"Têm-se retirado a perceção do risco real às pessoas"

O Presidente da Câmara Municipal de Vizela mostra-se algo preocupado com o regresso à suposta normalidade que as instituições governamentais pretendem por já em prática. Em texto publicado na sua página de Facebbok, que aqui reproduzimos na íntegra, Victor Hugo Salgado, o edil e líder da Proteção Civil de Vizela refere (...) Ao longo dos últimos dias, as várias medidas do Governo e as respetivas posições assumidas publicamente – desde logo, as comemorações do 25 de Abril e do Primeiro de Maio – têm retirado a perceção do risco real às pessoas, fazendo com que para estas, que se encontram em casa e começam naturalmente a ficar saturadas e exaustas do isolamento, todos os motivos sejam válidos e sirvam de desculpa para sair.



"Está decretado o terceiro e, possivelmente, o último estado de emergência no nosso País no âmbito do surto do novo coronavírus.

Nos dias que correm, torna-se cada vez mais difícil compreender, conciliar e concertar os interesses e as necessidades da população do nosso País, não sendo Vizela exceção. Estamos num período de difícil superação da dicotomia social e dos conflitos de interesses gerados na sequência do surto da nova estirpe de coronavírus, sendo, por isso, importante realçar três ideias fundamentais.

CONFINAMENTO
Por um lado, todos sabemos que o conjunto de medidas de ordem preventiva e restritiva, designadamente deveres de confinamento obrigatório e de especial proteção, são fundamentais para evitar a transmissão da doença na comunidade e, por sua vez, as mortes. Por outro, também sabemos que esta pandemia de saúde pública que, agora, vivemos trará grandes e graves reflexos ao nível da liquidez das famílias, junto dos agregados familiares, comerciantes e empresários, podendo, dessa forma, gerar situações de insolvências pessoais e coletivas.

REABERTURA
Atualmente, todos os países da Europa avançam para o desconfinamento. De igual modo, o Governo já anunciou que avançará, ainda, no decurso deste mês com a aprovação em Conselho de Ministros de um programa de desconfinamento progressivo. No entanto, fica sempre latente o risco de novas réplicas e, em particular, de uma segunda vaga possivelmente mais intensa do que a primeira, tendo em consideração que, neste caso, fomos um dos países da Europa a “fechar” mais cedo, decisão com a qual concordei inteiramente.
Mas a verdade é que, ao longo dos últimos dias, as várias medidas do Governo e as respetivas posições assumidas publicamente – desde logo, as comemorações do 25 de Abril e do Primeiro de Maio – têm retirado a perceção do risco real às pessoas, fazendo com que para estas, que se encontram em casa e começam naturalmente a ficar saturadas e exaustas do isolamento, todos os motivos sejam válidos e sirvam de desculpa para sair.

CAUTELA
Todos sabemos que a reabertura é uma fatalidade. Contudo, também todos sabemos que esta deve ser gradual, prudente e progressiva e, acima de tudo, dentro dos possíveis, protegida.
Assim sendo, atendendo à atual situação evolutiva do surto epidémico o nosso Concelho, que conta já com 1 morto e 67 infetados, assim como com um aumento gradual diário claramente acima da média nacional, continuo a apelar ao confinamento, pedindo à população vizelense para respeitar as recomendações das autoridades, devendo, sempre que possível, evitar deslocações para fora do domicílio e preservar o recolhimento domiciliário.

Uma última palavra para parabenizar o Governo por, finalmente, ter anunciado o uso obrigatório e generalizado de máscara em espaços fechados. No entanto, não consigo perceber que o mesmo, sabendo das dificuldades da população em geral em obter máscaras no mercado, devido à sua escassez, não siga o exemplo de vários países da Europa e proceda à distribuição massiva e gratuita de máscaras pela população.

Estamos perante um tempo de mudança.
Um dos maiores desafios civilizacionais das últimas décadas.
Para vencermos este enorme desafio temos de alterar os nossos hábitos.
Fique em casa! Por si! Por nós! Por Vizela!
Fique em casa, por favor!

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