Homenagem a uma mãe-coragem de Vizela


Laura da Silva Correia, de S. João das Caldas, Vizela, perdeu três filhos no espaço meses. Tem 90 anos e é um exemplo.

D. Laura tem 90 anos.

Esta mãe-guerreira, com 90 anos de idade, sofreu a maior dor do mundo e da alma em triplicado. 

Ver em Junho de 2020 o filho Paulo Carvalho, de 57 anos, ser sepultado, ainda com tantos anos para viver, é marca terrível, mas depois assistir ao funeral do segundo filho Ginho Carvalho (69 anos), a 5 de Janeiro deste ano, e sete meses depois despedir-se da sua filha Fátima Carvalho, que morreu aos 57 anos, em 6 de agosto, é algo que ultrapassa a dimensão humana. Os três filhos não resistiram a doenças incuráveis. 


Roberto Carlos dedicou uma célebre canção a sua mãe intitulada Lady Laura, um título e uma letra musicada que encaixa divinamente nesta Lady Laura vizelense. 

Viúva há dez anos, desde 12 de Fevereiro de 2012, D. Laura Correia não teve ao seu lado na partida dos seus três amados filhos o seu fiel companheiro e marido Manuel Carvalho, sub-chefe dos Bombeiros de Vizela corporação onde este voluntário prestou relevantes serviços. Foi amparada na dor pelos três filhos que restam: Fernando, Lola e Alexandre com quem acarinhadamente vive, alternadamente um mês na casa de cada um.  

Naturalmente, na dolorosa partida dos três filhos também não lhe faltou o carinho dos netos e restantes familiares, mas que consolo pode ser dado a uma mãe nestas circunstâncias?

José Fernando Carvalho, ex funcionário da Câmara Municipal de Vizela, diz ao ddV que a sua mãe é um grande exemplo de superação: "Não é qualquer mulher que depois de perder o marido perde três filhos num curto espaço de meses e sabe suportar essa cruz. Foi luto em cima de luta. A minha mãezinha vive com a enorme dor no coração, já tem 90 anos, mas encarou o agreste destino de frente. É uma mulher admirável, guerreira, um exemplo, uma boa mãe que não merecia passar por esta dolorosa privação".

Fernando Carvalho, mais conhecido por Nandinho, prossegue: "Fiquei contente por o Digital de Vizela querer escrever sobre esta mãe-coragem pois acho que o seu exemplo, os seus dramas, que são nossos também, servem para dar força a tantas pessoas que ao menor problema pensam em desistir. A lei da natureza ensinou-nos que são os filhos que sepultam os pais e não os pais aos filhos. Mas essa é um lógica que ninguém decide, está acima de qualquer um".

O caso de Laura Correia, de S. João das Caldas, não é muito comum. É verdade que há pais que quando atingem uma idade considerável sofrem a dor de verem um filho ou outro partir antes deles. Todavia, no caso da D. Laura foram três filhos (todos muito queridos da comunidade vizelense), num curto espaço de 14 meses.

Esta crónica real é, acima de tudo, uma homenagem a esta Senhora e à sua família. Incluimos tam­bém nesta singela homenagem outras mães e pais que já sentiram (e sentem) o mesmo pesar. 

O QUE DIZEM OS PSICÓLOGOS

"Os pais não estão programados para a morte de um filho. Quando esse drama ocorre, a cabeça dos pais não está ali. Dor maior do que perder um filho não há, o resto é um mal menor. 

Para esses pais deixa de haver dias bons. Isso é irremediavelmente perdido.

Muitos, quando se trata de filhos menores, consevam os seus quartos intactos, guardam os seus brinquedos e "conversam" com eles diariamente. Perder mais do que um filho é um sentimento inexplicável. Ninguém saberá dizer o que dói, o que custa a saudade. Nenhum pai, nenhuma mãe merece!"




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