As maiorias esmagadoras nunca assustam aqueles que ganham, só assustam aqueles que têm a derrota como o destino mais provável.
Em ano de eleições é curioso que se tenda a criticar as maiorias esmagadoras, quando todos os intervenientes vão a jogo com o objetivo de as obter. Os mais atentos saberão que não passa de uma tentativa de culpar as “maiorias esmagadoras” pela oposição fracassada. Na realidade, esse ato só vem demonstrar uma verdadeira falta de capacidade de interpretação da vontade popular e da ação política.
Estamos de acordo que o equilíbrio entre governabilidade e diversidade é o que sustenta a democracia, mas estranho que não compreendam que a democracia não se mede nem se quantifica, pratica-se e defende-se, e que aquilo que se quantifica são apenas os resultados eleitorais.
A “metrificação” da democracia de forma conveniente ao discurso, é a tradução plena da falta da maturidade política e da surdez enquanto oposição. Adversários políticos coesos não se preocupam com as maiorias esmagadoras dos adversários, pelo contrário, preocupam-se em criar o caminho para a conquistar. Nas eleições ninguém concorre por vitórias menores, ninguém concorre para ganhar no limite, nem ninguém concorre sem o objetivo de obter melhor resultado de sempre.
É ainda cómico que sem qualquer fundamentação científica ou académica, relacionem o conceito de “maiorias esmagadoras” com o conceito de “regimes totalitários”. Quando se tem a intenção de relacionar conceitos é importante que seja evidente de que “maioria esmagadora” estão a falar, será da maioria esmagadora do Cavaco Silva na década de 80? Ou quiçá da maioria do Victor Hugo Salgado em Vizela? Ou da maioria do amigo dos liberais, Javier Milei, na Argentina? Ou da maioria na Assembleia de Condomínio? Seria importante dizer qual destas maiorias se assemelha a um regime autoritário, ou se estavam a falar de outra maioria qualquer.
A isto, soma-se a falácia de afirmar que quando ocorre uma “maioria esmagadora” há uma cultura de cancelamento ou de repressão silenciosa perante os derrotados. Na verdade, o que acontece é que os derrotados não conseguem convencer os eleitores através do seu discurso e das suas ideias, nesse sentido, não é a “maioria esmagadora” que atira os derrotados para a repressão silenciosa, pelo contrário, é o próprio derrotado que não teve a capacidade de convencer os eleitores em tempo útil.
Estranho ainda com mais afinco o facto de se autoapelidarem de “inimigos, traidores ou ignorantes”, ora se é omissa a “maioria esmagadora” que se assemelha a um regime autoritário, e na crença que não são traidores nem inimigos, apenas adversários, questiono, quem serão os ignorantes?
DANI PINTO
líder da Juventude Socialista de Vizela