Mensagens de D. João Cordeiro e D. Jorge Ortiga

Na rendição da guarda na Arquidiocese de Braga as palavras de quem chega e de quem parte.

 

D. JOÃO CORDEIRO

 Com fé humilde aceito a missão que o Papa Francisco me confia para ser servidor do Evangelho da Esperança com o Povo santo de Deus peregrino na Arquidiocese de Braga.


O meu desejo é aprender convosco a configurar-me em cada dia com a palavra de Jesus que diz: «Estou no meio de vós como aquele que serve» (Lc 22, 27). O desafio é grande, mas a força maior é a alegria do Senhor. Ele é sempre a melhor alegria, que sempre nos surpreende!

Em 2011, o Papa Bento XVI pediu-me para servir a Diocese de Bragança-Miranda no ministério episcopal. Dou profundas graças a Deus por este dom da Graça. Agora, o Papa Francisco pede-me para repartir e peregrinar até Braga, da qual Bragança-Miranda nasceu em 1545 e se reconfigurou em 1881.

A Igreja presente em Braga peregrina há muitos séculos com enormes rasgos de santidade, o rosto mais belo da Igreja e, ao mesmo tempo, com inúmeras estruturas geográficas, culturais, pastorais e antropológicas. Ao olhar a longa história da Arquidiocese de Braga encoraja-nos o dom de tantos homens e mulheres, nomeadamente: Martinho de Dume, Geraldo, Frutuoso, Bartolomeu dos Mártires, Alexandrina de Balazar, Bernardo de Vasconcelos, ...

Saúdo cordialmente o Senhor D. Jorge Ortiga, agradecendo a Deus o seu intenso e dedicado ministério pastoral na Igreja bracarense, na Província Eclesiástica de Braga e na Conferência Episcopal Portuguesa. Uma saudação fraterna ao Senhor D. Nuno Almeida, Bispo Auxiliar.

De todo o coração saúdo igualmente todos os Presbíteros e, desde já, gostaria de vos dizer que o Bispo não é pensável sem vós. Desejo encontrar a todos e cada um e falar de coração a coração num único e verdadeiro Presbitério diocesano. Com muita consideração saúdo os membros do Colégio dos Consultores, o estimado Cabido da Sé de Braga.

Saúdo e encorajo os Diáconos no serviço da Caridade, da Palavra e da Liturgia.

Às Consagradas e aos Consagrados, expresso a minha estima e gratidão pelo testemunho do primado absoluto de Deus na Igreja e no mundo.
Uma saudação amiga aos jovens, em especial aos que estão nos seminários e casas de formação e outros lugares onde buscam, na gramática do amor, os vários caminhos para Jesus Cristo, rumo à JMJ Lisboa 2023. Quero ser colaborador da vossa alegria. Tu és missão! Por isso, «levanta-te e testemunha» (At 26, 16).

A todas/os Leigas/os, às famílias, aos movimentos e grupos eclesiais, aos organismos diocesanos de pastoral, à Cáritas, às Instituições de Solidariedade social, às Misericórdias, Confrarias e Irmandades, garanto a minha disponibilidade e oração, esperando encontrar a todos e contar com a vossa colaboração e corresponsabilidade na concretização de uma Igreja de proximidade, compaixão e ternura.

Saúdo as irmãs e os irmãos: doentes, reclusos, pobres, pessoas com deficiência, desempregados, migrantes, minorias étnicas e todos os mais velhos e mais sós que sofrem e vivem nas periferias existenciais e numa crescente globalização da indiferença. Na nossa Igreja sinodal e samaritana, o próximo é todo aquele que precisa de mim e de quem me aproximo. É a necessidade que o torna tão próximo de mim para lhe fazer sentir as carícias de Deus.
Com as Autoridades autárquicas, civis, académicas, militares, forças de segurança e proteção, órgãos de comunicação social, espero uma sincera cooperação recíproca em ordem ao bem comum, à dignidade das pessoas, à fraternidade e amizade social.

Saúdo ainda, com viva simpatia, todas as mulheres e todos os homens de boa vontade que buscam a verdade, a bondade e a beleza.

Este é um tempo para agradecer o passado, renovar o presente, bem como sonhar e desenhar o futuro. A todos convido a servir sempre mais e melhor, com amor, humanidade e humildade. A escuta, a conversão, a confiança, a comunhão, a coragem criativa e a oração são caminhos sempre a percorrer no processo sinodal para uma Igreja de hoje. A comunhão e a participação são elementos decisivos para a missão essencial da Igreja, para ver novos todos os mistérios de Cristo.

Deus me ajude a caminhar na Sua proximidade, na proximidade com o Colégio Episcopal, na proximidade com o Presbitério e na proximidade com o Povo santo de Deus. Estaremos e caminharemos juntos; escutaremos juntos o Espírito Santo, «o Espírito da Verdade» (Jo 14, 17), e uns aos outros; rezaremos juntos e, juntos decidiremos os passos concretos e corresponsáveis a realizar para missão do Essencial.

A “Igreja em saída” missionária é sempre uma Igreja sinodal samaritana de portas abertas para todos. Com efeito, conforme o nosso caminho pastoral - Olhar, cuidar e acompanhar “onde há amor há um olhar; onde há amor nascem gestos; onde há amor aí habita Deus” - somos guiados pelo Bom Samaritano com ousadia e coragem apostólicas.

«Conhecendo a minha fraqueza (...) depois de ter de mim mesmo algum conhecimento (...) procurei pôr toda a minha esperança e confiança em Deus» (São Francisco Xavier). E por isso, suplico: “Apascentai-me, Senhor, e apascentai Vós comigo”! E imploro à Senhora Mãe, Santa Maria de Braga, e a São José, que roguem por todos nós!

Conto muito convosco; contai inteiramente comigo.

Abraço cordial
Bragança, 3 de Dezembro de 2021

MENSAGEM DE D. JORGE ORTIGA

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De coração cheio e alegre pela nomeação do Santo Padre de D. José Cordeiro para Arcebispo de Braga, sinto-me no dever de, em nome de todo o povo cristão, lhe dar as boas-vindas a esta vetusta arquidiocese. Há muito esperado, queremos que sinta a nossa plena comunhão e a mais profunda unidade. Garantimos que se sentirá bem entre nós e que juntos prosseguiremos uma história que remonta aos primórdios do cristianismo.

Chega a Braga num momento de particular significado. O Santo Padre convocou a Igreja para uma reflexão sobre a sinodalidade enquanto caminho transformador de comunhão, participação e missão. Estamos empenhados neste projecto desde o ano passado. Por isso, apaixonados pela figura de S. Bartolomeu dos Mártires, acolhemos a urgência do Papa Francisco de uma renovação eclesial inadiável.

Sabemos que “a caridade está no centro do evangelho” e que não a devemos aceitar como mero mandamento. É um dom que nos consciencializa de que, antes de tudo, somos amados por Deus e, como tal, acolhemos e praticamos a caridade que nos identifica com Cristo, sabendo que o rosto da nossa fé está no amor entre nós, de modo particular cuidando dos últimos e abandonados. Por tudo isto, temos consciência de que a Igreja será credível se souber viver em unidade e comunhão. Presente no meio de nós, Cristo caminha connosco e percorre as estradas da Humanidade, com o intuito de fazer crescer uma Igreja sinodal: afectiva na fraternidade e efectiva nos ministérios.
É esta Igreja, que procura crescer na sinodalidade quotidiana, que entregamos a D. José Cordeiro. Enquanto corpo eclesial, caminharemos e sonharemos juntos uma Igreja renovada para estar ao serviço da Humanidade. S. José, neste ano que lhe é dedicado, tornou-se modelo com a sua coragem criativa e ensinando-nos a transformar qualquer problema numa oportunidade. A pandemia veio dificultar o quotidiano da pastoral. Dela retiramos a lição de caminhar numa fidelidade a Cristo e à rica história da arquidiocese. A experiência pastoral de D. José Cordeio e a riqueza das suas qualidades enriquecerão a nossa Igreja local. Acreditamos na novidade que nos oferecerá. Conte com a generosa entrega das nossas capacidades.

São estas intenções que colocamos nas suas mãos, D. José Cordeiro. Pode contar com todos e cada um: sacerdotes, leigos, religiosos, religiosas, comunidades paroquiais, confrarias, movimentos. Queremos que sinta o nosso afecto, na certeza de que encontrará uma diocese motivada e empenhada para uma consciente sinodalidade.

Que os nossos padroeiros, Sta. Maria de Braga e S. Martinho de Dume, e a nossa referência para a renovação, S. Bartolomeu dos Mártires, nos acompanhem. Confiamos as suas intenções e projetos a Maria, venerada nos múltiplos santuários que embelezam os nossos 14 arciprestados. Com ela, juntos, estamos disponíveis para “fazer o que Ele nos disser” (Jo 2,5).

† Jorge Ortiga, Administrador Apostólico

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