"O País do Futebol"

POR ADELINO CAMPANTE
Não sou entendido em futebol. Sou portista mas foi com alegria que ontem vi o Sporting de Braga acabar o campeonato em terceiro lugar.


É tempo de fazermos uma análise ao país futebolístico.
São 18 clubes os que disputaram a Liga NOS. Nos chamados ”Top Ten” ou seja nos primeiros dez clubes, ficaram 7 clubes que se situam a norte do Rio Douro.
10 dos 18 clubes participantes situam-se a norte do Douro. Dos 18 clubes são 5 do distrito de Braga, 5 do distrito do Porto, 1 da zona das Beiras, 3 do distrito de Lisboa, um do distrito de Setúbal, um do Algarve e dois das Ilhas.
Da bacia do Ave (rio Vizela e Este incluídos) são 6 clubes, 3 da bacia do Douro e 3 da bacia do Tejo.
A Federação Portuguesa de Futebol, a Cidade do Futebol e o Estádio Nacional ficam em Lisboa.
Aos clubes de Lisboa são perdoadas dívidas pelos Bancos.

A Justiça demora a tratar os casos em que estão arguidos clubes de Lisboa ou seus dirigentes.
Os clubes do norte fazem sacrifícios enormes para se manter.
As televisões lisboetas nos seus programas desportivos, mesmo no dia em que o Porto ganhou o campeonato, trataram como principal notícia a ida ao Brasil, em jato alugado, do presidente benfiquista a buscar o novo treinador.
Dos 3 representantes usuais nos programas desportivos um deles deverá agora representar o Sporting de Braga.
Parece que para trabalhar nessas televisões é condição essencial ser águia. No governo sucede o mesmo.
O País do futebol é o Norte.

É tempo do Norte de Portugal se impor.
Realizou-se no sábado uma Conferência organizada pelo JN/CMP intitulada “Os Caminhos da recuperação económica em Portugal Hipóteses a Norte”.
O Norte é a principal região que responde pela exportação privada nacional.
Os principais exportadores de Portugal tem capitais estrangeiros e as suas localizações, no sul, foram condicionadas pelo governo.
Antigamente a energia era produzida por entidades privadas, a maioria com barragens no Norte. Foi nacionalizada e depois vendida aos chineses.
Os telefones cujas administrações se concentravam em Lisboa e Porto foram para Lisboa.
Os Bancos do Porto (BCP, BBI, BCP, BPI) acabaram por ir direta ou indiretamente para Lisboa pois só assim, perto do poder, conseguiriam sobreviver. O capital também foi entregue a estrangeiros.

A TAP, que não quer voar para o Norte, e o Novo Banco são grandes absorvedores de dinheiros públicos.
Para o Algarve, que só vive do Turismo, já se fala numa grande fatia dos dinheiros vindos da Europa.
No Alentejo, dizia no outro dia Miguel de Sousa Tavares, só pensam em reformas, baixas médicas e TSI (Taxa Social de Inserção).
Foi a iniciativa privada nortenha, trabalhadora, resiliente, insistente, que trouxe a COVID para Portugal. No sul também aconteceu mas com pessoas que foram passar férias.
No princípio a epidemia alastrou no norte. Entidades lisboetas quiseram impor cerco sanitário a outras zonas do norte além de Ovar, inclusivamente ao Porto. Quando alastrou a epidemia na região de Lisboa e se falou em cerco sanitário caiu o Carmo e a Trindade e foi até um “cristão novo” o que reagiu mais violentamente.

Reparem que o número de afetados já é muito maior na zona de Lisboa. Em contrapartida o número de mortos é inferior e isso é significativo em relação aos cuidados que houve.
O Norte tem de ter consciência da sua força e só o conseguirá com a Regionalização. Ninguém se convença que o governo lisboeta está interessado.

26 Julho 2020
A. Campante

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