Reconhecemos que, neste caso, a Igreja falhou no seu dever de proteger os mais frágeis e vulneráveis

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COMUNICADO DA ARQUIDIOCESE DE BRAGA


É com dor e sofrimento que a Arquidiocese de Braga tem vindo a acompanhar, nestes últimos dias, através da comunicação social, o relato de homens e mulheres vítimas de abusos por parte do Cónego Manuel Fernando Sousa e Silva.

A Arquidiocese de Braga dirige-se, em primeiro lugar, a todas as vítimas, feridas física, emocional e espiritualmente pelos abusos sofridos, a quem com profunda tristeza e humildade pede perdão. Do mesmo modo, a Arquidiocese dirige-se às suas famílias, bem como aos agentes pastorais da Paróquia de Joane e a toda a comunidade cristã, pedindo perdão pelo sofrimento causado por estes acontecimentos. A comunidade paroquial tem sido sujeita a uma forte exposição mediática que reaviva memórias dolorosas, mas que contribui para trazer à luz factos que nunca deveriam ter acontecido. Reconhecemos que, neste caso, a Igreja falhou no seu dever de proteger os mais frágeis e vulneráveis.     Com a máxima transparência, reconhecemos os factos e damos conta dos passos que até agora foram dados para apurar a verdade. Assim, é importante salientar as principais fases deste caso:

– Em 21 de novembro de 2019, chegou à Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis da Arquidiocese de Braga (CPMAV) uma denúncia por parte de uma vítima, relatando ter sofrido abuso sexual por parte do referido sacerdote. Esta vítima mencionou a existência de outras vítimas. Dentro dos limites das suas competências, a Comissão diligenciou no sentido de identificar estas e outras possíveis vítimas, mas sem sucesso. Dois anos mais tarde, chegou à Comissão mais uma denúncia. Ambas as vítimas foram acolhidas e acompanhadas pela CPMAV. Confrontamo-nos, agora, com o elevado número de casos relatados pela Comunicação Social. 

– Tendo a CPMAV enviado os relatórios relativos às duas denúncias à autoridade eclesiástica competente, o então Arcebispo de Braga criou, em janeiro de 2022, uma Comissão de Investigação Prévia, em conformidade com as normativas eclesiásticas à data em vigor. Em maio de 2022, o atual Arcebispo de Braga enviou todos os elementos recolhidos para o Dicastério para a Doutrina da Fé.

– Por fim, em sintonia com o mesmo Dicastério, em julho de 2022, foram impostas medidas disciplinares ao sacerdote em causa, a saber a necessidade de se abster de exercer publicamente o seu ministério sacerdotal e, de modo particular, a celebração pública dos Sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, devendo recolher-se num clima de oração, reflexão e penitência.

Reconhecemos que não conseguimos ser mais céleres no tratamento do caso e mais eficazes no acompanhamento das vítimas, o que lamentamos. 

A CPMAV disponibilizará de imediato, no âmbito das suas competências, um serviço de escuta destinado a todos quantos desejem partilhar as suas dolorosas experiências. Este serviço estará disponível na Paróquia de Joane de forma presencial, sendo ainda possível recorrer ao mesmo por via telefónica ou por correio eletrónico. Os novos testemunhos que, entretanto, possam chegar à Arquidiocese poderão permitir uma leitura mais completa do caso e possivelmente justificar novos procedimentos.

Apelamos a todos os que possam ter sido vítimas de qualquer espécie de abuso sexual em alguma paróquia ou instituição da Arquidiocese de Braga a que contactem a CPMAV (comissao.menores@arquidiocese-braga.pt ou 913 596 668). 

Neste momento difícil da vida da Igreja em Portugal, queremos reafirmar: «Ele, Bom Samaritano, continua a gerar e a acompanhar a Sua Igreja». Confiamos que a nossa Igreja saberá abrir-se a um novo futuro, marcado pelo reconhecimento humilde e transparente dos seus erros e pecados, pelo acolhimento das vítimas e pela prioridade de criação de uma cultura de prevenção e cuidado.

A Arquidiocese de Braga

(Na foto o Arcebispo D. José Cordeiro. Faz hoje 11 anos que foi ordenado bispo! Uma caminhada que o trouxe a Braga este ano).

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