Diabetes é a principal causa de cegueira na população ativa

Os rastreios oculares organizados pelo sistema nacional de saúde, não devem ser confundidos com outros “rastreios” visuais. Estes servem normalmente para o diagnóstico de erros refrativos e prescrição de óculos, não estando vocacionados para o diagnóstico da maioria das patologias oculares e muito menos da retinopatia diabética.

A retinopatia diabética continua a ser uma das complicações mais frequentes desta doença e uma das mais temidas pelos doentes, pois pode levar à perda de um dos sentidos mais nobres do ser humano: a visão, a SPO reforça a importância do controlo regular dos olhos dos diabéticos para um diagnóstico precoce das alterações oculares associadas à diabetes, o que permite um encaminhamento atempado dos doentes que necessitam de tratamentos diferenciados e se traduz em melhores resultados visuais para o diabético.

Segundo dados do Observatório Nacional da Diabetes, existem cerca 1 milhão de diabéticos em Portugal, entre os 20 e os 79 anos de idade, 44% dos quais não diagnosticados (doentes que não têm a noção que sofrem desta doença). A diabetes já é considerada a primeira pandemia do século XXI e um dos mais sérios problemas de saúde pública dos tempos modernos. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, estima-se que em 2013 existissem 382 milhões de diabéticos, o que corresponde a cerca de 8.3% da população mundial. Prevê-se um rápido crescimento nos próximos anos e, se nenhuma ação for desenvolvida contrariar esta tendência, dentro de 25 anos o número de diabéticos no mundo rondará 600 milhões, cerca de 10% da população mundial. Infelizmente, Portugal com 13%, tem uma das taxas mais elevada de prevalência da diabetes na Europa.

A nível ocular, a complicação mais frequente da diabetes é a retinopatia diabética, que continua a ser a principal causa de cegueira na população ativa do mundo ocidental. De acordo com a OMS, é responsável por 5% das causas de cegueira no planeta, pelo que é fundamental o seu conhecimento e prevenção.

Segundo o Prof. João Figueira, Coordenador do Grupo Português de retina e Vítreo da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, “para evitar o aparecimento, bem como a progressão da retinopatia diabética, é fundamental promover hábitos de vida saudável, com exercício físico regular, abolição de hábitos tabágicos, sendo fundamental um bom controlo da diabetes, da tensão arterial, da ficha lipídica”. João Figueira afirma ainda que, “apesar de poder levar à cegueira, esta doença é muitas vezes assintomática, pelo que o doente não se apercebe da gravidade das suas lesões oculares. Por esse motivo, é capital uma consulta regular com o oftalmologista que deve ser feita pelo menos uma vez por ano”.

CATARINA FAUSTINO


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