Victor Hugo Salgado, Jorge Pedrosa, Marco Pereira e Vítor Magalhães responderam às perguntas do jornalista Rui Dias do Jornal de Notícias: (1) Como é que avalia o aproveitamento que Vizela está a fazer do PRR? (2) Qual é, na sua opinião, o maior problema do concelho (de Vizela) e qual a sua proposta para o resolver?...
Victor Hugo Salgado
Movimento Vizela Sempre
1 - A Câmara Municipal está a fazer um aproveitamento positivo dos fundos do PRR, traduzido em benefícios para os vizelenses e para o desenvolvimen-to do concelho. Destaque para a aquisição de habitações sociais e para a obra de requalificação do centro de saúde. Foram adquiridas 50 habitações sociais financiadas a 100% pelo PRR, ao abrigo do Programa 1.º Direito, num investimento de cerca de cinco milhões de euros. A requalificação do centro de saúde é um investimento de cerca de 400 mil euros, também financiado com verbas do PRR, tratando-se de uma obra de extrema importância para o concelho, uma vez que as únicas intervenções efetuadas foram de manu-tenção e/ou reparação, realizadas pela autarquia, aquando da transferência de competências na área da saúde. Ao longo dos últimos oito anos, a Câmara já executou mais de 16 milhões de euros de investimento comunitário.2 - O maior problema a resolver, neste momento, em Vizela, é o acesso à A11. As vias de comunicação que atualmente servem o concelho não dão resposta às necessidades da população, das empresas e de todos os que diariamente nos visitam. Vizela é o único concelho de alta densidade populacional que não tem um acesso direto à autoestrada, apesar de a A11 atravessar o seu território. Há um nó de acesso chamado "Vizela", mas que se encontra em Felgueiras. Cabe ao Governo, enquanto entidade que concessionou a via, garantir aos vizelenses o acesso.
Jorge Pedrosa
Coligação Mais Vizela PSD/CDS/IL
1- Mau aproveitamento. Um dos exemplos mais flagrantes foi o facto de não ter sido aproveitada a oportunidade, durante este mandato (2021/2025), de submeter uma candidatura no âmbito da assinatura de um protocolo entre a Associação Nacional de Municípios Portugueses e o Governo para que, através do PRR, fosse possível requalificar a Escola Básica e Secundária de S. Bento, um investimento na ordem dos três a quatro milhões de euros
2 - Infelizmente, há vários problemas. Um dos principais é a falta de ligação à autoestrada e de uma zona industrial devidamente estruturada para atrair investimento e criação de novas empresas com emprego qualificado para os jovens. É preciso criar condições, junto do Governo, para que seja possível essa variante de ligação à autoestrada. Isto possibilitaria a criação de uma nova zona industrial que, acompanhada por políticas de incentivos fiscais municipais, ajudaria à fixação de empresas e à criação de emprego qualificado. A falta de habitação é outro problema. Em Vizela, o Programa 1.º Direito não alcançou nem metade do que foi anunciado (estavam previstas 130 habitações sociais, foram entregues 52). Tem de haver uma resposta rápida a este problema por parte da autarquia. A resposta não será fácil, mas têm de ser aproveitadas todas as oportunidades, passando pela aquisição/construção e requalificação de habitações degradadas.
Marco Pereira
CDU
1 - O Município de Vizela dispôs de um valor aprovado de 8,27 milhões de euros através do PRR. A maior fatia deste valor foi canalizada para os passadiços. No entender da CDU, estes fundos deveriam ter sido direcionados prioritariamente para a habitação social, cuja oferta é escassa no concelho. Vizela segue a tendência nacional, os preços para aquisição de casa são elevados, agravando as dificuldades das famílias com menores recursos. A CDU considera este um problema estrutural que exige uma resposta urgente e mais investimento público.
Outra questão que se levanta na gestão das verbas do PRR é a da transparência. Terminada a vigência do PRR, a CDU compromete-se a realizar uma análise dos valores aplicados: onde, para quê e quanto foi efetivamente gasto.
2 - A CDU considera que há duas matérias fundamentais que exigem, de uma vez por todas, respostas concretas e resoluções definitivas por parte do poder central e local, porque condicionam gravemente o desenvolvimento sustentável, económico e ambiental do concelho: o acesso à autoestrada All e a limpeza definitiva do rio Vizela. A falta de um nó de acesso direto à A11 é uma carência que compromete o presente e o futuro de Vizela. Relativamente ao rio, a CDU considera inadmissível que, após décadas de promessas e intervenções falhadas, a situação continue por resolver. É preciso enfrentar a passividade política e os interesses instalados que continuam a permitir descargas ilegais e ausência de fiscalização efetiva.
Vítor Magalhães
Chega
1 - Vizela está a desperdiçar o PRR. Esta era a oportunidade para resolver problemas estruturais como o acesso à autoestrada, essencial para o desenvolvimento do concelho. Após 27 anos de poder socialista, incluindo um mandato "independente" só para tapar os olhos, essa ligação continua por fazer. Se o atual presidente não o conseguiu, em dois mandatos, com o apoio do PS, não será agora que o fará, com o partido a definhar. Preferem investir em estátuas do Guterres e torneiras gigantes no parque natural. Simplesmente lamentável.
2 - O principal problema de Vizela é mesmo o atual executivo e a falta de coragem da oposição. Em vez de trabalharem em soluções, passam o tempo a justificar porque é que estão ali, como se o cargo fosse um fim em si mesmo. O concelho precisa de liderança séria, com prioridades claras, escolas com condições, apoio digno aos idosos, dinamização do comércio local e criação de oportunidades para os jovens. Com trabalho, coragem e verdade, é possível salvar Vizela.