Joaquim Chicória em Lisboa

No próximo dia 8 de Novembro 2025 encerra a 6ª edição do Festival Música no Termo.

Quando, em 2019, criámos este projeto, queríamos garantir a construção de um corredor permanente de oferta de música clássica de qualidade no termo norte de Lisboa, que, não só promovesse de forma ativa a descentralização da cultura na capital, como também contribuísse para aproximar o cidadão comum do relevante conjunto patrimonial e museológico aí existente.

Mas não só.

Com o Música no Termo, a nossa identidade comum passou a ser a verdadeira protagonista. Ao longo das diferentes programações, a música tem funcionado como elo de ligação a momentos concretos da nossa História. Fazemo-lo porque sentimos um profundo orgulho no que é nosso. Fazemo-lo por considerarmos ser o melhor caminho de aproximação do cidadão à herança que a todos toca.

Por essa razão, temos sempre encarado o Música no Termo, a música clássica no termo norte de Lisboa, como uma montra privilegiada do que de melhor se faz e fez no nosso país. Consideramos tão importantes os reconhecidos solistas com quem trabalhamos como as jovens promessas e os grupos amadores, com especial ênfase nas bandas filarmónicas, por entendermos representarem a âncora da nossa tradição musical.

A edição 2025 do Música no Termo não poderia deixar de contribuir para a consolidação destas premissas.

Assim, este ano o festival encerra com a Banda Filarmónica União e Capricho Olivalense (S.F.U.C.O.). Será um concerto particularmente especial porque é a primeira vez que o Música no Termo chega à freguesia dos Olivais e se apresenta na histórica sede da Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense.

Mas, se esse facto seria por si só motivo de emoção, a verdade é que o concerto do próximo dia 8 de Novembro (18H) promete ir muito mais longe.

Com a constante preocupação que temos em estimular e valorizar a prática musical e o gosto por esta importantíssima forma de expressão artística, convidámos dois jovens para serem os solistas do programa que será apresentado: os clarinetistas Simão Nunes, talento que trilha já o caminho de um futuro profissional neste instrumento, e Tomás Ferreira que, após ter concluído o oitavo grau de clarinete, enveredou por um curso de engenharia no Instituto Superior Técnico de Lisboa, sem nunca abandonar a banda onde aprendeu os rudimentos que tanto contribuíram para a sua formação musical, a S.F.U.C.O.

No entanto, para que o programa possa constituir a promessa de um momento inesquecível, não poderíamos deixar de evocar duas grandes personalidades da nossa galeria histórica, Joaquim da Costa Chicória, do qual se celebram este ano os 150 anos do nascimento, e Adácio Pestana, que, se fosse ainda vivo, completaria em 2025 100 anos.

Como vizelense e autor do livro “Joaquim da Costa Chicória - Vida e Obra (Estudo Preliminar)”, sinto-me particularmente feliz por trazer a Lisboa este conterrâneo. Para além de maestro e músico, Chicória destacou-se, como é sabido, pela composição de um amplo acervo de obras que circularam de forma regular pela grande maioria das bandas existentes em Portugal, que somam um número aproximado de 7 centenas e meia, tendo sido igualmente apreciado e tocado fora do nosso país, o que só nos pode honrar. No próximo dia 8 de Novembro, a Banda da S.F.U.C.O. brindar-nos-á, como obra de encerramento do concerto, o Passo Dobrado “A despedida”, peça que consta do seu arquivo histórico.

Como acontece em todos os nossos concertos, iremos contar com a apresentação da Dra. Jenny Silvestre, que irá focar o percurso das bandas filarmónicas, os 2 jovens solistas, a memória do grande trompista Adácio Pestana e o Compositor Joaquim da Costa Chicória.

Sintam-se convidados!

Joaquim Ribeiro

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