Padre Machado indignado com casos de pedofilia da Igreja pede audiência ao Arcebispo de Braga


No último domingo o padre José Marques Machado não fez homilia na Missa em protesto pelos crimes de pedofilia perpetrados por diversos padres da Igreja Católica  

No final da Eucaristia, o pároco de S. João das Caldas dizia-se, desde o púlpito, envergonhado com estes casos que ensombram e envergonham a Igreja Católica e que iria pedir uma audiência com caráter de urgência ao Arcebispo Primaz de Braga.

Anteontem o Padre Machado disse ao ddV que ainda não tinha conseguido contactar D. José Cordeiro pelo facto do telemóvel do Arcebispo encontrar-se desligado. Acrescentou que durante o dia de amanhã irá pessoalmente ao Paço Episcopal de Braga pedir ao Arcebispo para o receber. 

José Marques Machado foi claro nas suas palavras que usou na Igreja de S. João no domingo e recebeu muitos elogios pela sua coragem quando disse: "Ou o senhor Arcebispo e outros responsáveis da Igreja castigam os sacerdotes criminosos que fizeram mal a crianças indefesas e inocentes metendo-os a todos cadeia ou coloco o meu lugar de sacerdote à disposição, resigno se for preciso. Sinto-me envergonhado".

No decorrer da última semana a Arquidiocese de Braga pediu perdão a todas as vítimas de pedofilia perpetrados por sacerdotes em especial à comunidade de Joane-Vila Nova de Famalicão onde terão ocorrido diversos abusos agora denunciados. 

A nível internacional foi amplamente noticiado os casos de D. Ximenes Belo, ex bispo timorense prémio Nobel da Paz que até há pouco tempo estava 'exilado ' em Lisboa e agora em paradeiro desconhecido é ainda o suposto caso de encobrimento di bispo D. José Ornelas etc, etc.

'IGREJA TEM DE MUDAR'

O especialista em História das Religiões e coordenador da aérea de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, Paulo Mendes Pinto disse na SIC Notícias que a Igreja Católica tem de mudar face aos inúmeros casos de pedofilia já denunciados.

 As queixas de abusos sexuais de menores e o encobrimento da Igreja Católica em Portugal está a dar que falar nos últimos dias, com o surgimento de novos casos. 

 O especialista Paulo Mendes Pinto defende que a Igreja Católica “tem de mudar” e considera que “estamos num momento de mudança de paradigma”, não só em torno desta questão, mas também de “de uma série de formas de violência que, adicionalmente, a nossa sociedade tolerava”. “Não nos podemos esquecer que há 40 anos tivemos um hit nacional que dizia "quanto mais me bates, mais eu gosto de ti" ou o célebre ditado “entre marido e mulher ninguém mete a colher” (…) Há uma série de violências tradicionais na nossa sociedade que têm estado a ser combatidas e, no fundo, esse combate faz parte de uma mudança de paradigma." 

Na SIC Notícias, falou na Igreja Católica como um exemplo dessa mudança de paradigma, mas reconhece que “há sempre estruturas que se movem mais lentamente” e que se mantêm, às vezes inconscientemente, no paradigma anterior. 

Paulo Mendes Pinto defende que a “Igreja Católica tem de mudar", pois está numa situação de “grande erosão do seu peso social”. Surgir agora uma situação de claro medo social será talvez algo de irrecuperável ou difícil de recuperar (…) A Igreja Católica tem tudo a ganhar por se colocar do lado mais contemporâneo da questão" - disse.

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