A modernização da linha do Minho, defendida pelo PCP há décadas, é exemplo flagrante da falta e atraso do investimento


Comunicado do PCP Distrital de Braga sobre a planeada nova linha férrea do Governo 

O Governo anunciou recentemente a intenção de construção de novas linhas ferroviárias entre Lisboa – Porto – Vigo com ligações de alta velocidade. O anúncio referiu a construção de novas estações em Braga e de novas ligações entre Braga e o aeroporto do Porto e Braga e Valença.

 Conforme o PCP afirmou em comunicado do seu Gabinete de Imprensa:

A ligação de alta velocidade Porto – Lisboa "é uma infraestrutura absolutamente estratégica para o País e para a rede ferroviária nacional, cuja construção o PCP vem reivindicando há dezenas de anos (…)

Completamente inaceitável é que o anúncio agora feito já tenha sido feito em 2000 no último Governo PS com António Guterres, em 2004 no Governo PSD com Durão Barroso, em 2008 no Governo PS de José Sócrates e em 2020 já com este Governo PS e António Costa. Até o tempo de deslocação (1h15) e o investimento previsto (4,5 mil milhões de euros) não variam. A conclusão da obra já esteve apontada para 2013, 2015, 2028 e agora 2030. É inaceitável que dezenas de milhões de euros tenham sido gastos em projectos e estudos cancelados, e muitos mais desperdiçados em fundos disponíveis e não utilizados e um valor incalculável perdido por falta desta infraestrutura.  

Na verdade, enquanto os sucessivos governos anunciavam e não concretizavam esta obra verdadeiramente estratégica para o País, os comboios de Alta Velocidade da CP, capazes de circular a 220 Km/h, levavam e vão levar 2h48 minutos a fazer os 330 Km entre Lisboa e Porto, ou seja,  à velocidade média de 118 km/h, devido às muitas restrições de circulação na infraestrutura actual” (consultar versão integral).

Observando a realidade e as necessidades da região de Braga, os anúncios suscitam preocupações e interrogações que a Direcção da Organização Regional de Braga do PCP torna públicas:

O desenvolvimento de um projecto de ligação ferroviária de alta velocidade passando pela região de Braga deve necessariamente ser integrado numa perspetiva mais abrangente de reforço do transporte ferroviário e articulado com os investimentos que são urgentes realizar, nomeadamente a concretização da ligação ferroviária directa entre os concelhos de Braga e de Guimarães, conforme projecto de resolução entregue pelo Grupo Parlamentar do PCP na Assembleia da República.

Não havendo uma linha ferroviária que una os dois concelhos diretamente, para utilizar o comboio é necessário trocar de linha em Lousado, concelho de Vila Nova de Famalicão, e ali apanhar o comboio que liga o Porto a Guimarães. Em média, a viagem ferroviária entre Braga e Guimarães demora uma 1h32m para percorrer a distância de apenas 25 km que separa os dois concelhos. É como se esta distância fosse percorrida a 16 km/h!

A inexistência de uma cintura ferroviária entre as quatro maiores cidades da região (Braga, Guimarães, Barcelos e Vila Nova de Famalicão), juntamente com a destruição de linhas férreas – como a ligação entre Guimarães e Fafe ou Vila Nova de Famalicão e Póvoa de Varzim – e o adiamento de importantes investimentos são alguns dos fatores que limitam a importância estratégica e estruturante do caminho-de-ferro. A modernização da linha do Minho, defendida pelo PCP há décadas, é exemplo flagrante da falta e atraso do investimento, só recentemente foi iniciada e já se depara com atrasos em relação à calendarização estipulada.

“Braga ficará a 2 horas de Lisboa” afirmou o Ministro das Infraestruturas. Disse também que a ligação Porto – Lisboa demorará 1h15. Deduz-se assim que a viagem Braga – Porto demoraria, pelo menos, 45 min. No entanto, segundo os horários em vigor, o serviço alfa pendular já faz esta viagem em apenas 37 minutos!

O anúncio feito pelo Governo nada diz acerca destas ligações ferroviárias necessárias concretizar na região, limitando-se a adiantar intenções vagas sobre a alta velocidade, com datas longínquas e projectos cuja concretização depende não apenas de capacidades nacionais mas também de decisões políticas das autoridades espanholas.

Neste processo não pode ser ignorado que a expansão da rede ferroviária implica um planeamento com profundidade, para mais em zona de tão elevada densidade populacional, o que mostra bem a falta de serviços públicos de planeamento que foram desmantelados no passado.

Entretanto foram feitas declarações públicas pelos presidentes das câmaras municipais de Braga e Guimarães que alimentam em excesso as expectivas relativamente ao anúncio do Governo e nada dizem acerca do investimento na ferrovia na região e a sua articulação com o novo projecto de alta velocidade.

A DORB do PCP reafirma as propostas do PCP para o reforço da ferrovia na região e no País, reclama do Governo esclarecimentos acerca das questões supracitadas e exige que os presidentes das câmaras municipais assumam uma posição de verdadeira defesa do interesse público e das populações.

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GABINETE DE IMPRENSA

Direcção da Organização Regional de Braga do PCP

Av. Imaculada Conceição 736, 4700-034 Braga


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