BE de Vizela guarda luto por Miguel Portas

Comunicado



Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Vizela

Sirvimo-nos do presente email para o informar que decidiu a Direcção Nacional do Bloco de Esquerda e a Coordenadora Concelhia de Vizela de que enquanto decorrerem as exéquias funebres do nosso querido amigo e camarada Miguel Portas não teremos nenhum actividade politica.

Miguel Portas. Estamos com a alma de luto.

Entretanto Solicitava a Vossa Excelência o favor de colocar à apreciação da Assembleia Municipal uma proposta para um voto de pesar.

respeitosos cumprimentos











Voto de Pesar

Miguel Portas era um homem de discussões acaloradas,heroísmo à flor da pele, sempre com um enorme sorrisonot . Economista por empréstimo, foi sempre jornalista epolítico por vocação. Com a vertigem dos anos finais da ditadura, entrou na UECe foi escolhido para a sua comissão central em 1974. Do PCP sairia em 1989,quinze anos depois e sem mágoas, sempre respeitador dessa vida militante.Entretanto, foi animador cultural na Câmara de Ourique e na serra algarvia.Aprendeu o trabalho local, a importância da cultura e da comunicação popular.Tornou-se jornalista, lançou a revista "Contraste" em 1986 e fez delaum ícone da cultura à esquerda. Foi depois jornalista do "Expresso",a partir de 1988, e editor internacional da sua revista até 1994.

A partir de 1995, fez aquilo de que mais gostava, criou umjornal em que podia agir com as suas próprias escolhas. O "Já" foiessa aventura, depois a "Vida Mundial". Fez a cobertura da queda doregime da Roménia, onde sentiu o cheiro do 25 de Abril e os riscos do que aívinha. Com jornalistas, amigos, gente de talento e de vontade, inventoujornalismo, fez actualidade, lutou pelas ideias, convidou opiniões. Que faltaque faz um jornal como esses.

Escreveu três livros:“E o Resto é Paisagem” (2002), “No Labirinto”, sobre o Líbano (2006) e“Périplo”, sobre as histórias do Mediterrâneo, com Cláudio Torres (2006). Comosempre lembra o Inimigo Público, o suplemento satírico do Público, a suaprofunda ligação ao Médio Oriente levava-o a interessar-se pela suagastronomia, pelo cinema, pelas lendas, pelas histórias, pelos partidos, pelasguerras e pela paz. Tomou posição. Arriscou-se. Falou com todos. Atravessou oLíbano debaixo de bombardeamento israelitas. Defendeu energicamente o povopalestino. Juntou-se às vozes dos movimentos de paz em Israel.

Viveu a vida intensamente e com gosto. Foi dirigente doBloco e eurodeputado até ao último momento. Incentivou-nos da cama do hospital.Combinou a sua viagem que faltava, à Birmânia, e que nunca fará. Despediu-sedos filhos.

Viveu connosco e nósvivemos com ele. Perdemo-lo e não o esquecemos.

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