VIZELA Nos Olhos das Caldas - Por Júlio Damas


Texto dos anos 1950
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In Oculis Calidarum 

(Nos Olhos das Caldas)

Memória descritiva

Histórico-arqueológica das Caldas de Vizela e região limítrofe.

Por Francisco Armindo Pereira da Costa

(Júlio Damas)


À MEMÓRIA DE MEUS QUERIDOS PAIS

IDALINA PEREIRA DA COSTA

DOMINGOS DA COSTA

À MEMÓRIA DE MEU INESQUECÍVEL IRMÃO

JOSÉ AUGUSTO PEREIRA DA COSTA

À MINHA DEDICADA COMPANHEIRA DAS HORAS DE FELICIDADE E INFORTÚNIO

BEATRIZ DE SOUSA

AO ILUSTRE ARQUEÓLOGO VIMARANENSE

EXMO SR. CORONEL MÁRIO CARDOSO

AOS DISTINTOS MÉDICOS VIZELENSES

DR. RÓMULO CAMPANTE E DR. ARMÊNIO CALDAS.


PROLEGÓMENO

"Vi Vizela, termas duma poesia discreta, jóia sepultada num vale onde a vegetação sorri regada por torrentes." VICTOR DE MOIGENIE 

"Conservemos o sentimento que nos faz amar a nossa pátria mais que qualquer outra como adoramos nossa mãe, nossa esposa, nossas filhas mais que as outras mulheres, como preferimos nosso pai e filhos aos outros homens. O que devemos esquecer é o ódio ao estrangeiro, é a desconfiança ao que lhe é correlativo, é o egoísmo nacional." GRIMANELLI 

Leitor:

Vou falar-te da terra em que nasci. Vou revolver em religioso silêncio as pedras, os túmulos, as cinzas do Passado dos nossos avoengos que aqui nasceram e viveram, a perderem-se na bruma álgida e misteriosa dos séculos.

Faço-o com entusiasmo...

Manuseei velhas brochuras, escritos quási ilegíveis, estudei, caminhei dezenas de quilómetros, cavei e recolhi pequenos nadas que viram a luz do dia após séculos, milhares de anos, talvez, de silêncio e escuridão. Vivi momentos inesquecíveis de alegria ao ver reaparecer em toda a sua pujança e esplendor a história da minha terra, desta terra linda em que nasci. Não cheguei ao fim, ficando muito ainda por esclarecer...

Mesmo para concluir conscienciosamente esta Monografia são precisos mais alguns anos de vida ainda, estudo e capital. Será preciso, disso não tenho dúvidas, proceder a escavações, pôr a descoberto preciosidades soterradas que a oportunidade em tempo e dinheiro não proporciona.

Dez longos anos consumi em pesquisas e estudo... Se mais me fosse dado viver, seria possível esclarecer certos pontos ainda obscuros na história de Vizela. De contrário, não.

Mas se eu faltar, outro de boa-vontade que o faça, porque eu, só, absolutamente só, contando sempre com a indiferença - e por vezes com o riso sardónico dos que não sabem compreender estas coisas - dos que podiam e deviam, não tive mais ninguém a animar-me senão os Ex.mos Srs. Dr. Arménio Caldas, Dr. A. Elias da Costa, Dr. Rómulo Campante, Coronel Mário Cardoso, Alberto Vieira Braga, Ângelo Pinto Camelo, J. de Sousa Machado e Adelino Fontão, a quem aqui expresso o meu reconhecimento. É possível que erre... Não será o erro próprio do homem? Admitindo que assim seja, fica, no entanto, registada a história de Vizela em pormenores interessantes e alguns inéditos.

A monografia de Vizela estava por fazer. Tento-a agora, dizendo verdades, aventando por Vezes hipóteses, sujeito a possíveis emendas... Mas, se alguém o fizer melhor, nem por isso deixarei de sinceramente o felicitar com todo o entusiasmo de vizelense amante do progresso moral e material da sua terra.

E oxalá assim seja. Entretanto todo o trabalho, estudo e canseiras, dou-os por bem empregados. Todos esses trabalhos, todo o suor que me correu pela fronte entre as asperezas das ruínas cobertas de urzes que num perímetro de dez quilómetros nos rodeiam, ofereço-os em holocausto à deusa Borman, aos nossos ancestros, pela felicidade da minha linda Vizela. Este brinde singelo e figurado, é feito do coração...

De resto, não tenho a pretensão de ser nem historiador nem arqueólogo. Longe disso, infelizmente. Apenas um simples amador das velharias de Vizela, da sua idílica paisagem, desta terra onde repousam as cinzas dos meus Pais, Irmãos e Filho.

Nunca tive bossa nem presunção de escritor... Só uma coisa me preocupou: ser o humilde narrador dos factos principais de Vizela e sua região, das suas grandezas e desventuras. Nada mais.

Mesmo tenho o doloroso dever de o confessar: nada sou e nada valho. Na essência ficará a valer a história de Vizela, mesmo com defeitos, e não a parte literária de Vizela deste obscuro jornalista amador de província.

*

EPITAFIO ESPIRITUAL

Antes de entrar na Monografia de Vizela, fica bem, neste ponto, como pórtico de raro rendilhado, evocar a memória do Sábio Arqueólogo, Escritor, Cientista e Vizelense.

*

Dr. José Joaquim Pereira Caldas.

Honra esta obra o seu nome ilustre a todos os títulos, e é este pequeno "In Memorian" o preito de homenagem de um vizelense admirador das suas Altas Qualidades e Virtudes.

*

Também seria ingratidão esquecer o nome do saudoso Exmo Sr. José Ribeiro Moreira de Sá e Melo que tanta colaboração me prestou na elaboração desta.

À sua Memória, a minha saudade e gratidão.

*

Há uma Pátria dentro da nossa própria Pátria: é o lugar que nos viu nascer.

Perdoai, pois, a quem melhor soube, nunca esquecendo que a presente monografia foi escrita com a alma, o coração e a saudade postas... nos olhos das Caldas.

Vizela, Junho de 1950.

JÚLIO DAMAS


(texto Publicado no nº 1 do Jornal de Vizela de 15 Outubro 1950)

CAPÍTULO PRIMEIRO

A génesis moisaica e a doutrina científica¹

O homem pré-histórico. A cista de S. Bento

"A princípio Deus criou o céu e a terra. A terra era uniforme e toda nua; as trevas cobriam a face do abismo, e o espírito de Deus era levado sobre as águas². Ora Deus, disse: - Faça-se a luz..."

Exprimiu-se assim, Moisés, recuados milénios na História da Humanidade, na pintura sublime e poética que esbateu no formoso e alegórico repositório do Génesis.

Mais tarde, séculos volvidos na ampulheta do tempo, quando a Ciência tomou carta de alforria e apoiando-se sobre métodos experimentais se emancipou, nunca pôs de parte, salvo o sentido alegórico de algumas frases, certa concordância de aspecto bem notável entre a Génesis de Moisés e a doutrina científica³. Para se fazerem aceitar mais facilmente alguns cabouqueiros da teoria cosmogónica, duma fizeram a parafrase da outra.

(texto publicado no nº 2 do Jornal de Vizela, de 30 Outubro 1950)

A geologia, a Física, a Astronomia, em suma, todos os variados ramos da Ciência, deram o golpe de misericórdia nas lendas poéticas, ou mesmo simples criações pueris do génio humano, trazendo à luz da Verdade histórica e científica o que, como um sonho premonitório do homem primevo e semi-selvagem, proliferava através dos séculos da uranografia geral (estudo dos fenómenos celestes); envolto numa névoa de mistério e superstição, fantasmagoria e poesia, mas com uma aproximação e fundo de verdade que o homem de Ciência de todo não pôs de parte. Uma e outra seguem-se a par e passo. Apenas uma diferença: a Ciência, outrora, era regulada pelo texto sagrado; hoje é a Bíblia que se verifica pela Ciência. Foi o manancial puro e vivificante onde o mártir da Ciência sequioso, refrescou e revivesceu as suas leis e hipóteses, dessedentou a ânsia de descobrir a Verdade, até então envolta nas trevas da primeira infância do Homem. E atingiria o Homem os seus desígnios? - Parece que sim. A brilhante Luz material do século presente demonstra-o à saciedade. Chamemos, pois, à liça, em parte, a letra vaga e parabólica das religiões como ponto de partida duma caminhada milenária e cruenta do Homem sobre a Terra...

Elas são afins, embora a Ciência, hoje, seja a Verdade que adoptamos e que está no âmbito da Lógica, passe o circunlóquio. Mesmo a Ciência, a Poesia, a Literatura em geral, estimam-se e dão-se as mãos... Caminhemos, pois, pelo trilho da Ciência sem olvidar os textos sagrados, tão plenos de encanto e lirismo. Assim, a par do útil, o agradável. Eis o nosso propósito.

Recuemos agora alguns milhões de anos no Passado. Silêncio!... Na Natureza vai-se passar um fenómeno colossal!... A Terra soltou-se da sua nebulosa primitiva sendo arremessada para o Espaço, esfera fluida incandescente, cercada por uma atmosfera gasosa de natureza metálica. A esta primeira fase da sua constituição segue-se um período curto e gradual de arrefecimento em que os minerais se vão sobrepondo segundo as suas densidades. O seu diminuto volume perde calor rapidamente e uma crosta sólida, pequena a princípio, mas que aumentou gradualmente, começa a envolver essa massa incandescente que já fixou no espaço sideral a sua trajectória. Está o planeta em plena era arcaica ou azóica. Perturbações e convulsões monstruosas sacodem a Terra. Segue-se um novo e longo período caracterizado por profundas formações sedimentares, com alterações bruscas de clima, e as primeiras trilobites, os primeiros ganoides e amonites povoam a sua superfície. Ao finalizar este período primário já estão em gestação os insectos, batráquios, anfíbios e os primeiros répteis aquáticos. No decorrer desta era dá-se o aparecimento dos vegetais que, para o seu fim, atingem uma exuberância extraordinária, poisa atmosfera está saturada de anidrido carbónico. Inicia-se a era secundária com uma notável tranquilidade. Foi o entre-acto da época sequente. Nesta quadra surgem os ciclópicos dobramentos alpinos. Aparecem os primeiros mamíferos (marsupiais, no triássico) e principiam a diferenciar-se os climas. Os sáurios no princípio do Cretácico, atingem o seu grau mais elevado de desenvolvimento, e, ao terminar este período, extinguem-se. Consolida-se a sedimentação no fundo dos mares, diminuindo de intensidade as erupções. Emigram os corais para o sul:

(³ Para compreender certas partes da Génesis, épreciso necessariamente colocar-se no ponto de vista das ideias cosmogónicas do tempoa que s refere a mesma Génesis. Depois dos progressos da Física e da Astronomia (da Ciência em geral), semelhante doutrina não sustentável.)

(⁴ Período astronómico. Estado primitivo.)

(⁵ Azóico (Grego- prim + zoon); diz-se em geologia do terreno primitivo não fossilífero. 

(⁶ Ganóides: ordem dos peixes de escamas brilhantes - Amonites: Género de moluscos; espécie de concha.)

(⁷ Marsupial (Grego - marsyplon): que tem forma de bolsa; que tem órgão em forma de bolsa; família de mamíferos caracterizada por uma espécie de bolsa que as fêmeas têm por baixo do ventre, e onde trazem os filhos enquanto amamentam. 

(⁸ Sáurios: Ordem de répteis, que têm por tipo o lagarto).

indício de uma época de maior frio; os vegetais já possuem folhas caducas. A fauna marítima é exuberante e as amonites de conchas enormes, as primeiras aves, semelhando répteis (pterodáctilo), ensaiam os primeiros vôos na superfície da Terra. E ao raiar dessa aurora boreal da Humanidade 10, o Pithecantropus erectus, velho antropóide avito do Homem, surge no meio de uma variedade de símios a caracterizar indelevelmente a época terciária, firmando-a bem na génese do Homo sapiens. Desenha-se o fácies lacustre e os enormes ruminantes, herbívoros gigantescos (rinocerontes, hipopótamos, etc.), abalam as terras com seus passos firmes e pesados. Pouco diferem a flora e a fauna das épocas presentes. Os gelos cobrem a superfície continental europeia, inclinando-se profundamente para o quadrante Sul. Aos dilúvios terríveis e destruidores¹¹ surgem as invasões glaciares implacáveis. A fauna apresenta-nos mais variedades de animais monstruosos e...

"Deus criou, então, o homem à sua imagem, e criou o macho e fêmea".

E a Ciência verificou o aparecimento do Homem na superfície da Terra ao declinar da era terciária, volvidos que são milénios que contam para nós, mas que são uns escassos momentos que nada contam na eternidade do Universo.

"Deus viu todas as cousas que tinha feito; e elas eram muito boas. E da manhã e da tarde se fez o sexto dia"

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(⁹ Pterodáctilo (Gr. Pteros + dáktylon): que tem os dedos ligados por membrana. 

¹⁰ Fins da era terciária ou cenozóica.

¹¹ A legenda indiana sobre o dilúvio narra, segundo o livro dos Vedas, que Brahma transformado em peixe, dirigiu-se ao piedoso monarca Valvaswata, e lhe disse: "É chegado o momento da dissolução do Universo; breve tudo o que existe na Terra será destruído. É preciso que construas um navio no qual te embarcarás, depois de teres colecionado todos os grãos de vegetais. Esperar-me-ás sobre esse navio, e eu virei procurar-te e me farei reconhecer por um chifre na cabeça". Assim o santo obedeceu: construiu um navio, e nele se embarcou, atando uma forte corda ao chifre do peixe. O navio foi arrastado durante muitos anos, com extrema rapidez, no meio das trevas de uma tempestade horrível, e aportou enfim ao cume do monte Himawal (Himalaia), Brahma recomendou depois a Valvaswata que criasse todos os seres e tornou a povoar a Terra. É evidente a analogia desta legenda com a narração bíblica de Noé; da Índia passou para o Egipto, como uma multidão de crenças. Ora como o livro de Vedas é anterior ao de Moisés, a narração do dilúvio só pode ser imitação deste último. É provável, pois que Moisés que estudou as doutrinas dos padres do Egipto, tirasse a sua das deles. - L.D.

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(texto publicado no nº 3 do Jornal de Vizela, de 15 Novembro 1950)

O ar tornou-se respirável ao ser humano mais perfeito da Criação. Centenas, milhares de anos medeiam entre o aparecimento do homem, primata na ordem dos mamíferos, e a sua infância no desenvolvimento intelectual e artístico.

1- Chimpanzé; 2 - Pithecantropus; 3 - Cró-Magnom

(num esboço do ilustre Prof. Vasconcelos e Sá)

A transformação torna-se lenta, acidentada, tremenda de lutas, monótona no seu desenvolvimento intelectual 12. O homem pré-histórico vive primeiro em contacto com os usos e costumes dos homens dos bosques 13.

Pouco a pouco, passo a passo, pelo instinto a princípio, depois porque no seu cérebro já vai brilhando um raio de inteligência, vai-se adaptando, melhorando o seu modo de viver, procurando abrigo nas cavernas contra o frio e o calor, pondo de parte a luta corpo a corpo em que era inferior em físico aos outros animais mais corpulentos e fortes, para adoptar a armadilha, a pedra lascada de arestas vivas, ou mesmo a pedra rolada de que se serve como um projéctil para a sua defesa; o ramo seco da árvore, a liana lenhosa, para caçar o animal mais destro e mais rápido na corrida. 

* <Capacidade craniana do Cró-Magnom (1.500 cm3), comparada com a do Pithecantropus erectus (1.000 cm3) e com a do Chimpanzé (500 cm39, mostrando assim claramente que o Pithecantropus do terciário foi o intermediário entre o macaco antropomorfo e o homem» - Prof. Vasconcelos e Sá

E quantas vezes as novas e improvisadas armas proporcionavam um alimento sofregamente deglutinado, escorrendo-lhe pelos cabelos hirsutos o sangue ainda morno das suas vítimas. Seguidamente outro longo período de evolução humana se vai operar. O drama humano prossegue tendo por espectadores a Natureza e a incomensurabilidade infinita do Espaço com os seus astros brilhantes e silenciosos...

O homem da cultura arqueolítica desconhecia ainda os princípios mais rudimentares da Agricultura. Assim, observa que os outros animais mais velhos na Criação se alimentam de frutos silvestres. Segue-lhes o exemplo. Vê a semente maturada tombar na terra e germinar; e o homem recolhe o fruto e extrai a semente, espalha-a na terra rudimentarmente arroteada, aguardando perplexo e ansioso a proliferação. Insensivelmente tornou-se agricultor. Os instrumentos de que se serve no paleolítico já têm forma determinada. Com a pedra talha e determina as formas de outras pedras de que se vai servir, e no paleolítico moderno já possui instrumentos de osso e sílex, muito mais aperfeiçoados, como agulhas, lanças, anzóis, punhais, etc. Por instinto e necessidade fisiológica procura fêmea e constitui família. Nascem os primeiros sentimentos de amor, orgulho, vaidade, ódio...(¹⁴)

Vivia solitário a princípio numa contemplação abstracta de tudo o que o rodeava; depois, lentamente, procura socializar-se. O convívio quebra-lhe a monotonia da existência tornando-o mais forte perante inimigos constantes, numerosos e perigosos que o assediavam. As várias mutações climatéricas obrigam-no a cobrir-se com peles de animais... no final do nos aponta no Génesis e que a Ciência mais tarde rigorosamente constatou - o dilúvio. 

Surge então o Neolítico, período pós-glaciário, no qual o clima se modifica profundamente, apresentando-nos as características das condições actuais. O homem emigrou procurando climas mais adequados. Pesca e caça por métodos ainda rudimentares sim, mas que lentamente vai aperfeiçoando. Alimenta-se da carne do boi, do javali e outros animais. Põe de parte a bolota torrada com que fabricava o pão, para se servir do milho, do trigo, da cevada, e, principalmente, da fruta. As cavernas naturais, ou dificilmente cavadas pela mão humana, são substituídas a pouco e pouco por pequenas cabanas redondas, construídas de ramos de árvores ligados entre si por lianas, embutidas de terra ou barro amassado e cobertas por colmo ou enormes folhas de árvores gigantescas e seculares que, para maior segurança e fácil defesa, colocavam no meio de lagos, nos altos dos outeiros, em terreno chão com tendência para peneplano.

Por desfastio, como distracção, começa a ensaiar os primeiros passos na Arte. Decora com traços imperfeitos a princípio, depois com mais perfeição e segurança artística, as suas armas, os seus objectos de uso. De início titubia na modelação para de seguida delinear com mais plástica. Descobre o bronze e já prepara os seus utensílios e armas com este metal. Já conhece o fogo e aproveita-o para se aquecer, para fundir o bronze, torrar a bolota... ornamenta com cenas de caça, cabeças de animais e estiliza motivos vegetais e vários desenhos geométricos nos objectos de osso, marfim, ou chifre de veado, ensaiando as primeiras pinturas rupestres nas paredes das cavernas ou das antas. É a 'infância da Arte',

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(¹² Darwin, Lamark Haeckel e Huxley, no século passado, foram os criadores da teoria evolucionista. O homem evoluiu tendo por origem o Orango-tango... De aqui em diante os materialistas reforçaram o seu ponto de vista evolucionista apoiando-se nas ideias filosóficas e cientificas de então. Em contrapartida cientistas não menos ilustres criaram a doutrina da geração espontânea, opondo-a á doutrina evolucionista. Até hoje, uns e outros, não chegaram a acordo, mantendo cada grupo o seu ponto de vista. Registo de passagem, este facto por não interessar e estar fora do âmbito desta monografia. O certo é que a Ciência concluiu que o aparecimento do homem teve lugar nos fins da Era terciária (menos de 50.000 anos, segundo uns, mais de 150.000 segundo outros), confirmado pelo aparecimento do esqueleto do Cró-Magnom. Neste ensaio monográfico não cabe, repetimo-lo, o desenvolvimento e discussão de tal assunto, já por não interessar a tal, já por estar fora da personalidade intelectual e cientifica do autor. Limito-me a registá-lo. Nada mais.

(¹³ «Na classe dos mamíferos, o homem pertence à ordem dos bímanos. Imediatamente abaixo, vêm os quadromanos (animais de quatro mãos), ou macacos, entre os quais, alguns como o chimpanzé, o mono, afectam as maneiras do homem a tal ponto que, por muito tempo, foram designados sob o nome de homens dos bosques; como o homem eles andavam com os pés, servem-se de bastões, constroem cabanas e levam os alimentos à boca com as mãos, sinais estes característicos". - L.D.

(¹⁴ "Os homens primitivos faziam os seus instrumentos e armas de pedra ou sílex que talhavam grosseiramente em ponta ou dentes de erra: mais tarde serviram-se de ossosechifres de veado. Mais tarde ainda,em períodos sucessivos, do bronzeedo ferro" - Vasconcelos SA

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duma Arte que o homem primitivo principiou a brincar, 'por actividade lúdica' para evoluir constantemente através dos milénios da história do espírito humano até aos nossos dias.

A idade da pedra polida e a do bronze quase que se confundem. Uma prende-se à outra intimamente, legando-nos o dealbar da história da civilização humana. É desta transição a cista ou mamoa de S. Bento das Peras, de que mais adiante falaremos. Os singelíssimos 'menhirs' são formados de uma só pedra elevada em agulha; obelisco tosco, mas de um carácter muitas vezes severo e grandioso. Outros são enormes monólitos sustentados horizontalmente por enormes esteios, em números variável, os quais serviam de túmulo ou altar de sacrifícios. Outros, ainda, e estes são deveras os mais complexos, têm a forma de elipse, ou arredondados, colocados verticalmente e que se denominam 'cromlechs' (¹⁶ Brogar-Stennis 'Orkney Islands)

As cistas ou mamoas - (tumulus) - são uma espécie de caixa enorme, constituídas por grosseiras lajes de pedra, cobertas por uma laje maior, de forma arredondada, tendo um corredor todo empedrado, por onde se pratica a entrada, sendo tudo isto coberto com terra. Nestas cistas colocavam os cadáveres, ou as cinzas dos cadáveres depois de cremados, rodeados pelas suas grosseiras e rudimentares armas de sílex ou bronze, vasos de barro, objectos em osso, e, por vezes, em ouro. Já então o homem pressupunha a existência de um Ser Supremo, já então nesses remotos tempos o homem primevo honrava os seus mortos vislumbrando duma forma muito vaga ainda, a existência da alma para além da matéria. Sendo certo que de princípio não soube aperfeiçoar nem trabalhar esses singulares monumentos, foi capaz no entanto, de arquitectar meios engenhosos e poderosos de mecânica para arrancar, transportar e levantar blocos colossais de granito. A cista ou mamoa de S. Bento orientada quase em rigor na direcção este/oeste no sentido do seu maior cumprimento, estava composta por 5 blocos de granito inteiriços, tendo respectivamente, cada um as seguintes dimensões no sentido dos seus maiores cumprimentos e larguras: 2,00 x 1,40 m; 2,40 x 1,40 m ; 2,00 x 1,40 m; 1,00 x 1,40 m; 0,90 x 1,40 m. O seu formato é de uma caixa rectangular, tendo de capacidade 10 a12 m3 e de superfície, 5,80 m2.

A ignorância popular destruiu-lhe o monólito da cobertura e, possivelmente, o corredor de entrada, apesar de nas escavações por mim dirigidas (¹⁷ Estas escavações foram subsidiadas pela Sociedade Martins Sarmento) ter encontrado vestígios vários do mesmo, de mistura com cinzas e carvões a uma profundidade variável de 1 até 1,5 metros. De objectos de uso que nos pudessem indicar a idade aproximada, nada foi possível encontrar. Apenas um bloco de sílex de 0,2 cm3 aproximadamente a uns cem metros do local...

(Texto publicado no nº 6 do Jornal de Vizela de 30 Dezembro de 1950)

(...)

Esta cista foi várias vezes violada. Recorto a notícia do livro 'Sina de Minhoto': "Ainda no mês de Junho de 1904, achando-nos de visita à casa e fonte de S. Gonçalo, ouvimos ali, em S. Salvador de Tagilde falar de uma estrela muito luminosa que caía no próximo e sobranceiro Monte de S. Bento. O facto atraíra os curiosos que depararam com uma espécie de campa, tendo pedras aparelhadas (sic) nas extremidades, e terra removida de fresco. Faziam-se comentários diversos, em virtude dos quais as autoridades de Vizela chegaram a lá ir. É que um dos tais comentários descortinava um assassinato e roubo! ..."

Mais tarde, 20 anos decorridos sobre essas escavações, nova espoliação foi feita por dois lavradores de Montezinhos, aos quais o vulgo atribuiu achados em ouro, visto que anos depois adquiriram umas diminutas courelas de sequeiro e duas desconjuntadas choupanas. Não findaram, porém, os achados arqueológicos por gente ignorante na matéria. Ainda hoje contam os velhos camponeses da região, de uma outra cista explorada também por lavradores, uns metros mais a Norte da cista de S. Bento, abaixo da Cruz de Lama (¹⁸ Cruz de madeira sobre uma rocha enorme, tendo uma coroa em bronze cravada no granito. Foi erigida pela ilustre Casa da Lama.) onde a tradição diz que se desenterrou um menino todo em ouro do tempo dos mouros!...

Pena foi que a ignorância popular destruísse mais este monumento megalítico.

Aquando deste precioso achado arqueológico dei conhecimento ao ilustre Presidente da Sociedade Martins Sarmento de Guimarães, o distinto Oficial Superior do nosso Exército e Vogal da Junta Nacional de Educação, que se apresentou de imediato em Vizela, acompanhado do distinto escritor e Director da mesma Instituição, o Exmo Sr. Vieira Braga, tendo de seguida os três, feito uma demorada visita à cista do Monte de S. Bento "É crível que no alto do Monte de S. Bento existiu um castro, (¹⁹ Sua Exa. o Sr. Coronel Mário Cardoso teve a gentileza de a 3 de Maio de 1950, me dirigir o seguinte ofício que, a título de documentação, com a devida vénia aqui registo: «Sociedade Martins Sarmento - Guimarães - N° 92... Sr. Francisco Armindo Pereira da Costa - Vizela. Renovo os meus agradecimentos pela notícia que espontaneamente eu a esta Sociedade dos vestígios de uma cista, ou mamoa, existente no Monte de S. Bento, próximo dessa Vila, monumento pré-histórico de indiscutível valor arqueológico, que convém não deixar destruir, apesar de se encontra já bastante deteriorado pelos estragos causados pela ignorância popular. Conviria, como lhe disse pessoalmente, fazer ali uma pequena escavação, devidamente orientada e vigiada por V. Exa.... sendo as terras bem crivadas, para ver se aparece algum dos objectos típicos dos espólios destes sepulcros, como sejam pontas de sílex, facas, machados de pedra, fragmentos cerâmicos, etc. A escavação, depois de obtida autorização para isso, do dono do terreno, deverá ser feita especialmente no sentido longitudinal do monumento, ou seja, este-oeste. As novas pedras encontradas, posto que estejam deslocadas do seu lugar, não devem ser removidas, e as que se encontrarem no seu lugar, devem ser devidamente escoradas, para não tombarem. Nesse trabalho poderá V. Exa.... empregar dois jornaleiros durante dois dias, despesa que esta Sociedade pagará. A título de oferta enviamos a V. Exa.... duas publicações da nossa Instituição. Ficamos a aguardar as notícias do resultado da escavação, e rogamos que ela se faça com toda a descrição, para não despertar curiosidade do povo ignorante, que aí poderá causar novos estragos, julgando, como de costume, que se anda a pesquisar tesouros escondidos. De V. Exa., Mário Cardoso>>. Seguidamente fiz démarches para que se reconstituísse o monumento, junto de pessoas de Vizela... Ninguém me respondeu!... Debaterei este assunto no meu livro em preparação: 'Uma década da minha vida-1940/1950 - Análise crítica de um povo e de uma época'.)

No entanto, novamente apelo a quem de direito, no sentido de - sob a orientação da S.M.S., a única competente-se possa reconstruir o nosso monumento pré-histórico, conservando-o condignamente - fazendo assim, propaganda e turismo, dando, desta forma, uma nota de que, em Vizela, se pensa e estuda. É pena perdê-lo... até porque tive a oportunidade de verificar no mês de Novembro do ano transacto, numa rápida vista que lhe fiz, que uma das lajes já foi vandalamente partida ao meio... Registo-o sem comentários. E registo-o por representar milhares de anos na história da nossa terra.)

possivelmente da mesma cultura e época do da Penha", afirmou o ilustre Presidente da Sociedade Martins Sarmento (²⁰ Sessão da direcção da Soc.M.S.de 05 Abril de 1950: - Sob a presidéncia do Exmo Sr. Coronel Mário Cardoso, estando presentes todos OS Directores.... Depois, fez a seguinte exposição sobre 2 a notícia que havia recebido da existência de um monumento megalftico nas proximidades de Vizela-No Monte de S. Bento,nh não longe da povoação de Vizela, encontram-se vestígios de um monumento megalitico, a que o povo dá geralmente nome de mamoa>. E Etc.-( (vide Vol. LX n9 1-2 1950, pág. 3C K7 . 309,d da Revista de Guimarães). 

É possível, sim, que na parte mais alta do monte voltada a Vizela/Tagilde, correndo-lhe no sopé o rio Vizela, tenha sido a aldeia da tribo eneolítica (fase de transição entre a idade da pedra polida e a idade do cobre), local este de formato quase circular, mais propício para a sua defesa, para estabelecer o seu acampamento, dadas a planificação e o escarpado quase abrupto das suas encostas. Não longe, entre o peneplano da Lama e a parte circular de S. Bento, ficava o cemitério, o local onde exerciam os seus ritos dedicados aos mortos que chegaram até nós como o sopro de uma brisa ligeira envolta numa treva densa de mistério. É aceitável que o sacerdote, ou feiticeiro da tribo, pintalgado com cores berrantes, predominando o vermelho, preto e amarelo, ornamentado com penas de aves de rapina a simbolizarem a astúcia e poder, muitas vezes - ó quantas vezes - exerceu a sua actividade cabalística voltado ao sol nascente que inundava de raio de oiro e rosa as ramarias e cachoeiras palpitantes do Vizela...

É interessante notar que algumas cistas estão rigorosamente orientadas no quadrante Este/Oeste. Seria o culto destes homens dedicado ao Deus Sol?... É possível. O tempo, o drama humano, o ignoto, a degradação, a ignorância baixaram sobre tudo isto uma lousa que ri, que ri mofando da impertinência e insensatez humana na sua pretensão de querer desvendar e sondar o grande mistério da Criação.

(Texto publicado no nº 7 do Jornal de Vizela de 15 Janeiro de 1951)

No entanto as malguinhas - (fossetes) - como diz o vulgo da região, povoam profusamente os montes em redor... Um pouco mais abaixo daCruz de Lama, para Noroeste, nos outeiros de Polvoreira, existiram dois toscos monumentos a que erradamente se atribuiu origem céltica (²¹ Dr. Pereira Caldas).

Eram duas antas - sendo uma sepulcral e a outra oscilatória. É lamentável que estes dois monumentos pré-históricos tenham sido destruídos e as suas pedras milenárias aplicadas em muros, lares, lagares e paredes de estábulos, furtando-nos assim, documentos vivos e silenciosos da vida e costumes dos primeiros homens.

Na nossa região de beleza privilegiada abundam os monumentos pré- históricos. Assim, no Monte do Facho, ou Eira da Moura em Roriz, existia um dólmen, e numas escavações ali realizadas encontraram-se dois machados de bronze (²² Pinho Leal) . Em Veigas, Macieira da Lixa, encontrou-se uma necrópole pré-histórica com um abundante e precioso recheio. No Monte de S. Félix, Margaride, também foram postos a descoberto vários achados arqueológicos de que nos ficaram deficientes notícias. No Monte do Coto, Refontoura, existe ainda um dólmen constituído por uma laje megalítica apoiada sobre três penedos. Neste local encontraram uns pedreiros, em 1940, três machados de bronze... Interessante é notar a escolha dos terrenos para os seus acampamentos pelos homens primitivos.

S. Bento que está a uma altitude de 471 metros, é um pequeno monte continuação da Serra de Santa Catarina, donde se avista um panorama magnífico, rodeado de campos, veigas, vinhedos, pomares e pinhais que o rio Vizela, cobrindo-o pelos quadrantes Este-Sul-Oeste, optimamente fertiliza. A Sudoeste avistamos ao fundo a Vila de Vizela e todas as freguesias encastoadas neste vale formosíssimo duma verdura fresca e suave. Para Este vê-se Felgueiras, Santa Quitéria, Senhora da Aparecida, Alto da lixa, etc., e, num esfumado acinzentado, a imponente giba do Marão, com a vila de Fafe e os píncaros do Gerês, lá mais para Norte. Se da capela caminharmos para o quadrante Norte até ao terminus do planalto que fica junto à cruz de madeira que se denomina e lama, avistamos ao fundo, não longe, o casario de Guimarães - o castelo onde gestou a nossa nacionalidade - os montes da Penha, Sameiro, Bom Jesus, Senhoras do Monte - antigo monte Cavalo - e todas as freguesias situadas nas suas encostas; a Oeste-Sudoeste o Monte Córdova - inspirador de uma das obras do imortal Camilo - E Santo Tirso, Negrelos, Riba d'Ave, etc.

As proximidades da pesca fluvial, a abundância da caça, a fertilidade dos campos, a segurança, a largueza de vistas, o ondulado suave e variado dos outeiros e colinas circundantes, a beleza inconfundível duma paisagem variada, policromada, como um presépio lançado por mão de artista consumado, atraíram-nos. Ali, volvidos que são milhares (²³ de 100 mil a 150 mil anos segundo Norbert Casteret) de anos, tiveram assento as cabanas do homem eneolítico (idade do cobre). Ali, e mais ainda hoje, nos atrai a beleza graciosa e inesquecível dum vale que é verde, dum verde que jamais se esquece.

CAPÍTULO SEGUNDO

Sinopse de história nacional Epítome de linguística e de filologia portuguesa (²⁴ Não ến muito de uso em obras deste género, cujo interesse gira số à roda de r ◦ da história, arqueologia e etnografia locais, inserirem-se assuntos que, embora parcialmente se relacionem com ela, số dizem assuntos vários que se prendem inteiramente com ela, já por interesse de OS relacionar entre si, como respeito à História Nacional. No entanto como é crível que no decorrer desta monografia se foquem também para os relembrar, e, alguns mesmo, por curiosos que são, dou deles noticia muito resumida nesta sinopse histórica e epítome de linguistica).

Vimos já - e disso tem copiosos monumentos a arqueologia portuguesa - que esta faixa ocidental da Península Ibérica, fora habitada a partir do período pliocénico (²⁵ Fins da época terciária) no qual a Ciência presume, teve aparecimento o primeiro homem. Várias mutações climatéricas - glaciares, vulcânicas, geomórficas - em suma, forçaram esse homem a sucessivas migrações... É aceitável que, após transmutações terríveis da natureza, algumas tribos nómadas do Norte da Europa descessem na ânsia de encontrar melhor estação, um clima mais suave, mais ameno e temperado e aí se estabelecessem. Quem eram?! Donde vieram?

Pesa sobre a história dos nossos aborígenes uma densa treva ainda. Os tratadistas da matéria não concordaram ainda quais teriam sido os nossos primeiros antepassados. Assim, diz-se que foram os Iberos. É interessante a forma lendária aceite por alguns investigadores do passado.

Este povo emigrou da Ibéria asiática - hoje Geórgia - ocupando as costas do Norte da Itália, Gália meridional e Espanha. A etimologia da palavra Ibéria é, segundo uns: Iber = rio, de lb = corrente de água; e, segundo outros, Ibéria = vale - Ibar ou Ibaria, região de vales. Mais tarde foram sujeitos pelos Celtas, raça indo-germânica. 

Faria e Sousa (²⁶ Faria e Sousa - "Epit. de la hist. de Portugal ". Escritor do Século XVI, natural de Pombeiro de Riba-Vizela) ilustre e viajado escritor-fidalgo, diz-nos ter sido Tubal 27 (²⁷ Fundador de Setúbal, segundo lenda) filho de Japet, neto de

Noé, 2164 anos antes do nascimento de Jesus-Cristo, no ano do Mundo de 1840 e 184 anos depois do dilúvio, que com a sua família povoou o território a que hoje chamamos Portugal. A Tubal sucedera-lhe Ibero, Jubalda, Brigo, Tago e Beto, sendo no tempo deste último que Gerião invadiu a Península. E continuando em afirmações mais díspares, outros autores afirmam que os nossos aborígenes vieram da Colchida, outros da Índia, e outros, finalmente, que vieram da Itália (²⁸ Pinho Leal); todavia, as notícias (...)...

(Texto publicado no nº 8 do Jornal de Vizela, de 30 Janeiro de 1951)

Nota: No jornal seguinte, nº 9 do Jornal de Vizela, do dia 15 Fevereiro surge uma pequena nota ao fim da pág. 3 no canto dir., a dizer que 'devido a um atraso imprevisto na entrega dos originais... não se publica neste número o trabalho importante "In Oculis Calidarum" do nosso distinto colaborador 'Júlio Damas'

Na verdade, no no seguinte, o nº 10 de 28 Fevereiro, o jornal foi reduzido para apenas uma folha, 2 páginas... e desde aí, nada mais foi publicado. Pese embora o jornal voltasse depois em março a ter 4 páginas.

FRANCISCO ARMINDO PEREIRA DA COSTA 

(Júlio Damas).


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