"5 de Agosto de 1982"

Centenas de agentes da GNR abriram fogo das 11 chaimites que estacionaram junta à Passagem de Nível com guarda da rua Dr. Abilio Torres. Usaram gás lacrimogénio, balas de borracha e balas reais. O povo de Vizela respondeu desarmado. Na estação da CP estava retido um comboio como forma de luta de Vizela. Que as forças da (des)ordem acabaram por fazer circular.  
Foto cedida por Adelino Campante.

Da luta de rua das gentes de Vizela, o 5 de Agosto de 1982 firma-se como uma das maiores bandeiras. Em Vizela desencadeou-se uma batalha campal que terminou com cerca de meia centena de feridos, alguns com gravidade como foi o caso de um jovem de Moreira de Cónegos que foi atingido no pescoço por uma bala quando passava.


Ao final da tarde a GNR logrou levar da CP a composição férrea que ali estava retida com os carris contorcidos pelos braços dos vizelenses nos dois sentidos. Era a legítima revolta de um povo contra aqueles que pretendiam transformar um estado democrático em «merdocrático».

População levanta carris
Durante a noite os vizelense usando meios artesanais (garrafas com gasolina e canas de foguete) puseram em fuga os invasores.

FERIDOS
5 de Agosto de 1982
A CP procede à recolocação da via férrea, mas os sinos começam a tocar a rebate, apelando à concentração do povo. Os vizelenses impedem a reparação da linha. Os funcionários da CP utilizados nos trabalhos são apedrejados. A GNR chega ao local. Há confrontos. O balanço final é trágico: 20 feridos (3 militares da GNR). Os vizelenses feridos foram atendidos no Hospital de Vizela. Os feridos foram os seguintes: Carlos Alberto Freitas, de 21 anos, que apanhou com uma bala no pescoço e foi internado em estado grave no Hospital de S. João no Porto, vindo a salvar-se. António Abreu, com chumbo numa coxa; Laurinda Mendes, com crise anginosa, provocada por gases lacrimogéneos; Avelino Costa, com perfurações provocadas por chumbo; José Maria Mendes da Costa, com intoxicação e ferida incisa na região frontal; Maria Helena Pereira com intoxicação; Mário Augusto Teixeira, com escoriações diversas; António Silva Pinto, com bala alojada num braço; Jaime Anjos Andrade, com bala na cabeça. A estes cidadãos juntaram-se mais 30 feridos ligeiros que ficaram por identificar devido à precipitação doa acontecimentos.

O 5 de Agosto de 1982 continua bem vincado na memória de todos, sendo todos os anos recordado como uma das páginas mais sombrias da luta de rua do povo de Vizela pela sua independência administrativa. O tempo e políticos sem rabos de palha dar-lhe-iam razão.


RECIBOS DA ÁGUA
Carta do cobrador da água municipal António Cunha enviada à Câmara de Guimarães.





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