JÚLIO BRITO: «O 5 de agosto ainda está bem vivo na memória dos vizelenses»

Júlio Brito (na foto) é o vizelense que mais se tem empenhado na divulgação duma das mais marcantes datas da restauração do concelho de Vizela, o 5 de agosto de 1982 dia em que se registaram grandes confrontos entre forças da ordem e os vizelenses a propósito da retenção de uma composição da CP na estação local. É proprietário de um café que se denomina precisamente "5 de agosto" e fundou há dois anos uma associação com o mesmo nome e à qual preside. Este ano melhorou significativamente as comemorações destacando-se um monumental cortejo alusivo à data histórica.


ddV - Que balanço é possível fazer nesta altura das comemorações do 5 de agosto do presente ano?
JÚLIO BRITO - O balanço é sem dúvida positivo! Embora no que a contas diz respeito ainda é muito prematuro falar, contudo à imagem do que aconteceu o ano passado, oportunamente e com a maior brevidade possível, serão publicadas nos diversos meios de comunicação social local. Só temos uma forma de estar no associativismo e é com esta transparência e lisura que nos iremos continuar a vincar.

- O cortejo correspondeu às vossas espetativas?
- A Associação da Comissão de Festas do 5 de Agosto de 1982, não querendo desvalorizar o importante contributo dos espetáculos musicais, e aqui aproveito mais uma vez para agradecer à Banda Aleziv e ao Dino Freitas pelo importante contributo que deram a estas comemorações, ambos de forma gratuita, não poderia deixar de dar mais ênfase este ano aquilo que prometemos o ano passado e ao que essencialmente consideramos ter sido o momento mais alto das comemorações ou seja o Cortejo alusivo à data cujos 35 anos se comemoram. Foram dias e semanas de muito trabalho de muita especulação interna de muito receio quanto à envolvência e adesão do Povo Vizelense. Abrimos inscrições com cerca de um mês de antecedência e a poucos dias do Cortejo tínhamos somente cerca de 10 inscrições para participação no mesmo, é óbvio que com tanto trabalho e investimento começou a surgir como que um pouco de revolta interna pela eventual falta de pessoal e a consequência desastrosa que poderia ter no cortejo, um sentimento partilhado entre todos nós, contudo uns com mais sangue frio e mais habituados a estas andanças, tentaram fazer ver aos outros que tínhamos feito um bom trabalho, e que não poderíamos obrigar as pessoas a participar, e caso acontecesse só demonstraria que afinal o 5 de Agosto estava a ficar apagado da memoria do Povo Vizelense. Pessoalmente, e reconhecendo o Povo Bairrista que existe na nossa terra, acreditei sempre que na hora tudo sairia bem, o que efetivamente penso ser uma opinião unânime nesta altura, pois o Povo Vizelense.

- O povo aderiu às comemorações?

- Sim. Mais uma vez o povo apareceu nas ruas, participou no cortejo, esteve presente em massa nos espetáculos musicais do inicio de noite, demonstrando que efetivamente esta data ainda está bem viva na memória deste povo de luta, de salutar ainda que efetivamente começamos a chegar aos mais jovens e a chamá-los para estas coisas, tivemos um carro alegórico que tentava imitar a assembleia da república, onde tivemos imensos jovens nas “galerias” a interagir e a gritar Vizela é assim e luta até ao fim, assim como jovens apeados que demonstra efetivamente que estamos a conseguir passar a mensagem, para que haja sempre quem dê continuidade a projetos desta natureza, e não deixe morrer uma data como esta, que foi a par de outras formas de luta, uma das mais importantes para a conquista da autonomia administrativa 16 anos depois.

- E o futuro?

- Somos uma associação ambiciosa, composta por elementos dedicados e naturalmente que vamos tentar projetar ainda mais esta data e estas comemorações, vamos tentar durante o ano organizar mais iniciativas que chame o povo que viveu isto, os que ainda eram pequeninos e aqueles que só ouviam falar do 5 de Agosto, para nós e tentar fundamentalmente envolver cada vez mais os jovens para que esta parte pequenina, mas de grande valor, na história da nossa Cidade jamais seja esquecida e que quem sabe a par do cortejo do ano 2018, não seja possível criar um teatro de rua nos diversos locais onde neste dia foram feitas barricadas e onde aconteceram diversas situações de pânico, de desespero mas também de euforia, e onde foram tomadas decisões importantes dos homens da linha da frente. Ficam as ideias no ar, na certeza de que tudo faremos para trazer à rua em cada 5 de Agosto de cada ano que virá, uma situação nova ou melhorar as que já vieram, o caminho faz-se caminhando, e na certeza que depois do que vimos neste 5 de Agosto, teremos certamente cada vez mais o apoio fundamental do Povo Vizelense, este Povo Bairrista e que ama a sua terra acima de tudo estando connosco, tudo sairá cada vez melhor e com naturalidade!
Vizela é Assim e Luta até ao Fim! Obrigado Vizelenses!


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