Fernando Gomes diz que é preciso escolher bem no futuro diretores, treinadores e outros agentes desportivos

"Vivemos o tempo do impensável. O presente desafia-nos e ao olharmos para o futuro já não alcançamos o que antes parecia certo. O futuro do futebol, lamento dizê-lo, não está garantido. O futebol,
durante muitos anos, parecia o centro da vida para muitas pessoas, mas, não aligeiremos as palavras, já todos percebemos que não é", disse.

De acordo com Fernando Gomes, perante um paradigma inteiramente novo, o futebol tem de partir para a construção de um novo caminho.

"O futebol, como a própria sociedade, tem vivido num modelo económico e comunitário estruturalmente baseado na velocidade das interações. Temos pensado de menos no amanhã", salientou.

Fernando Gomes considera ser importante diversificar fontes de financiamento no futebol nacional, salientando que os orçamentos dos clubes não podem estar dependentes das participações nas competições europeias.

"A venda dos direitos televisivos de uma liga forte e competitiva para outros países, hoje financeiramente inexpressivos, poderá ajudar-nos a posições equilibradas. Procuraram defender o seu setor, sem esquecer as dificuldades globais do futebol", referiu.


Na opinião do presidente da FPF, é preciso também "fazer mais, construir provas desportivamente rentáveis, socialmente relevantes e economicamente viáveis", disse.

No artigo, Fernando Gomes chama a atenção para a necessidade de se introduzirem critérios mais exigentes na construção dos projetos desportivos.

"Escolher bem diretores desportivos, treinadores, jogadores. Ultrapassada esta conjuntura extraordinária, teremos de evitar as trocas constantes de recursos humanos ao primeiro sinal de que as coisas não correm conforme o planeado. A persistência, a resiliência e o trabalho coletivo dão resultados", disse.

Fernando Gomes lembrou que existem dois mil clubes que competem em Portugal e um número semelhante de jogadores profissionais.

"O futebol representa 0,25% do PIB português de acordo com um estudo recente. Estes são dados e números que obrigam a reflexão séria e ponderada. Será que o futebol português, com a dimensão que o país tem, é capaz de garantir aos jogadores cerca de dois mil empregos de qualidade? Não podemos permitir que se vendam ilusões a jovens. Temos o dever de os proteger, criar mecanismos que lhes permitam tomar as melhores decisões e tornar óbvia a diferença entre profissional e amador", disse.

Partilhar