JOSÉ ANTUNES: Somos o clube mais ecléctico do Concelho de Vizela

O Grupo Desportivo Jorge Antunes celebre este sábado à noite (Gala 40 anos, a decorrer na Casa do Park), quatro décadas de atividade ininterrupta. José Bento Antunes (na foto) é o presidente desta
coletividade vizelense desde a sua fundação que movimenta em nove modalidades mais de 200 atletas tendo conquistado duas Taças de Portugal em futsal, e uma conquista europeia entre outros títulos. O ddV foi ouvi-lo para um balanço a tantos dias, tantas horas de canseiras em prol da divulgação do desporto, primeiramente do futsal, que começou numa equipa de amigos num torneio.


ddV - Acreditava, quando iniciou esta caminhada desportiva, que chegaria a festejar 40 anos de atividade ininterrupta no hoje DJA?
JOSÉ ANTUNES - Nunca me passou pela cabeça, estes 40 anos tiveram várias fases, mas quando mudou para o nome do Jorge, nunca mais paramos.

- Recorda-se bem como tudo começou? 
- Sim, perfeitamente. Foi num torneio de futsal de verão em Vizela, organizado pelo PROJECTO, cuja organização pertencia ao Prof. António Bastos, e o nome que demos à nossa equipa era a inicial do nome de cada atleta. No torneio seguinte fomos à minha casa, pedir ao meu pai para nos patrocinar, e aí o nome da equipa passou para Grupo Desportivo da LASA, em que oficializamos (legalmente no Diário da Republica).

- E depois?
- Mais tarde quando os meus pais criaram a Fundação Jorge Antunes, nós alteramos o nome para Grupo Desportivo Fundação Jorge Antunes, que foi um grande erro porque a maioria dos vizelenses começaram a ver-nos como um grupo privado, e que a Fundação Jorge Antunes, era quem tinha por obrigação em nos patrocinar.


- Foram prejudicados por isso?
- Sim. Nesse período fomos muito prejudicados, porque foi uma época que estávamos a ganhar muitos títulos e não eramos reconhecimento em Vizela, ou melhor, sempre fomos mais reconhecidos e homenageados a nível Nacional, mais do que na própria terra. Por causa dessa falta de reconhecimento, o clube viu-se obrigado a mudar uma vez mais de nome, passando desta forma para Associação - Desportivo Jorge Antunes.

- Digamos que o Grupo Desportivo da Lasa, nasce numa altura em que o futebol de salão tinha grande expressão em Vizela. Acreditou aí que esta modalidade tivesse futuro e o protagonismo nacional que colheu nos últimos anos?
- Nessa altura nem se pensava em Nacionais, nós nos torneios ganhávamos tudo, em Vizela, Fermentões, Vilarinho, Burgães, etc., chegávamos a sair de um jogo e íamos equipados para outro jogo. Depois é que aparece a F.P.F.S. (Federação Portuguesa Futebol de Salão) e a A.F.S.M. (Associação Futebol Salão Minho). Depois de muito batalhar, e nós juntamente com outros clubes, conseguimos revolucionar e passar para a F.P.F.. Foi quando entramos na 2.ª Divisão Nacional e subimos à 1.ª Divisão Nacional, no ano seguinte.

- Quando decidiu ter uma equipa de futsal muito perto do nível de um Benfica e Sporting?
- Há decisões que são tomadas naturalmente, e por acréscimo porque somos um clube com ADN vencedor. Quem revolucionou o Futsal fomos nós e o Freixieiro e só depois apareceram outros clubes, e que vieram desestabilizar por completo a modalidade, com o dinheiro fácil da Capital… dava para tudo, e quem ficou a ganhar com isto foram os jogadores.

- Quais foram as maiores alegrias que recebeu no futsal?
- Tantas, mesmo muitas. As duas Taças de Portugal e os Títulos Nacionais nas camadas jovens. De qualquer maneira não podemos esquecer, nunca, a Supertaça que nos foi “roubada” contra o Sporting C.P. e dois Campeonatos que nos “roubaram” em duas meias-finais. É muito complicado quando se joga com equipas da capital porque os emblemas deles vendem e movimentam muitas coisas esquisitas.
Taça europeia.

- Qual o título que lhe deu mais gozo conquistar?

- No nosso museu temos títulos mais importantes, mas destaco as duas Taças de Portugal, e em especial a que vencemos contra o Sporting C.P. Mas todos os títulos são sempre especiais.

- Pode quantificar o número de atletas que nestas quatro décadas envergaram o emblema do seu clube?
- Foram milhares de atletas que passaram pelo clube. Umas das minhas mágoas foram os atletas que passaram e que tiveram aqui muitos anos e nem sócios são, nem passam pela sede, nem comparecem a nenhuma das nossas iniciativas desportivas ou culturais. O mesmo penso dos fundadores, que nada fazem pelo clube. Há mais marés que marinheiros e o clube não pára, este clube é apetecível e tem demonstrado isso ao longo do tempo. Por isso, é que nem me esforcei muito em seleccionar, os que por aqui passaram, para convidar para o nosso aniversário.
Jorge Antunes

- O seu falecido irmão Jorge também era apaixonado pelo desporto. Acha que poderia ser um seu substituto na presidência e influente no desenvolvimento do Clube?
- O Jorge gostava de desporto, mas acho que se ele estivesse vivo, talvez não tínhamos chegado onde chegamos. Porque ao colocarmos o clube com o nome dele, nos momentos mais difíceis da gestão do clube, sentimos uma obrigação de continuar o projeto ou trajeto desportivo. Ou, por sua vez, se calhar, até poderíamos estar melhores ou maiores, se ele ainda estivesse cá.

- E como define o papel do seu pai, Armando da Silva Antunes, em todos estes anos dedicados ao desporto?
- Ele é o maior "culpado" pois foi quem nos apoiou em 1979, e depois só foi preciso continuar com o trajeto desportivo. O meu pai gosta e apoia o desporto amador. Não tem um papel interventivo, mas sentimos que confia no nosso trabalho, pois também o clube lhe tem demonstrado isso.

- Quando é que você resolve que o seu clube não pode ser só o futsal e  abarca outras modalidades?
- O clube neste momento tem 9 modalidades e cerca de 230 atletas. Após termos abdicado da nossa equipa sénior masculina, que competia nos Campeonatos Nacionais, e após verificarmos que as ofertas desportivas, para os jovens vizelenses, eram reduzidas, assim, decidimos que seria uma boa aposta, proporcionar a diversificação de modalidades aos nossos jovens. E assim, actualmente somos o clube mais ecléctico do concelho de Vizela e um dos maiores do distrito de Braga.

- Que objetivos traçou para essas modalidades?
- Os objetivos são sempre os mesmos, ninguém exige nada mas têm e são obrigados a dignificar a camisola, o emblema e a terra que representamos. Os títulos vêm sempre por acréscimo. Mas é claro que, queremos sempre títulos, isto porque nos identificamos como um clube vencedor. Quem quiser introduzir uma modalidade no clube, tem que apresentar sempre um projeto a longo prazo, e tem que ser auto-sustentável, numa grande percentagem.

- Qual é o património do DJA?
- Já temos um património considerado para a nossa dimensão:
temos uma sede social espectacular, estamos a gerir 2 pavilhões e temos um parque automóvel invejável que conta já com 4 carrinhas e 1 mini-autocarro. A sede para além da excelente esplanada, tem 2 salas de convívio, e tanto funciona como café, como com o serviço de refeições, tem o Museu “Armando da Silva Antunes” e que o mesmo está-se a tornar muito pequeno, tem a secretaria com sala de reuniões e vai ter agora uma sala com bancada, para lá colocarmos uma playstation;

- Que dirigente o mais marcou?
- Não quero de forma alguma individualizar ninguém, porque tenho a felicidade de estar rodeado por muitos e bons Diretores. Mas claro que há bastantes ex-Diretores que fizeram um excelente trabalho em prol do clube e actuais Diretores que têm tido um papel significativo e muito importante da projeção do clube.
Não me canso de dizer, que reconheço que nos últimos anos temos uma excelente equipa de trabalho e de uma forma ou de outra, o clube tenta os compensar de alguma maneira.

- Que atleta o mais marcou?
- Continuo a não querer individualizar ninguém. Mas foram muitos os jogadores que me marcaram. Houve, jogadores que representavam com muito amor o clube. Mas é injusto eu dizer uma dúzia de nomes e ficar outras dúzias por dizer.

- Qual foi a melhor equipa de futsal de sempre que teve?
-  Tivemos muitas boas equipas em determinadas alturas da história do DJA. Desde do Futebol Salão ao Futsal. Equipas essas que dava gosto e gozo ver jogar. Temos a equipa que ganhou a Taça dos Campeões Europeus e as duas que ganharam as 2 Taças de Portugal que saliento.

- Como define as equipas atuais do DJA?
- Neste momento só em futsal temos 9 equipas e tivemos para fazer equipas “B” em alguns escalões, isto porque o pior que me pode acontecer é no início da época as equipas técnicas me dizerem que vão ter de dispensar atletas da nossa formação.
Atualmente, as equipas estão a portar-se bem, com uma atenção especial para os dois escalões que estão nos Nacionais, que têm que como objectivo se manter no escalão máximo, o caso das Seniores Femininos que espero subam à 2ª Divisão Nacional e dos Seniores Masculinos que parece já não terem hipóteses de subir.

A nossa secção de Desportos de Combate, cuja mesma alberga as modalidades de Kung Do Te, MMA e Luta Livre Olímpica, tem desenvolvido um excelente trabalho, e os resultados estão à vista. Temos atletas com títulos nacionais, europeus e até mundiais. O mesmo acontece com a secção de Ténis de Mesa, que conta apenas com o segundo ano no DJA, e os títulos já são bastantes de carácter regional e atletas bem classificados no ranking Nacional.

O BTT Downhill, também tem demonstrado uma continuidade na obtenção da conquista de títulos Regionais e sempre com excelentes prestações nas provas Nacionais. O Airsoft tem tido sempre boas prestações nas provas em que participam. No Bilhar este ano demos um relançar ao projecto. Já nos Matraquilhos, uma aposta também do clube, somos Tri-Campeões Distritais e este ano alcançamos a dobradinha Nacional, isto é o título de Campeões Nacionais e a Taça de Portugal.

- Em suma, quantas e que tipo de modalidades integra o DJA?
- Temos 9 modalidades, Futsal, BTT Downhil, Kung Do Te, MMA, Luta Livre Olímpica, Matraquilhos, Airsoft, Ténis de Mesa e Bilhar, num total de cerca de 230 atletas

- É Presidente desde a fundação, nunca pensou deixar esse cargo?
- Já, por várias vezes, e por diversas razões. Houve alturas em que nós pedíamos ajuda e ninguém reconhecia o nosso trabalho, ninguém nos dava o devido valor.
O que me faz ainda estar cá, é o grupo de trabalho que temos, que é espetacular e isso tira-me a mim trabalho. Estamos mais profissionalizados. Mas não estou agarrado ao lugar, se tivesse que sair dava já dois nomes da minha inteira confiança.

- Quem?
- Não vou dizer agora.

- Teve sempre pessoas disponíveis para integrar os órgãos sociais?
- Pessoas há sempre. Claro que têm de ser sócios, têm de gostar do DJA, têm que sentir este clube, e têm que estar disponíveis para ajudar.

- Pensa regressar ao campeonato da I Divisão em futsal?
- O mais rápido possível, e sem as loucuras do passado. Temos em mente, ter uma equipa de jogadores formados no clube. Esta F.P.F. tem feito um bom trabalho e neste momento os clubes podem receber muito dinheiro, consoante a sua posição na tabela classificativa.

- Olhando para trás diz que tudo valeu a pena?
- Olho para traz e os títulos falam por si.

- Houve algo que fez e hoje não faria?
- Hoje não tinha acabado com a equipa sénior, tinha mudado o sistema de profissional para amador e com grande parte de jogadores da casa;

- Que apoios dispõe para assegurar o orçamento que todas as modalidades exigem?
- Temos diversos apoios que ajudam a controlar o orçamento, cada modalidade tem os seus patrocinadores e além disso temos tido apoio da Câmara Municipal de Vizela, da Fundação Jorge Antunes, algumas verbas mensais de firmas patrocinadoras, as nossas iniciativas, como o sorteio que fazemos de 2 em 2 anos, como os eventos que fazemos na sede, etc.. Não podemos esquecer que a C.M.V. ao mudar os critérios de atribuição dos subsídios de apoio ao desporto, o nosso apoio passou a ser mais realista em função da nossa actividade. Pena é, estes moldes não serem implementados há uns anos a traz porque eram mais juntos e transparentes.
É é de louvar o trabalho que o Dr. Victor Hugo Salgado está a fazer tanto no desporto como pela na nossa terra.

- Acha que o DJA já recebeu todas as distinções devidas ou falta alguma?
- Distinções? Só temos recebido Votos de Louvor e são a quase todas as semanas. Mas a maior distinção e única no Concelho de Vizela foi da Confederação do Desporto Nacional, e essa está no nosso Museu.

- Como vai ser a Gala dos 40 anos?
- Vai ser uma Gala simples. Vão praticamente todos os atletas do DJA. Vão muitos pais dos atletas e convidados. Durante o jantar vamos ter um músico com violino, depois vai ser a parte dos discursos, no fim dos discursos entra o Tiago Bettencourt e para terminar vamos ter a dupla de DJ’s Gordilho e Manfrini.

- Que organismos e individualidades vão estar presentes na Gala?
- Além do nosso Presidente da C.M.V. Dr. Victor Hugo, vai estar o Secretário de Estado do Desporto Dr. João Paulo Rebelo, foram convidados os vereadores da CMV, os presidentes das Juntas de Freguesia de Vizela, o Presidente da A.F. Braga Sr. Manuel Machado, o Presidente Ajunto F.P.F. Dr. Pedro Dias, e estamos à espera da resposta do Presidente da F.P.F. Dr. Fernando Gomes, e do Seleccionador Nacional Jorge Braz que já é da nossa casa, entre muitos convidados.

- A seguir a si qual é o nome mais alto do seu clube?
- Todos que fazem parte dos Órgãos Sociais são importantes, há sempre um ou outro que se destaca.

- Depois destes 40 anos quantos mais deseja para o DJA?
- Desejo outros 40 anos de sucesso. Queremos continuar a investir nas infraestruturas do clube, que nada falte aos atletas e ter as melhores condições. Já somos considerados o clube com melhores condições e queremos continuar a ter essa fama. Temos que ter condições para formar bons atletas.

- Que pensa fazer no futuro?
- Gostava de fazer uma Academia DJA.

- Se voltasse atrás fazia o mesmo percurso em prol do desporto?
- Sim, a única coisa que alterava era nunca ter deixado sair do DJA o andebol. É uma modalidade que a curto prazo vai regressar ao clube. Estamos a trabalhar para criar em primeiro lugar as infraestruturas.

- Diga uma palavra ou frase que simbolize todos estes 40 anos?
- Amor, dedicação, suor e lágrimas
A vencer desde 1979, muito mais do que um clube.
DJA SEMPRE.

ddV
Fotos: Eusébio Oliveira

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