Ligação ferroviária a Braga


PCP apresentou proposta na Assembleia da República. 


Nota do PCP "O distrito de Braga é servido pela Linha do Minho, e pelos ramais de Braga e de Guimarães, sendo que os concelhos de Braga e Guimarães estão integrados nos comboios urbanos do Porto. Embora pertencentes aos comboios urbanos do Porto, não existe uma ligação direta entre as duas cidades, distantes cerca de 25 km (rodovia), assim como não existe entre estas cidades e o concelho de Barcelos.

Não havendo uma linha ferroviária que una os dois concelhos diretamente, para utilizar o comboio é necessário trocar de linha em Lousado, concelho de Vila Nova de Famalicão,  e ali apanhar o comboio que liga o Porto a Guimarães. Em média, a viagem ferroviária entre Braga e Guimarães demora uma hora e trinta e dois minutos.

A falta de ligação direta entre Braga e Guimarães dificulta o uso deste transporte, na medida em que é difícil conciliar horários profissionais ou escolares com os horários dos comboios.

Importa recordar que existe uma forte deslocação entre as duas cidades, quer para quem trabalha, quer para quem estude. Registe-se que a Universidade do Minho tem um Campus em Guimarães. Além da Universidade do Minho, existem outros serviços e atividades económicas que envolvem muitos trabalhadores e implicam ligações constantes entre os dois concelhos.

A situação com que se deparam os utentes dos comboios e os milhares de utilizadores de transportes públicos no distrito de Braga que poderiam utilizar este sistema de transporte – caso a oferta fosse adequada às suas necessidades - é o resultado de uma política de desinvestimento e abandono do Sector Ferroviário que conduziu a um grave retrocesso no direito à mobilidade.

A inexistência de uma cintura ferroviária entre as quatro maiores cidades do distrito (Braga, Guimarães, Barcelos e Vila Nova de Famalicão), juntamente com a destruição de linhas férreas –como a ligação entre Guimarães e Fafe ou Vila Nova de Famalicão e Póvoa de Varzim – e o adiamento de importantes investimentos são alguns dos fatores que limitam a importância estratégica e estruturante para a economia do caminho-de-ferro e o desenvolvimento harmonioso da região e do País. A modernização da linha do Minho, defendida pelo PCP há décadas é exemplo flagrante da falta e atraso do investimento, só recentemente foi iniciada e já se depara com atrasos em relação à calendarização estipulada.


Entende o PCP, há muito anos, que a existência de uma ligação direta entre Braga e Guimarães permitiria uma articulação muito maior e necessária entre estes concelhos e reveste-se de indubitável importância.


Entretanto, recentemente os presidentes de Câmara dos municípios que compõem o Quadrilátero Urbano – Barcelos, Braga, Famalicão e Guimarães – defenderam publicamente a construção de um metro de superfície que una estes concelhos. Segundo notícias publicadas, os presidentes destes quatro municípios decidiram solicitar estudos técnicos junto da CCDRN e do Eixo-Atlântico e apresentar esta ideia de investimento junto do Governo central, nomeadamente ao Ministro das Infraestruturas e ao Ministro da Coesão Territorial.

Sustentam, e bem, “que os diversos governos do país, independentemente da sua composição partidária, não têm feito o investimento necessário, longe disso, nesta que é a terceira maior comunidade do país, onde residem mais de 700 mil pessoas. Assim, entendem que está na hora de o Estado Central corrigir esta discriminação negativa e tratar a região minhota como o tem feito nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto”, mas adiantam uma proposta - mais uma - que vem novamente dispersar a discussão com novos projectos e iludir a necessidade de investimentos há muito reconhecidos como necessários, em torno dos quais já existem estudos técnicos e decisões políticas, incluindo previsão em PDM.


Com esta proposta de opção pelo investimento num metro de superfície em alternativa ao comboio, os presidentes de câmara em causa apenas vieram contribuir para criar mais ruído e confusão. É, também, mais uma proposta de Parceria Público Privada ao invés da promoção do reforço das empresas públicas, no caso a CP.

Aliás, a proposta da designada ligação por metro tão-pouco tem qualquer enquadramento ou aferição prévia nos órgãos autárquicos!


Ao longo dos últimos anos, em diversos momentos, por proposta da CDU e de outras forças, vários dos órgãos municipais destes concelhos deliberaram reclamar o investimento nos meios ferroviários, ora em oposição ao encerramento de linhas, ora reclamando a conclusão da ligação ferroviária entre os concelhos do Quadrilátero Urbano. Nas recentes campanhas eleitorais para as eleições autárquicas e legislativas esta proposta da CDU foi acompanhada também por outras forças políticas.


Num contexto em que o Governo tem ao seu dispor meios excepcionais para realizar investimento nos transportes públicos e em que afirma o desenvolvimento do transporte ferroviário como desígnio, a DORB do PCP reclama, como prioridade, a concretização da ligação ferroviária  directa entre os concelhos de Braga e de Guimarães e, depois o fecho da malha ferroviária com uma linha de concordância para Barcelos.


O PCP trouxe esta proposta à Assembleia da República em legislaturas anteriores sobre a forma de projecto de resolução que, no entanto, não chegou a ver votado. A realidade confirma a sua justeza e pertinência, pelo que o Grupo Parlamentar do PCP reapresentou na Assembleia da República o projeto de resolução “Pela melhoria do transporte ferroviário no Distrito de Braga e a concretização da ligação direta Braga/Guimarães”.

Na conferência de imprensa participaram os membros da DORB do PCP Torcato Ribeiro, Tânia Silva e Jorge Matos.

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