SÃO BENTO, PADROEIRO DE VIZELA

A uma altitude de 471 metros, distante por estrada da vila de Vizela, 3.863 metros, está o cimo agreste de S. Bento, notável elevação granítica, um pouco escarpada a Sul, sobre Tagilde, descendo suavemente para Vizela. É o princípio da antiga serra de Santa catarina que mais para Nordeste nos mostra a Penha formosa, que a 617 metros, fica sobranceira à vetusta cidade de Guimarães. As lindíssimas paisagens que se disfrutam desse cimo invejável, são as mesmas da Penha ou Santa Luzia. Divergem das outras no especto e cor do panorama. A Sudoeste avistamos ao fundo a Vila de Vizela e todas as freguesias encastoadas neste vale formosíssimo duma verdura fresca e suave. Para Este vê-se Felgueiras, Santa Quitéria, Senhora da Aparecida, Alto da lixa, etc., e, num esfumado acinzentado, a imponente giba do Marão, com a vila de Fafe e os píncaros do Gerês, lá mais para Norte. A Oeste-Sudoeste o Monte Córdova – inspirador de uma das obras do imortal Camilo – E Santo Tirso, Negrelos, Riba d'Ave, etc.

A cada curva da ziguezagueante estrada, encontra-se um motivo novo, uma paisagem diferente, que surpreende quem o visita.

No cimo, o ponto mais soberbo, donde o panorama deslumbra, veem-se para todos os lados outeiros enastrados do verde crisólito dos pinhais e carvalheiras meãs, o rio Vizela coleando os montes a que serve de base, num eterno e gracioso abraço, emoldurando de tapetes verdes, oiro dos milheirais em maturação. 

Moinhos alvos de farinha pura, açudes tortuosos, caprichosamente enfeitados por boninas gentis, levantam toalhas de espuma alvíssima. Ao longe por entre ramilhetes de verdura, casais espaçosos e alvinitentes, rodeados de altas medas afuniladas de palha centeia, numa disposição grácil de cascata monumental. 


(…) É costume, na região, todo aquele que recebe um favor de S. Bento, caiar lhe votivamente um penedo (o voto de caiar os penedos foi iniciado pelo saudoso Joaquim Teixeira «Niscranço», filho do célebre pintor Vizelense Teixeira – O Vizela), oferecer cravos naturais, aves, ovos, fogo ou os tradicionais serões, cujo encanto e melodia não caíram, felizmente, em desuso. Continuemos a seguir o ínclito Abade de Tagilde.

- Serão: - assim se denomina na ribeira de Vizela uma romagem constituída por crianças do sexo feminino, em número indeterminado – no geral 7 a 9 e acompanhadas pelo devoto que, organizada em cumprimento de promessa, se dirige a alguma igreja ou capela, cantando, pelo caminho e ao redor destas, a Avé Maria e versos em louvor do Santo que se intenta venerar.


E estas loas, são as mesmas do Srª da Lapinha, que a musa popular imaginou. Registemos algumas:


S. Bentinho milagroso!

Aqui tens o meu serão

Já que por milagre saraste

O meu ditoso irmão.


S. Bentinho milagroso!

O caminho pedras tem.

Se não fosse este milagre

Aqui não vinha ninguém.


S. Bentinho milagroso!

Vinde abaixo, dai-me a mão.

Eu sou brandinha do peito

Abafo do coração.


Então o coro responde em dulcíssima harmonia:

(Ao Céu, ao Céu, ao Céu ó Bendito)

Jornal “Noticias de Guimarães” de 25 de agosto de 1946. (Júlio Damas).

João Gomes de Oliveira Guimarães (Abade de Tagilde), na revista de Guimarães, ano de 1894, nº 11 (1) Jan.-Marc. P.5-42, escreve o seguinte:

“TAGILDE – MEMORIA HISTÓRICO-DESCRIPTIVA

S. Bento – Para o norte e poente levanta-se a cavaleiro da egreja parochial o monte de S. Bento, que tira a sua denominação da capella, que, sob a invocação d´este santo, está erecta n´um dos seus pontos culminantes e na linha divisória d´esta freguesia e da de S. Miguel das caldas, tendo n´ella por este motivo jurisdicção os parochos das duas freguezias.

Collocada n´um sítio elevado d´onde se goza um extensíssimo, vasto e risonho panorama, é esta capella muito visitada especialmente na época balnear, sendo raro o dia em que alguns frequentadores da estação termal de Vizella a deixem de tomar para limite das suas excursões.

A festa do titular da capella faz-se a 11 de julho, com missa solemne, sermão e procissão, etc, formando-se depois um populoso arraial, que ainda se repete em dia de Paschoa. A quasi totalidade das promessas feitas a S. Bento é cumprida em fogo do ar, que nos dois dias se queima em grande quantidade. Também como ex-voto se costumam caiar os penedos próximos da capella.

Ignora-se a data da fundação d´esta capella, sendo, porém, certo que foi edificada muito antes do século XVI, pois no tombo d´esta egreja feito no tempo do abade João Domingues, 1497-1510, já se falla no monte de S. Bento. Em 1695 tinha esta capella uma ermitôa, que cuidava da sua veneração sob a inspecção do abbade e junto a ella existem ainda vestígios d´uma casa, que deve ter servido de residência da pessoa que d´ella estava encarregada. (de facto apareceram, aquando da abertura da estrada, junto à capela, alicerces e restos de telhas. É opinião corrente que essa edificação era ao Norte da capela. No entender de Júlio Damas, a sua situação foi sempre a Sul da mesma).

Hoje e desde muito tempo está a cargo dos dois parochos, Caldas e Tagilde, a fábrica e culto d´esta ermida para o que recebem esmolas, que lhes foram computadas em cogrua.

Em 1831 foram capituladas diversas reparações sob pena de ser suspensa a capella se não fossem feitas dentro de um anno. Por despacho de 14 de maio de 1834 foi restituída ao culto, visto os dois parochos terem satisfeito as obras mandadas.

A capella, que mede 6m,90 de comprido e 4m,80 de largo, possue um só altar com três imagens, duas de S. Bento e uma de Nossa Senhora do Socorro, e n´uma trave que sustenta a armação do tecto tem a seguinte inscrição: TU, BENEDICTE, POTES CUNCTIS PRAESTARE SALUTEM. AD TUA QUI VENIUNT LIMINA SANCTA FAVE. (Tu, Bento, podes dar saúde a todos. Protege os que vêm ao teu santo templo).”

 Não existem documentos que nos possam indicar uma data exata sobre o início do culto a São Bento nas terras de Vizela. O registo mais antigo, identificando o monte já como monte de São Bento, e provavelmente já com a capela edificada, aparece-nos no ano de 1195 (Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Mosteiro de S. Miguel de Vilarinho, Maço 1, documento nº 20). O próprio inquérito paroquial de S. Miguel em 1758, diz mesmo, que o monte tomou o nome de “Monte de São Bento”, devido à existência da dita capela, provavelmente edificada para continuação do culto a S. Bento, iniciado por algum monge beneditino, e neste caso um eremita de São Bento, que se terá isolado no monte Vizelense, imitando rigorosamente os preceitos espirituais de São Bento, ele que também por volta do ano 505, abandonou Roma e refugiou-se numa gruta em Subiaco, onde permaneceu durante três anos como eremita.

Geraldo J. A. Coelho Dias, na obra: “O culto Popular de S. Bento - Uma forma de terapêutica religiosa”, diz-nos o seguinte: 

(…) As ofertas a S. Bento devem ser de coisas brancas, homogenia com a cor da pele em que as doenças se manifestam; ovos, açúcar, sal, farinha, moedas brancas (prata), e cravos, quando se trata de verrugas ou cravos. No alto do monte de São Bento das Peras (Pedras), sobranceiro a Vizela, e cujo documento mais antigo com o nome de «Monte de São Bento» - Mons de Sancto Benedicto – remonta a 1195, ainda encontramos o costume de, por promessa, se caiar de branco os penedos que, como quistos graníticos, circulam a Capela do milagroso S. Bento.”

Um eremita ou ermitão, é um indivíduo que, usualmente, por penitência, religiosidade, ou simples amor à natureza, vive num lugar deserto e isolado. O local da sua morada é designado eremitério. 

O eremitismo cristão, apresenta dois momentos fortes de expansão: o primeiro na antiguidade, nos séculos II e IV e o segundo na idade Média, nos séculos XII e XIII.

- O primeiro período, assiste ao surgimento da espiritualidade dos Padres do Deserto, que buscavam através de um estilo de vida austero e contemplativo a união com Deus no deserto do Egipto. Os eremitas atraíam muitos seguidores para os seus retiros, direção espiritual e conselhos. Estão na raiz do monaquismo oriental. Santo Antão do Deserto tornou-se um modelo destes Padres.

- O segundo período e neste caso o eremitismo medieval, surge nos séculos XII e XIII.

Elisabeth da Silva Passos, na obra” O eremitismo nos séculos XII e XIII, diz-nos o seguinte:

"O eremitismo dos séculos XII e XIII foi permeado pelo retorno às fontes, o ideal da vida apostólica e da Igreja Primitiva. Ou seja, os eremitas desejavam imitar rigorosamente os preceitos espirituais presentes no projeto de vida religiosa de Jesus.

No século XII, o eremitismo teria se desenvolvido em três vertentes principais. A primeira consistia na prática da ascese, antecedendo a pregação, geralmente, dirigida aos grupos mais necessitados espiritualmente, como os leprosos e as mulheres, ressaltando a questão da pobreza. A segunda propunha que os eremitas estabelecessem vínculos com um mosteiro. E, a última, seria exemplificada através da Ordem dos Cartuxos, que requeria uma vida de penitência e isolamento rigoroso. Bruno de Colônia, o seu fundador, procurou combinar o ideal eremítico, "expresso na busca de Deus através da contemplação", com o cenobitismo, ressaltando, a busca pessoal de Deus.

Por causa da ausência de desertos na Europa Ocidental, os eremitas buscariam refúgios em locais remotos e desabitados, como cimos de montanhas e florestas. A descrição da aparência destes homens era terrível, assim como, as suas habitações. Vestiam-se muito pobres, as pernas apareciam semi-descobertas, usavam barba comprida, pés descalços e, levavam consigo o cilício. A austeridade de suas habitações pode ser constatada através da escolha dos locais, pois viviam em covas, gargantas, ilhas selvagens, bosques funestos e terras não desbravadas.

Podemos dizer que na Europa Medieval nos séculos XII e XIII ser eremita estava intrinsecamente articulado a religiosidade. O eremitismo era um fenômeno religioso marcado essencialmente pela contemplação, ou seja, as orações em retiro, a penitência, a busca pelo isolamento e a mortificação da carne. Através destas práticas culturais específicas da espiritualidade eremítica, estes indivíduos buscavam manter contato com Deus."

Estará a cista encontrada a cerca de 300 metros da capela de S. Bento, e atualmente identificada como “Cista de S. Bento”, relacionada com este eremita? Terá sido o local onde ficou sepultado? 

Francisco Armindo Pereira da Costa (Júlio Damas), responsável pela identificação e divulgação deste monumento, e que segundo o autor é do período neolítico, tem uma opinião diferente, e diz-nos o seguinte: 

“A cista ou mamoa de S. Bento orientada quase em rigor na direcção este/oeste no sentido do seu maior cumprimento, estava composta por 5 blocos de granito inteiriços, tendo respectivamente, cada um as seguintes dimensões no sentido dos seus maiores cumprimentos e larguras: 2,00 x 1,40 m; 2,40 x 1,40 m ; 2,00 x 1,40 m ; 1,00 x 1,40 m ; 0,90 x 1,40 m. O seu formato é de uma caixa rectangular, tendo de capacidade 10 a12 m3 e de superfície, 5,80 m2. 

A ignorância popular destruiu-lhe o monólito da cobertura e, possivelmente, o corredor de entrada, apesar de nas escavações por mim dirigidas ter encontrado vestígios vários do mesmo, de mistura com cinzas e carvões a uma profundidade variável de 1 até 1,5 metros. De objectos de uso que nos pudessem indicar a idade aproximada, nada foi possível encontrar. Apenas um bloco de sílex de 0,2 cm3 aproximadamente a uns cem metros do local.

Esta cista foi várias vezes violada. Recorto a notícia do livro ‘Sina de Minhoto’: “Ainda no mês de Junho de 1904, achando-nos de visita à casa e fonte de S. Gonçalo, ouvimos ali, em S. Salvador de Tagilde falar de uma estrela muito luminosa que caía no próximo e sobranceiro Monte de S. Bento. O facto atraíra os curiosos que depararam com uma espécie de campa, tendo pedras aparelhadas (sic) nas extremidades, e terra removida de fresco. Faziam-se comentários diversos, em virtude dos quais as autoridades de Vizela chegaram a lá ir. É que um dos tais comentários descortinava um assassinato e roubo! …”

Mais tarde, 20 anos decorridos sobre essas escavações, nova espoliação foi feita por dois lavradores de Montezinhos, aos quais o vulgo atribuiu achados em ouro, visto que anos depois adquiriram umas diminutas courelas de sequeiro e duas desconjuntadas choupanas. Não findaram, porém, os achados arqueológicos por gente ignorante na matéria. Ainda hoje contam os velhos camponeses da região, de uma outra cista explorada também por lavradores, uns metros mais a Norte da cista de S. Bento, abaixo da Cruz de Lama, onde a tradição diz que se desenterrou um menino todo em ouro do tempo dos mouros! … 

Pena foi que a ignorância popular destruísse mais este monumento megalítico.”


REVISTA DE GUIMARÃES

Boletim. Extratos e resumos das actas das sessões.

Oliveira, Manuel Alves de 

Ano: 1950 / Número: 60

“Depois, fez a seguinte exposição sobre a notícia que havia recebido da existência de um monumento megalítico, nas proximidades de Vizela:

No monte de S. Bento, não longe da povoação de Vizela, encontraram-se os vestígios de um monumento megalítico, a que o povo dá geralmente o nome de mamôa. Fica a uns 300 metros ao norte da capela existente nesse monte, numa bouça de mato, junto a um caminho, e muito próximo da estrada de Vizela a São Bento. Visitei-a no sábado, dia 1 do corrente, na companhia do Director Sr. Alberto Braga e do Sr. Francisco Armindo Pereira da Costa, natural de Vizela, antigo redactor do «Notícias de Vizela», pessoa que nos deu a notícia dessa velharia. Vê-se que a mamôa já fora saqueada, como é vulgar, parece que em 1904. Fala dela uma obra em 2 volumes intitulada «Sina de um minhoto e de um paulista», sem nome de autor, prefaciada por A. S. de Azevedo Sampaio e impressa no Porto em 1904, na Tipografia Figueirinhas Júnior, da Travessa de Cedofeita. É obra sem valor literário ou científico, escrita por qualquer curioso. Na nota 1 de páginas 85 do 1º volume, refere-se à estrela que dessa povoação se via cair no monte de S. Bento, facto que atraíra a atenção dos curiosos, os quais, dirigindo-se ao sítio onde a estrela caía, encontraram uma «espécie de campa», com pedras aparelhadas nos extremos e terra removida. E que tal sucesso se dera em junho de 1904, atraindo inclusivamente ao local as autoridades de Vizela. Narrou o Sr. Pereira da Costa que, falando desta notícia diante de um homem velho de Vizela, este lhe indicara o local da referida «sepultura», de que depois nos fizera comunicação.  Da mamôa, que examinamos detidamente, restam à vista três grandes pedras, em parte enterradas e com o bordo superior ao nível do terreno. A face interior está descoberta pela escavação praticada. Encarreguei o Sr. Pereira da Costa de fazer uma pequena exploração, com dois jornaleiros, durante dois dias, crivando bem as terras removidas e escavando, no sentido longitudinal da mamôa. O terreno pertence a um proprietário chamado António da Silva Porto, de Infias. No alto de S. Bento deve ter existido um crasto, da mesma época e cultura da Penha.”

Curiosa esta passagem do livro “Sina de Minhoto e de um Paulista” onde descreve o episódio ocorrido em junho de 1904, falando de uma estrela muito luminosa que caiu no monte de S. Bento, colocando visível este túmulo. No local, os curiosos depararam com uma espécie de campa, tendo pedras aparelhadas nas extremidades, e terra removida de fresco. Chegaram inclusivamente a ser chamadas as autoridades de Vizela ao local. 

- Em 1464 existia já o casal de São Bento em S. Miguel das Caldas. 

“Emprazamento, em três vidas, do casal de Montesinhos, freguesia de S. Miguel das caldas, que trazia ora Álvaro Lourenço Correia, almoxarife, e do casal de S. Bento, na mesma freguezia, que foi de Costança Dominguez, servidor de Martim.”

Revista de Guimarães, ano 1912/Numero: 29. (João Gomes de Oliveira Guimarães).

O inquérito paroquial de S. Miguel das Caldas realizado em 1758, identifica já a romaria a S. Bento, que se realizava nas festas do dito santo, nas Páscoas e Espírito Santo.

(…) chamado o monte de São Bento, tomando o nome de uma ermida do glorioso patriarca que está edificada no cume do dito monte, à qual concorrem de romaria diversas pessoas, nas festas do dito santo e nas da Pascoa e Espírito Santo, e pertence aquela capela à igreja desta freguesia e à do Salvador de Tagilde e serve de divisa e marco entre as duas freguesias e, o monte em que está edificada, tem seu princípio, pela parte do Sul, no rio Vizela e corre para o Norte, com o nome da serra de Santa Catarina, que fica defronte da vila de Guimarães, para o Nascente.”

O inquérito paroquial de S. Miguel das Caldas realizado em 1842, diz-nos o seguinte: 

“Fazem-se nesta freguesia 14 clamores comutados à roda da igreja, só um vai à igreja de Tagilde na tarde do Domingo primeiro de Julho, e na mesma tarde volta a esta igreja, e na ermida de S. Bento há romaria a 21 de Março, a 11 de Julho e Domingo de Páscoa, e tem esta capela no seu interior um dístico: Tu Benedicte, potes cunetis praestare salutem; ad tua qui veniunt limina sancta, fave.

S. Miguel das Caldas, 30 de maio de 1842

O abade Miguel Joaquim de Sá”


Jornal “Religião e pátria”13 de julho de 1864.

Romaria a S. Bento.



A capela ou ermida dispunha de um dístico com as palavras em latim, no teto entretanto desaparecido. TU, BENEDICTE, POTES CUNCTIS PRAESTARE SALUTEM. AD TUA QUI VENIUNT LIMINA SANCTA FAVE. (Tu, Bento, podes dar saúde a todos. Protege os que vêm ao teu santo templo).”

Estas palavras são também mencionadas no inquérito paroquial de S. Miguel em 1842. 

(Recolha de António Cunha)





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