Empresa Coelima pediu insolvência


 Com cerca de 250 trabalhadores, a têxtil de Pevidém-Guimarães, integra o grupo MoreTextile, que em 2011 resultou da fusão com a JMA e a António Almeida & Filhos e cujo acionista principal é o Fundo de Recuperação gerido pela ECS Capital escreve o Jornal de Notícias.

"A Coelima pediu esta quarta-feira insolvência, na sequência da quebra de vendas "superior a 60%" provocada pela pandemia e da não aprovação das candidaturas que apresentou às linhas de crédito covid-19, disse à Lusa fonte oficial da têxtil.

 "A empresa decidiu avançar com o pedido de insolvência, fruto da situação criada pela pandemia, que provocou uma forte redução das vendas e uma pressão sobre a tesouraria insustentável", adiantou a mesma fonte. A empresa diz, contudo, pretender, conforme previsto na lei, apresentar um plano de recuperação aos credores no prazo de 30 dias. 

 Com cerca de 250 trabalhadores, a têxtil de Guimarães integra o grupo MoreTextile, que em 2011 resultou da fusão com a JMA e a António Almeida & Filhos e cujo acionista principal é o Fundo de Recuperação gerido pela ECS Capital. 

De acordo com fonte oficial da têxtil, após "todos os esforços realizados, a empresa decidiu apresentar-se à insolvência de forma a minimizar os impactos nos vários stakeholders, nomeadamente dos colaboradores, que apesar da situação têm todos os salários em dia".

 

 

Uma imagem com desenho, sala

Descrição gerada automaticamente

 

Os Verdes Exigem Medidas que Assegurem 

Os Postos de Trabalho na Coelima

 

A deputada Mariana Silva, do Grupo Parlamentar Os Verdes, entregou na Assembleia da República uma pergunta, questionando o Governo através do  Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do Ministério de Estado da Economia e da Transição Digital, sobre a informação da empresa Coelima aos seus trabalhadores da decisão de avançar com um pedido de insolvência, alegando que os impactos da pandemia Covid-19 se traduziram em quebras de venda superiores a 60% e na insustentabilidade da tesouraria.

 

Pergunta:

 Em Guimarães o setor têxtil representa uma área da indústria com desenvolvimento secular do qual resulta uma produção com elevados padrões de qualidade, fator que contribui para a garantia de robustez da atividade associada a uma forte componente de exportação.

 A empresa Coelima com quase um século, existente desde 1922, e situada em Pevidém, constitui uma das empresas do setor têxtil-lar referência na sua área e garante 250 postos de trabalho diretos na região. Os trabalhadores da empresa têm uma média de idades de 51 anos e 27 anos de antiguidade.

 Em março do ano passado, a empresa esteve na iminência de ser alienada, após a reestruturação do grupo empresarial cujo acionista principal da empresa é uma sociedade gestora de fundos de capital de risco e de reestruturação. No entanto, e de acordo com a empresa, a alienação não terá avançado “face à incerteza criada pela pandemia”.

 No dia 14 de abril de 2021, a Coelima informa os seus trabalhadores sobre a decisão de avançar com um pedido de insolvência alegando que os impactos da pandemia Covid-19 se traduziram em quebras de venda superiores a 60% e na insustentabilidade da tesouraria.

 Segundo a informação disponibilizada, a empresa estará empenhada em prosseguir com a atividade e manter postos de trabalho, mas informa que essa decisão estará dependente do apoio dos credores e da aprovação de candidaturas a várias Linhas de Crédito Covid-19, que até à data não foram aprovadas.

 No comunicado dirigido aos trabalhadores a empresa garante não ter salários em atraso. Apesar de nos termos da lei a declaração de insolvência não fazer cessar os contratos de trabalho, cabendo ao administrador de insolvência continuar a pagar integralmente os salários e outros complementos enquanto não se efetivar o encerramento permanente, os trabalhadores estão confrontados com uma situação de grande indefinição quanto ao seu futuro e estabilidade profissional.

 Os impactos sociais e económicos da pandemia têm se feito sentir sobre os mais diversos setores de atividade, fruto da persistência de sucessivas renovações da declaração de Estado de Emergência que contribuíram para fragilizar a sustentabilidade de micro, pequenas e médias empresas, a continuidade de diversos setores de atividade com fortes impactos na indústria e no comércio, o agravamento dos números do desemprego e das situações de fragilidade social e económica das famílias.

 Os Verdes manifestam a sua preocupação com a ameaça que pende sobre a continuidade de uma empresa praticamente centenária que sendo uma referência na indústria têxtil e um importante empregador da região que resistiu às inúmeras pressões sobre o setor ao longo das últimas décadas.

 O Partido Ecologista Os Verdes considera que as medidas de apoio às empresas têm sido, comprovadamente, insuficientes para responder às dificuldades que estas atravessam, particularmente no que se refere à garantia da manutenção de postos de trabalho.

 A somar a esta situação, a fragilização dos vínculos contratuais, perdas de direitos laborais e a ausência de mecanismos de proteção face aos despedimentos persistem num momento em que a situação económica e social é de grande incerteza.

 Importa assim garantir que, no caso concreto da Coelima, a Autoridade para as Condições do Trabalho assuma um papel interventivo e de acompanhamento destes trabalhadores com vista a verificar que desta situação não resultam pressões junto dos trabalhadores para alterações ao quadro remuneratório e/ ou perda de direitos.

 Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, solicito a S. Exª O Presidente da Assembleia da República que remeta ao Governo a seguinte pergunta, para que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e o Ministério de Estado da Economia e da Transição Digital possam prestar os seguintes esclarecimentos:

 1. O Governo tem conhecimento da situação que afeta a empresa Coelima?

 2. O Governo, designadamente o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, está a acompanhar esta situação?

 3. Que medidas já tomou, ou prevê o Governo vir a tomar, no sentido da resolução desta situação, por forma a assegurar a continuidade dos 250 postos de trabalho?

 4. Que diligências foram ou vão ser tomadas pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) para assegurar o cumprimento dos direitos destes 250 trabalhadores?

 5. Tem o Governo em vista algum plano de recuperação para a empresa com vista a salvaguardar a continuidade desta unidade industrial, quase centenária, com grande relevância económica e social para a região?

 6.. Está previsto algum apoio específico que permita evitar o seu encerramento?

 O Grupo Parlamentar Os Verdes

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Foto Jornal Económico

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