Conceição Lima nos Rotários a falar da arte de ser professora e madrinha dos poetas


Conceição Lima foi a convidada, do Rotary Club de Vizela na habitual reunião deste clube vizelense que aborda assuntos e pessoas relacionadas com a comunidade.

Ainda não tendo sido possível, ao fim de um ano, o Rotary Club de Vizela prestar-lhe a merecida homenagem de Profissional do Ano 2020, cerimónia que teria lugar no mandato de Xavier de Freitas e aguarda data no atual mandato presidencial de Carlos Martins, face às contingências que o País atravessa, foi, nesta quarta feira oportuno ter em reunião em formato digital as palavras da conhecida professora e apelidada de "madrinha dos poetas".


SER PROFESSORA

 Na reunião da passada quarta, onde se falou da professora e demais facetas da mulher, com testemunhos de familiares, da personalidade reconhecida pelos rotários. 

Lembre-se que o clube rotário escolheu a professora, para lhe atribuir o reconhecimento profissional, há cerca de um ano. No mandato de Domingos Xavier, por votação unânime dos seus sócios, o Rotary Club de Vizela atribuiu o reconhecimento a Conceição Lima. No entanto, devido ao início da pandemia, o clube cancelou as suas atividades, adiando a cerimónia pública, que o clube realiza anualmente.


Passado um ano, este seria o mês do reconhecimento público, conforme o compromisso assumido pelo clube rotário. No entanto, as condições de pandemia agravaram-se e foi preciso adiar a cerimónia. 


Um facto que não incomoda Conceição Lima, porque valoriza mais a intenção do que o evento, uma vez que o sentimento que reserva para si é a importância do gesto, que muito valoriza, pela consideração de que se trata da análise de uma carreira profissional, que sempre pautou pela exigência e busca da verdade.

Na reunião, realizada em formato digital, foi recordada a história da professora, mas também pormenores de vivência, tendo em conta a sua experiência alargada.


PRIMEIROS TEMPOS DE ENSINO

Nomeadamente, a memória dos primeiros tempos de ensino, em que a sua pouca experiência a impedia de ter uma noção prática, para resolver situações concretas, mas que suplantou pelo uso de conselhos recolhidos no crescimento de menina e moça, como de profissionais mais velhos.

De Leiria até Vizela, de professora a responsável diretiva, de professora de jovens e alunos mais maduros, na Universidade Sénior do Rotary Club de Vizela. Um percurso de vida, que a encheu de orgulho. Nas suas palavras, “ser professora era uma partilha, trabalhávamos para todos”, incluindo uma vontade confessada, de participar em projetos complementares, para sair da zona de conforto, a “ver escolas em movimento, para descobrir outras impressões, por existência de proximidade, permitindo a criação de cumplicidades”.

“Ser professora, para mim, foi uma paixão, uma forma de vida”, acompanhada de um sonho de menina. Um caminho que lhe foi incutido desde pequena, ao acompanhar a dedicação do pai à poesia, que definia a resiliência de uma vida. Um pai com a escolaridade obrigatória à época, mas que não se limitava aos tempos que viveu. E assim cresceu, com a convicção que “a poesia fazia parte do meu mundo. Fugir ao mundo real pela linguagem poética, o mundo do sonho”, conforme realçou.


POESIA E UNIVERSIDADE SÉNIOR

Um sonho concretizado pela oportunidade que surgiu. A experiência letiva, na Universidade Sénior, evoluiu para os programas de poesia, na Rádio Vizela. Um percurso que a levou a contatos, com autores que não apareciam numa primeira linha de opinião, mas com valor acrescentado, o que converteu uma professora em uma madrinha de poetas, que revelaram a qualidade de escrita, como convidados do seu programa semanal na rádio, mas também como participantes em imensas tertúlias, que deram espaço de promoção a muitos poetas e declamadores.

Conceição Lima confessou a dificuldade em aceitar a sua reforma profissional, pelo que a poesia acabou por lhe dar um sentido de ocupação temporal, pois “iniciei um processo de resposta à incerteza e às dúvidas da vida”. Uma conduta que está limitada pela pandemia, que não lhe permite estar com as pessoas a quem se habituou e de quem precisa, para uma “partilha, a estar ao lado, para ver desabrochar, a deixar marca e a evoluir”.

Apesar da diferença de comportamento, no tempo que vivemos, a professora, que passou a "madrinha dos poetas", prometeu continuar a cumprir o seu sonho, mantendo a proximidade com a poesia, dinamizando formas de comunicação, com uso das tecnologias existentes, bem como a dar resposta a propostas que a deixem “abrir horizontes, chegar até às pessoas, para alargar as condutas e fortalecer os princípios”.

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