Comemorações do 25 de Abril em Vizela

A Câmara e a Assembleia Municipal de Vizela vão assinalar mais um aniversário da Revolução dos Cravos. No dia 25 de Abril terá lugar a sessão solene comemorativa da Revolução, no Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários, pelas 11 horas.


No mesmo dia, pelas 12.00h, terá lugar a inauguração da exposição “Jornais de Abril”, do Museu Nacional de Imprensa, que estará patente na Casa do Povo de Vizela, de 25 de Abril a 23 de Maio.

Programa:
25 de Abril
11.00h Sessão Solene no Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários de Vizela12.00h Inauguração da exposição “Jornais de Abril”, do Museu Nacional de Imprensa, na Casa do Povo de Vizela

Exposição “Jornais de Abril”, do Museu Nacional de Imprensa
De 25 Abril a 23 de Maio, Casa do Povo de Vizela

DEPOIS DA CENSURA,
A EXPLOSÃO DA LIBERDADE

No dia 25 de Abril de 1974, de manhã, os Serviços de Censura ainda funcionaram, dilacerando textos e carimbando: “proibido”, “autorizado com cortes”, “suspenso”.
O próprio movimento dos “capitães de Abril” foi cortado. Obviamente.
Os tanques da revolução estavam na rua. Era um facto, mas proibido. Foi cortado. Obviamente.
Por isso, estes jornais, os do dia 25, não falam dos cortes que sofreram. Depois, a explosão da liberdade superou todas as barreiras e aqui estão os jornais a mostrar o vigor do Movimento das Forças Armadas.
São páginas históricas que mostram o começo do período de mais longa liberdade que se vive em Portugal. Como na tarde do dia 25 de Abril ousou dizer, sem medo, o jornal República, na sua 1ª página, “Este jornal não foi visado por qualquer comissão de censura”, nunca mais a polícia estatal do pensamento se pôs de pé. As comissões de censura acabaram, de facto, na tarde do 25 de Abril de 1974.
A forma como nos quartéis e nas ruas se foi impondo o golpe libertador está bem atente neste conjunto de “jornais de Abril”.
Os títulos garrafais e as fotografias expressam bem o processo calmo da “revolução os cravos” e a forma como as vozes foram saltando livres das fábricas, dos bairros, das escolas, das prisões e dos movimentos políticos.
A esperança, de tantas cores traçada pela explosão da liberdade, estava longe de ser confrontada com os conflitos reais que não tardaram a aparecer. Destes, quase não falam estes jornais. São “jornais de Abril”. Jornais da liberdade explodida, ainda sem os contornos do Estado de Direito que a pouco e pouco se foi implantando.
Além de tudo isto, a exposição também mostra a forma de fazer jornalismo há trinta anos. Depois de 48 anos de censura, não é fácil lidar com a própria liberdade.
Para ver, interpretar e debater.

LUÍS HUMBERTO MARCOS
DIRECTOR DO MUSEU NACIONAL DA IMPRENSA

Partilhar