RÓMULO CAMPANTE


 (O eng. Adelino Campante, sobrinho do médico Rómulo Campante, escreveu para o ddV o texto que se segue sobre o seu tio).


No tempo em que Manuel Faria foi provedor da Santa Casa da Misericórdia, começaram a ser realizadas intervenções cirúrgicas no Hospital Concelhio de Vizela. Da equipa cirúrgica fizeram parte o Dr. Francisco Freitas Pereira como cirurgião, o Dr. Rómulo Esteves Campante como anestesista e o Dr. António Pinto como médico assistente.
Nas décadas de 50, 60 e parte de 70 foram realizadas centenas de operações. O meu tio Rómulo Campante trabalhou muitas vezes a título gratuito na assistência que prestava aos doentes.

Foi também médico dos Caminhos de Ferro e a zona abrangida era a da linha de Guimarães (troço Lousado a Fafe).

Dr. Rómulo oficial médico no princípio dos anos 40 nos Açores.

O meu tio cumpriu o serviço militar como médico no princípio doas anos 40 e foi mobilizado para os Açores na célebre Campanha do Ananás. No tempo da II Guerra, os Açores tinham grande importância estratégica e eram cobiçados tanto pelos alemães como pelos ingleses e americanos. Houve o risco de haver lá um desembarque. Para obstar a isso o Salazar enviou para lá um contingente de tropas e negociou a cedência de bases em Santa Maria e Terceira. Foi nessas circunstâncias que o meu tio foi lá parar.

Quando chegou a Vizela não havia qualquer tipo de assistência médica gratuita à população. Então conseguiu montar o primeiro Posto Médico das Caixas de Previdências. Teve que fazê-lo no seu consultório na esquina da Abílio Torres com a rua Joaquim Pinto. Teve que dar formação a uma antiga empregada para trabalhar como enfermeira. Naquele tempo não havia cursos de enfermagem e os enfermeiros eram meramente práticos. Assim era também no Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Vizela em que, nos primeiros tempos, os serviços de enfermagem eram prestados pelas irmãs de caridade (freiras).

Posteriormente, mediante a admissão de mais pessoal, o Posto Médico foi montado no edifício onde tinham sido os Banhos do Paulino, na esquina da Rua da Rainha com a Praça da República (Lameira) em Vizela.



A assistência médica nos referidos postos era apenas para aqueles que descontavam para a Previdência e familiares. Ficava de fora uma larga camada da população nomeadamente aqueles que viviam da agricultura. Para esses foram criadas as Casas do Povo.

Assim em Vizela foram construídos especificamente para essa finalidade, na Avenida Eng.º Sá e Melo, os dois edifícios da Casa do Povo e o antigo Posto Médico das Caixas de Previdência Social. Foi nesse edifício que o meu tio passou à reforma.
Faleceu no dia 31 de dezembro de 1987. Foi sepultado no cemitério de S. João das Caldas-Vizela.






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