JSD, A CAMPEÃ EM COMUNICADOS. PORQUÊ?
A verdade não se mede apenas pelo que se diz, mas também pelo que se omite.
A JSD Vizela divulgou um comunicado que, pela forma como apresenta uns factos e omite outros, carece de clarificação para que não se criem narrativas erradas sobre a participação das juventudes partidárias no concelho, tentando distorcer a realidade.
1. Sobre as autárquicas e o suposto “silêncio” das juventudes:
Como é de conhecimento geral, o Partido Socialista não apresentou qualquer candidatura nas últimas eleições autárquicas. Por isso, cada militante teve total liberdade para apoiar o candidato que entendesse, sem qualquer orientação do partido, algo perfeitamente natural num estado democrático e atendendo o contexto em que o PS não foi a votos.
É evidente que nenhum militante socialista tenderia a apoiar o candidato “laranja”, o que aliás se confirmou nos resultados eleitorais: o PSD perdeu tudo, até o seu último “bastião”, a freguesia de Santo Adrião.
Estranhamente, o líder da JSD mostrou mais interesse em saber quem o líder da JS apoiou do que com os verdadeiros problemas da juventude. Convém recordar que o apoio individual dos jovens aos candidatos autárquicos, por si só, é uma forma de participação democrática, que não deveria ser criticada nem instrumentalizada.
Importa ainda referir que a campanha da JSD não prestou um bom serviço à democracia pela negatividade constante e pela utilização jocosa da figura de António Guterres, ignorando o contributo do ex-primeiro-ministro para a criação do Concelho de Vizela.
2. Sobre o Conselho Municipal da Juventude (CMJ):
O comunicado da JSD Vizela espanta qualquer atento. O líder da JSD nega que o CMJ esteja ativo e que constitua um espaço privilegiado de participação juvenil no concelho, no entanto ele é membro deste órgão. É deste órgão que emanam, entre outras responsabilidades, a Comissão Eleitoral do OPJ, os júris do Concurso de Bandas e do Concurso de Curtas-Metragens, refletindo a articulação entre o movimento associativo juvenil e as políticas públicas do concelho.
O regulamento interno deste órgão determina uma nova tomada de posse após eleições legislativas. Essa tomada de posse só pode ocorrer depois da tomada de posse da própria Assembleia Municipal, que teve lugar dia 2 deste mês.
O CMJ tem também o dever de emitir um parecer, não vinculativo, sobre a proposta de Orçamento Municipal para 2026, o que ocorrerá em dezembro, após a realização da Assembleia Municipal onde é apresentado o respectivo orçamento. Assim, o CMJ terá dois plenários até ao final do ano.
Só por desconhecimento ou profunda má-fé se pode insinuar que o CMJ não funciona, quando, na realidade, tem sido um espaço de participação, debate, auscultação e cooperação entre o município e o tecido associativo juvenil.
Afirmar que “os jovens estão sem CMJ” é falso: terminou o mandato 2021-2025, tal como terminou o da própria Assembleia Municipal.
Perante isso, torna-se ainda mais evidente o desconhecimento do líder da JSD, que preferiu transformar essas preocupações num comunicado pomposo, tentando ludibriar os desatentos e sugerindo um vazio institucional que não existe.Além disso, é importante lembrar que em todas as reuniões do CMJ realizadas ao longo do mandato, o líder da JSD teve sempre oportunidade de se informar relativamente ao funcionamento do CMJ e, de facto, não o fez.
Não há qualquer omissão, há sim, o fim de um mandato e o início de outro.
3. Sobre o Orçamento Participativo Jovem 2025:
Na sequência de críticas dirigidas ao processo do Orçamento Participativo Jovem (OPJ) Vizela 2025, as preocupações da JSD são mais uma vez descabidas. Se o líder estivesse atento entenderia que todo o procedimento se encontra integralmente dentro do prazo e das normas aprovadas pelos órgãos competentes. As regras do OPJ Vizela 2025 foram aprovadas em Reunião de Câmara e validadas pelo Conselho Municipal de Juventude (CMJ).
O regulamento, no seu artigo 7.º, define que o processo decorre ao longo de um ciclo anual dividido em oito etapas. A alínea g) desse artigo determina que a penúltima etapa consiste na apresentação pública dos resultados, ou seja, a divulgação do projeto vencedor pode ocorrer até ao final do ano civil. A última etapa, por sua vez, só está prevista para 2026, e corresponde à execução da proposta vencedora. Foi assim em anos anteriores: o projeto vencedor do OPJ 2024, o Cinema ao Ar Livre, foi implementado em 2025, tal como regulamentado. Importa ainda recordar que este regulamento foi aprovado por unanimidade, incluindo pela Juventude Social Democrata e pelo PSD, que naturalmente conhecem ou deveriam conhecer as normas que validaram.
Além disso, é relevante observar que a crítica ao facto de o processo do OPJ 2025 não estar concluído parece ignorar um elemento de coerência temporal. Num cenário alternativo em que o PSD tivesse vencido as eleições, o anúncio de um projeto vencedor, no final do mandato do executivo anterior, com um potencial de despesa pública de 30 000 euros, poderia ser interpretado como uma decisão politicamente sensível, eleitoralista ou até considerada imprudente. Esta possibilidade ajuda a contextualizar a opção de não anunciar o vencedor em período de transição autárquica, mostrando que o calendário do OPJ não pode ser analisado apenas pela sua data habitual, mas também pelo quadro institucional em que decorre. Isto significa que: como o PSD perdeu alegam que há atrasos, se tivesse ganho, alegavam irresponsabilidade do executivo (2021-2025) em vincular o seguinte (2025-2029).
A precipitação em transformar o pressuposto atraso do anúncio do vencedor num “escândalo político” revela mais vontade de causar alarme do que de informar os jovens com rigor.
Quem mais fala, é quem mais tem que se lhe diga. Não conseguimos entender tamanha preocupação do líder da JSD com o suposto não cumprimento dos prazos do OPJ 2025, pois este mesmo líder, enquanto representante da JSD no Conselho Municipal da Juventude, foi designado, na reunião deste Conselho de 23 de abril transato, como o representante do CMJ na Comissão de Análise Técnica de Propostas do OPJ 2025, não tendo, segundo apuramos, dado qualquer feedback sobre as mesmas, quando lhe foram remetidas para análise.
4. Sobre a qualidade do debate político:Em vez de emitir tantos comunicados pré e pós-eleitorais, que mais parecem tentativas de reanimação do ego político, talvez fosse mais útil seguir o exemplo do líder da JS, que a título pessoal, procurou alternativas construtivas e propôs junto da Rádio Vizela um espaço regular de debate entre juventudes partidárias. Essa sim é uma forma séria de promover diálogo, participação e reflexão política.
O mesmo não se pode dizer sobre as ações do líder da JSD, centradas exclusivamente na crítica. Mas se as críticas tivessem nexo, o vereador do PSD, Jorge Pedrosa, não teria questionado o Executivo Municipal em sede de Reunião de Câmara acerca das preocupações dos jovens sociais-democratas? A verdade é que não o fez!
Conclusão:
Importa sublinhar que as políticas de juventude, em Vizela, vivem uma das fases mais dinâmicas de sempre. O município leva às escolas diversos projetos ligados à sustentabilidade, aos direitos humanos e ao empreendedorismo, envolvendo centenas de jovens. O OPJ tem registado números recorde de propostas, de votação e de qualidade na execução dos projetos. A Festa da Juventude consolidou-se como uma referência regional. Iniciativas como o Concurso de Bandas ou o Eco Challenge promovem criatividade, sustentabilidade, desporto e sentido de comunidade.
Fica assim evidente que a crítica divulgada pelo líder da JSD está em clara contradição com a realidade. O processo do OPJ 2025 cumpre escrupulosamente as etapas definidas no regulamento, o CMJ está ativo e funcional, e as políticas de juventude de Vizela encontram-se hoje mais participativas, inclusivas e próximas dos jovens do que nunca.
Vizela precisa de juventudes partidárias que contribuam para a solução e não para o ruído. O contributo político não se mede em número de comunicados.
Vizela precisa de jovens que valorizem a verdade, a responsabilidade e a transparência, não de discursos apressados que distorcem a realidade ou que tentam fazer crer que órgãos estão inativos quando, na verdade, apenas renovam mandatos.
A JS, ao contrário da JSD, continuará empenhada em defender os jovens vizelenses com rigor, espírito democrático e compromisso real, não com comunicados pensados apenas para impressionar, nem com manipulação de factos numa tentativa de surpreender os mais desatentos.
Primeiro a informação depois a opinião.
A título conclusivo, a JS Vizela questiona:
Porque é que o líder da JSD de Vizela, com responsabilidades acrescidas no processo do OP 2025, enquanto representante do CMJ, nunca se pronunciou sobre as propostas apresentadas?
Dani Pinto,
Presidente do Secretariado da JS Vizela.

