Faleceu Domingos Melo jornalista e ex-director de informação da Rádio Vizela


Tinha 39 anos, padecia de doença incurável. O seu funeral realiza-se segunda-feira, pelas 17h30, na igreja de S.Miguel das Caldas em Vizela. Domingos Melo era um jornalista dedicado, corajoso e sério no trato das notícias e na defesa da sua terra, Vizela.

Recentemente fora homenageado pelo Rotary Club de Vizela que o elegeu cidadão profissional do ano. Nos últimos quatro anos a sua vida tornou-se um calvário. A doença atrofiou-o de forma agreste!

Era um jovem muito culto, um grande amigo e um profissional de rigor com muito ainda para dar ao jornalismo local caso a doença não lhe roubasse o seu maior prazer que era trabalhar pela divulgação de Vizela.

Na Rádio Vizela desempenhou importante papel informativo ao nível da notícia, reportagem e entrevistas. Esteve em Lisboa no dia 19 de Março a acompanhar em directo para a sua rádio a elevação de Vizela a concelho e promoveu os maiores debates radiofónicos. Era habitualmente convidado pelas instituições vizelenses para moderador de debates por elas promovidos.
Domingos António do Vale Melo, residia na rua das Veigas com seus pais. Era solteiro.
O seu funeral realiza-se na próxima segunda-feira em S. Miguel das Caldas.

ADEUS AMIGO DOMINGOS - Manuel Marques
De um momento para o outro a voz do Domingos deixou de ser aquela que nos habituamos a ouvir de uma forma sistemática na rádio. E a sua saúde foi por ali abaixo. De um momento para o outro todos nós passamos a vê-lo menos vezes. Vê-lo assim naquela agonia lenta fazia-nos sofrer. Ver um amigo a morrer aos poucos é muito doloroso. Era triste.
Domingos Melo, na minha modesta opinião, foi o melhor jornalista de todos os tempos que passou pela Rádio Vizela. Quando pegava numa notícia sabia aprofundá-la até tratá-la por tu. Tanto conduzia um debate com uma como com dez pessoas; tanto levava a discussão o Ensino como a política ou a agricultura. Era versátil.
Domingos Melo era bastante culto, tinha uma imensa humildade própria das pessoas grandes, uma lealdade enorme para com os seus amigos e colegas de trabalho. Nunca invejou ninguém e a todos ajudava. Ninguém o ouviu proferir um lamento (e tantas vezes foi único a preencher dezenas de horas de emissão/diária); jamais fez «queixinhas» aos seus superiores ou tomou atitudes ardilosas contra algum dos seus colegas. Era puro!
DM nunca aspirou a mais nada senão a fazer um trabalho transparente e vertical. Era um exemplo!
Domingos Melo era aquilo que se pode chamar a fina flor do jornalismo. Fisicamente era frágil mas muito forte por dentro. Nada o assustava. Os verdadeiros jornalistas nada temem!
Repelia o jornalismo de retórica, o «master voice» a câmara-de-eco. Optava por uma informação intervencionista pois um bom jornalista sabe que o melhor jornalismo é aquele que incomoda, que desperta e faz mexer as águas!

Domingos serviu o jornalismo, nunca se serviu dele!

Nunca bajulou ninguém nem nunca se arvorou mais do que ninguém! Era muito simples.
Domingos Melo pertencia a uma família humilde e sincera (dois irmãos são carteiros nos CTT de Vizela). Do primeiro ao último minuto da sua doença esteve permanentemente acompanhado pela sua irmã, ela o mais eloquente símbolo da solidariedade e do amor familiar. Esta jovem mulher merecia a medalha de ouro da solidariedade e do amor. Jamais a esqueceremos.

Tenho grande orgulho por ter trabalhado ao lado de Domingos Melo com quem sempre mantive uma relação excelente (Hélder Silva, hoje jornalista da RTP e habitual apresentador do Jornal da Tarde, é o seu mais conhecido discípulo).
Jornalistas como Domingos Melo nunca morrem. Os que são diferentes nunca chegaram a nascer.
Nesta altura Domingos Melo já se encontrou com Pedro Paulo, outro grande companheiro destas andanças da rádio e que também partiu na flor da idade.
No céu os dois num só abraço de saudade. Podia lá a Rádio Vizela estar melhor representada!
Adeus Amigo.

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