Homenagem a Cónego Manuel Faria - 6 junho

Foi um dos maiores compositores de sempre de música sacra e foi ensaiador do Grupo Coral de S. João das Caldas. Autor do célebre cântico de Fátima, "Senhora Nós Vos Louvamos"
Faleceu em 1983.


O Núcleo de Braga da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, em colaboração com o Seminário Maior de Braga, organiza uma homenagem ao compositor Manuel Faria, no âmbito das comemorações do 30º aniversário da sua morte. O tributo tem lugar no próximo dia 6 de junho, às 21h30, no Auditório S. Tomás de Aquino, na Faculdade de Teologia de Braga (Rua de Santa Margarida).
Manuel Faria, cónego e compositor bracarense, nasceu em 1916, tendo-se especializado em órgão, canto gregoriano e composição sacra. Foi ensaiador, dinamizador de coros (entre eles o de S. João das Caldas/Vizela na era do pároco P. Albano da Silva Freitas) e compositor de músicas sacra e de câmara, definindo-se como responsável por uma profunda renovação na música litúrgica dos meios paroquiais do norte do país.
A iniciativa é marcada por uma conferência proferida por Jorge Alves Barbosa, seguida de um concerto pelo grupo Cappella Bracarensis. A entrada é livre.


MANUEL FARIA - 1916 - 1983

Cónego e compositor bracarense nascido em 1916, Manuel Faria iniciou os estudos musicais no seu tempo de seminarista. Assimilou, desde cedo, modelos alternativos aos cânones de harmonia e composição e exibiu com êxito, nos meios académico-musicais religiosos, composições de sua autoria consideradas extemporâneas para a época.

Em 1939, a arquidiocese de Braga apoiou o jovem seminarista, enviando-o para o Pontificio Istituto di Musica Sacra, em Roma. Depois da Segunda Guerra Mundial, conseguiu concluir a sua formação em órgão, canto gregoriano e composição sacra como bolseiro do Instituto de Alta Cultura. O Seminário de Braga aguardava o regresso do compositor presbítero para desempenhar as funções de professor de música. Contudo, ainda em 1945, Manuel Faria deu a conhecer obras de sua autoria interpretadas pelo Coro da Rádio Roma, num concerto que obteve bastante reconhecimento por parte da imprensa musical italiana.

A enorme apetência para o conhecimento de novas experiências e a sua passagem por Paris, no regresso a Portugal, tornaram-no admirador dos compositores franceses de meados do Século XX.

Manuel Faria soube incutir um espírito de renovação nos meios paroquiais do norte do país, já que a música, tal como afirmava, "antes de ser litúrgica tem que ser música". Assim, ensaiou canto gregoriano na Sé de Braga e foi dinamizador de coros litúrgicos sem nunca ter descurado a faceta de compositor, tanto para música sacra como para música de câmara. Em 1949, o autor dos "cânticos litúrgicos" preparou no Palácio de Cristal, no Porto, um concerto por si dirigido, inteiramente dedicado à apresentação das suas obras, desde motetes "em estilo moderno" até às obras consagradas a coro e orquestra de câmara.

A sua música foi conhecida na Áustria, país onde esteve durante algum tempo, tendo sido gravada pela rádio de Viena, em 1956, a Missa em Honra de Nossa Senhora de Fátima. Também o maestro Frederico de Freitas levou a sua música sinfónica para Baía e Recife, no Brasil.

Em 1961, Manuel Faria tornou-se bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, estabelecendo-se novamente em Itália para aprofundar estudos na área da Composição e proceder à divulgação da sua obra.

Manuel Faria foi o responsável pela criação da Semana de Música Sacra em Braga e da Nova Revista de Música Sacra. Em 1972, recebeu o 1º Prémio do Concurso Nacional de Carlos Seixas.

No que diz respeito à música de cariz profano, saliente-se as obras compostas sobre poesia de Antero de Quental e de Fernando Pessoa. Manuel Faria escreveu ainda uma ópera em dois actos, nunca estreada, na ocasião do 9º Centenário da Conquista de Coimbra aos Mouros.

Em 1983, foi agraciado com o grau de Comendador de Santiago de Espada.


Ana Cristina Brissos

OBRAS




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