PADRE ADELINO SOUSA ROSAS IN MEMORIAM 1937-2023


Neste sábado, em que se celebra a Missa de 30⁰ Dia de Falecimento do Padre Adelino Rosas, o Monsenhor José Maria assina um profundo e eloquente artigo na página do Arciprestado Vizela-Guimarães, sobre o ex-pároco de Santa Maria de Infias e Conde S. Martinho que com a devida vénia aqui reproduzimos na sua íntegra.


IN MEMORIAM (1937-2023)

PADRE ADELINO SOUSA ROSAS

No domingo, 19 de fevereiro, o padre Adelino Sousa Rosas faltou ao encontro habitual de celebrar a fé com os paroquianos. Internado de urgência, dias antes, no hospital de Braga, o Senhor, naquele dia, chamou-o a viver a realidade que, no exercício do seu ministério sa- cerdotal, constituíra a razão última da sua missão: levar todo o mundo consigo à contemplação da verdadeira Luz e Verdade, à posse da visão beatifica de Deus.

O padre Rosas era nosso, do arciprestado de Guimarães e Vizela, desde setembro de 1985. Então, as paróquias de Santa Maria de Infias e São Martinho do Conde recebe ram-no em festa. Possuido de apreciável robustez fisica, alma aberta e palavra convincente e amiga, ele superou as expetativas daquelas comunidades que, desde logo, o acolheram como auténtico pastor. 

Na verdade, o padre Rosas era dotado de uma qualidade não muito comum que era associar sabiamente à missão a aculturação fácil e harmoniosa: ele não era mais um entre o seu povo, pois, pelo seu modo de ser e estar, se enquadrava perfeitamente como membro daquelas familias eclesiais de Infias e Conde, E foi assim com sentido de liderança, não imposta, mas naturalmente aceite, que ele conseguiu realizar a sua ação pastoral com a marca da beleza do sacerdócio de Cristo.

O padre Adelino Sousa Rosas entrou no seminário de Braga, no ano de 1952, em plena adolescência (nasceu a 20 de dezembro de 1937), circunstância pouco vulgar naquela época e, segundo ele dizia, por influência da madrinha. Recebeu a ordenação presbiteral em 15 de agosto de 1966 na Sé Primaz de Braga e, a 13 do mês de outubro se guinte, fez a sua apresentação solene (Missa Nova) na igreja matriz da sua terra natal, freguesia de Cossou- rado, Barcelos. Por esta ocasião, foi enviado como pároco das comunidades de Torre (Santa Maria) e Por tela (São Pedro), do arciprestado de Amares. A sua maneira de atrair e educar a juventude passou muito pela prática desportiva, tornando-se ele próprio jogador de futebol, federado na Associação de Futebol de Braga, tendo sido titular no Futebol Clube de Amares. 

Curiosamente, algumas vezes teve como adversário o Futebol Clube de Vizela. Com o sentido de valorização pessoal e consequentemente ser mais útil aos outros, o padre Rosas frequentou a Faculdade de Filosofia de Braga, onde obteve graus académicos que o creditaram para dar aulas de português e filosofia. Entre os vários estabelecimentos de ensino que serviu conta-se uma escola de Elvas. Nesta circunstância, falou muito o seu espírito de pastor, tendo-se dedicado empenhadamente à evangelização das paróquias de Santa Eulália, Boa Fé e Vila Fernando, daquele Alentejo profundo. Era um prazer ouvi-lo contar experiências vividas no seio daquele povo a quem ficou ligado por uma afeição muito especial, reforçada por frequentes visitas que ele fazia, sobretudo no período pascal.

A passagem do padre Adelino Sousa Rosas, nomeadamente nas paróquias de Infias e Conde a partir de 1985, ficará gravada na memória de tantos que com ele aprende ram a edificar o Reino de Deus e a experimentar, já aqui, a sedução de ver em Jesus Cristo o sentido único das suas vidas. Outras memórias porém, com a marca do tempo, permanecerão a testemunhar o seu amor e espírito de entrega. A construção da nova igreja de Infias e de outras estruturas para a evangeliza- ção e serviço socio-caritativo salientam-se entre várias ações que ficam com a expressão do seu zelo. Por via disso, justamente se manifestou a população por ocasião das bodas de ouro sacerdotais em 15 de agosto de 2016 e a Câmara Municipal de Vizela em 2017, com a atribuição da medalha grau de mérito pra ra com a Igreja. Muitas outras homenagens recebeu também, ao longo dos anos, de diversas instituições de Vizela. Quis ainda a sociedade civil que o seu nome ficasse perpetuado na toponímia de Infias precisamente na rotunda junto à igreja nova. Decisão oportuna e cheia de simbolismo, dizemos nós. 

Por força do cumprimento de formalidades legais, o funeral realizou-se no dia 23, o que, mesmo as- sim, não impediu a que os seus pa- roquianos e amigos lhe prestassem as devidas homenagens, em oração e saudade, na tarde de Quarta-Feira de Cinzas na igreja de Conde e, desde o final desse dia até à hora da despedida na igreja paroquial de Infias. Ali, uma numerosa assembleia de fiéis e dezenas de sacerdotes participaram nas exéquias solenes, sob a presidência do arcebispo primaz, D. José Manuel Garcia Cordeiro. Na mais apropriada forma de dar graças a Deus, a Eucaristia, foi enaltecido o dom da vida, a grandeza do sacerdócio ministerial e a oblação total do padre Adelino Rosas. No cemitério de Cossourado, Barcelos, entre os seus, mora, agora, o sinal de esperança da ressurreição final.

Quando a construção da nova igreja de Infias chegou ao ponto de exigir do espaço interior as condições mais favoráveis ao culto e reunião da família cristã, o padre Rosas fez questão de solicitar aos colegas sacerdotes do arciprestado que fossem eles a consubstanciar a sua presença e solidariedade com a oferta do sinal convergente dos propósitos mais puros de todos e cada um dos fiéis, o Sacrário. Não tenho dúvida de que, também por esta manifestação de amor a Jesus, ele tenha conseguido pisar sempre o chão firme de fidelidade e generosidade para com a Igreja. 

Mons. José Maria


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