna entre as duas instituições, sugere-se que se possa melhorar neste ponto, para que (com uma melhor comunicação) se consiga ser mais célere na resolução dos problemas que vão surgindo.


● Desempenho Planeado X Desempenho Real

Competências Funcionais/Comunicacionais do projeto
Estabelecimento de funções e responsabilidades pelos diversos orgãos dos dois clubes, assim como estabelecer os meios de comunicação entre eles.


2.1 – Comunicação Interna entre os dois clubes
Este, foi o ponto menos claro do projeto, que foi assumindo durante a época momentos menos esclarecidos de papeis e de funções. Surgiram problemas de comunicação, essencialmente em três dimensões: Médicas, Disciplinares e Técnicas.

2.1.1 – Comunicação Médica
Estabelecer novos procedimentos, relativamente à comunicação dos lesionados, que tipo de tratamento, se fazem no Vizela ou em Braga, do tempo estimado de regresso, onde são avaliados (se em Braga – onde é que se dirigem?, ao 1º de Maio ou ao Axa - ou em Vizela, que por vezes, não tem os recursos humanos, nem materiais suficientes para cobrir as necessidades). É de salientar que durante a época desportiva em causa, o departamento clinico do Braga foi sempre inexcedível na forma como sempre respondeu aos problemas, estando somente em causa procedimentos e comunicação.

2.1.2 – Comunicação Disciplinar
Construção de procedimentos. Só se conseguiu agir disciplinarmente, com o Agostinho Oliveira, até então, não estavam criadas formas, não só de adequação regulamentar e de enquadramento, mas de comunicação entre os dois clubes.

2.1.3 – Comunicação Técnica
Estabelecer de forma mais formal os canais de informação. Por vezes os canais informais de ligação, nem sempre funcionaram, sugerindo-se assim, que se pense e se estabeleça novas formas de comunicação técnica a 3 níveis: na construção do plantel, no controlo semanal da atividade dos jogadores, e na ligação entre a formação do Braga e o Vizela.


● Desempenho Planeado X Desempenho Real
2.1.3.1 - Na construção do plantel
Na presente temporada, o Vizela teve 8 listas com diferentes jogadores, que pretençamente fariam parte do plantel. Com este facto, e tendo em conta que o Braga só emprestaria 8 a 12 jogadores, tornou a construção do plantel desequilibrada, já que, por vezes, teve-se 6 centrais na equipa e um avançado, derivado da forma um pouco avulsa como o plantel foi sendo construído.
Como sugestão, seria importante, que a informação de construção do plantel fosse mais partilhada.

2.1.3.2 – O controlo semanal da atividade dos jogadores
Estabelecer canais mais formais de transmissão desta informação (para maior controlo e gestão das necessidades das duas equipas). O canal informal – relação dos treinadores principais da equipa satelite e do Braga - tem que continuar a existir, mas precisa ser centralizada e dinfundida aos outros orgãos (por vezes, a informação que era dada ao departamento de futebol do Vizela, pelo Braga, nem sempre convergia com aquela que era a informação que tinha sido combinada entre os dois técnicos).

2.1.3.3 - Ligação entre a formação do Braga e o Vizela
Teria sido importante, no inicio da época, ter havido alguma informação relativa aos jogadores que iriam integrar o projeto da equipa satelite, de forma a enquadrar objetivos e competências instrumentais.


2.2 – Comunicação Externa do Projeto e o seu controlo

2.2.1 – Controlo e estratégia da informação individual dos jogadores
Aquando solicitados para entrevistas, os jogadores do Braga solicitavam autorização ao seu clube de origem, mas nem sempre houve uma preocupação de estabelecer uma imagem enquadrada do jogador, com o projeto, e com o Braga (estas três dimensões – carreira individual, Braga e Vizela – nem sempre foram enquadradas de forma estratégica).

2.2.2 – Controlo e associação de imagem entre o Braga e Vizela
A este nível, houve aspetos positivos e negativos. Mais positivos para o Vizela e alguns menos positivos para o Braga.

● Desempenho Planeado X Desempenho Real
Competências instrumentais dos jogadores que estiveram inseridos no projeto

3.1 - Avaliação
Seria importante normalizar uma matriz de avaliação tridimensional:

- Avaliação Competências - avaliação individual que vai em anexo (exepto dos seguintes jogadores, por falta de dados: Aníbal Capela, Guilherme, e Nuno Valente);
- Avaliação por desempenho de objetivos desportivos;
- Auto-avaliação.
Desta avaliação é importante que resultem indicadores de desempenho.

3.2 – Comparação
Seria importante, comparar o resultado da avaliação com as espetativas que se tem para cada jogador, para se poder construir novos procedimentos de ação.


3.3 – Definição de caminhos
Mostrar caminhos para os jogadores, mapando competências e alinhá-las com a missão e os valores particulares da instituição.

Resultado do projeto e sugestões
● Não tendo acesso aos relatórios de avaliação, de projetos anteriores, não se teve um ponto de comparação, na elaboração do presente relatório. Neste sentido, estabelece-se, neste trabalho, pontos de análise futura para projetos similares.

O Objetivo geral foi, de forma parcial, alcançado, já que, muitos jogadores, tiveram melhorias significativas ao nível do seu desempenho, de intensidade, de capacidade de solucionar problemas de jogo e de entendimento de dinâmicas de grupos profissionais de futebol.

● Os resultados de alguns jogadores não foram tão consolidados ou avaliados, devido à sua presença assidua nos trabalhos da equipa principal (o que por si, se considera de muito positivo), ou porque foram emprestados a outro clube.

Ressalta-se, no entanto, em projetos futuros, a necessidade de redefinir estratégias – comunicação e de acção -, de considerar, as culturas diferenciadas dos dois clubes. É importante, igualmente, criar maior dinâmica de resultados, tendo para isso que defenir à partida os critérios e os limites de utilização dos jogadores que fazem parte do plantel.

A redefinição de competências, de capacitações, assim como a prédisposição das atitudes e comportamentos do próximo grupo, deveria estar sujeito a uma integração documental prévia.

A equipa técnica deveria ter estar sobre a alçada do Braga, para que o acompanhamento e discussão individual e coletiva se fizesse com uma orientação concreta, nestes projetos, não se pode responder às necessidades do Braga, do Vizela, do Moreirense, do Olhanense e do Leiria ao mesmo tempo, neste sentido, necessário se torna aumentar o numero de jogadores emprestados pelo Braga, assim como, maior ligação da sua equipa técnica (contratual) ao Braga. RUI MIGUEL DIAS (27 de Abril 2011)



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