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D. JOSÉ LEITE FARIA: Um bispo de Tagilde

Cemitério de Tagilde
D. José Lopes Leite de Faria (Bispo de Bragança em 1916-1927). 
"Nasceu em Tagilde, freguesia de S. Salvador, concelho de Guimarães (desde 1998 do Concelho de Vizela), em 12.5.1874. 
Estudou em Vizela, Guimarães e Braga. Aqui fez o curso Teológico que concluiu em 4.6.1894. Ingressou, depois, no Colégio de S. Dâmaso, em Guimarães, como professor, durante 5 anos. 
Em 1900 passou a leccionar Latinidade e Ciências Naturais no seminário liceu de Guimarães, vindo a ensinar também Literatura Portuguesa e Filosofia Escolástica. 
Fundou o "Jornal de Guimarães" e a Restauração". À entrada do cemitério de Tagilde-Vizela, desde 1927, encontra-se a sepultura de D. José Leite de Faria cuja imagem o ddV lhe apresenta.

Fundou o semanário Jornal de Guimarães, cujo 1.° número apareceu em 2.5.1902, terminando em 1.8.1903. Fundou a seguir a Restauração, que se manteve entre 1.12.1903 até 9.3.1911. 
Os seus dotes jornalísticos mereceram lhe elogios e até uma carta autógrafa e uma medalha do Santo Padre Pio X. 
Como entretanto ocorreu a implantação da República (1910), refugiou se no estrangeiro (14 de Março) e aproveitou para visitar vários países.

Fixou residência em Londres, onde esteve 3 anos. 
Aí assistiu, em 1911, ao congresso eucarístico, apresentando uma comunicação intitulada: A Realeza Social de Jesus Cristo na Eucaristia. Essa comunicação grangeou lhe grande notoriedade, nomeadamente, por parte de bispos brasileiros presentes que logo o convidaram para professor. 
Também Bispos franceses o convidaram. Sucedeu que o convite que aceitou lhe foi dirigido por Bula do Papa Bento XV, em 5.10.1915 mas desta vez para Bispo de Bragança.

Foi sagrado na Igreja de S. Francisco, em Guimarães, a 30 de Janeiro de 1916. 
Tomou posse, por procuração, em 23 de Fevereiro e entrou solenemente em Bragança, em 14 de Março. Aí encontrou uma Diocese em completo abandono. Com as estruturas abaladas pelas sucessivas crises por que passara, motivadas pela política que sempre deixa marcas no aspecto moral. D. José Leite de Faria abraçou a função com toda a sua garra, pregou, de freguesia em freguesia, renovou métodos, fertilizou as sensibilidades e para dar voz a todo esse trabalho, fundou o Semiador, revista que passou a ser o boletim oficial da diocese. 
Publicava se mensalmente com cerca de 50 páginas. Iniciou a saída em Janeiro de 1917. 
Em Janeiro de 1918 quando já se encontrava a edição desse mês na Tipografia em Guimarães, os acontecimentos políticos complicaram tudo, pelo que se suspendeu a saída. Os números que se editaram do Semiador foram depois reunidos em dois volumes. O mais grave problema com que se debateu foi a falta de clero, pois em 1919 havia na diocese de Bragança 220 freguesias anexadas por extinção e mais 131 desprovidas de pároco. D. José Leite de Faria faleceu em Vinhais, em 23 de Agosto de 1924".

(In i volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,
coordenado por Barroso da Fonte)


OS BISPOS
A Diocese de Bragança-Miranda teve o seu início e primeira sede em Miranda Do Douro, em 1545, tendo como seu primeiro bispo D. Turíbio Lopes (1545-1554). Em 1780, pela Bula “Romanus Pontifex”, de 27 de Setembro, D. Bernardo Pinto Ribeiro Seixas, conduziu os destinos desde a nova sede, em Bragança, de 1780 a 1792. É a partir de D. Bernardo que a Diocese se passa a designar de Bragança e Miranda e mais tarde, com D. António José Rafael (1979-2001), Bragança-Miranda.


MIRANDA DO DOURO (1545-1780)
1.º Bispo de Miranda - D. Turíbio Lopes 1545 -1554
2.º Bispo de Miranda - D. Rodrigo de Carvalho 1555 – 1559
3.º Bispo de Miranda - D. Julião d'Alva 1560 – 1570
4.º Bispo de Miranda - D. António Pinheiro 1575 - 1579
5.º Bispo de Miranda - D. Jerónimo de Menezes 1581 - 1592
6.º Bispo de Miranda - D. Manuel de Seabra 1593 - 1595
7.º Bispo de Miranda - D. Diogo de Sousa 1599 - 1608
8.º Bispo de Miranda - D. D. José de Melo 1609 - 1611
9.º Bispo de Miranda - D. Jerónimo Teixeira Cabral 1611 - 1614
10.º Bispo de Miranda - D. João da Gama 1615 - 1617
11.º Bispo de Miranda - D. Frei Francisco Pereira 1618 - 1621
12.º Bispo de Miranda - D. Frei João de Valadares 1621 - 1627
13.º Bispo de Miranda - D. Jorge de Melo 1628 - 1636
14.º Bispo de Miranda - D. André Furtado de Mendonça 1672 - 1676
15.º Bispo de Miranda - D. Frei José de Lencastre 1677 - 1681
16.º Bispo de Miranda - D. Frei Lourenço de Castro 1681 - 1684
17.º Bispo de Miranda - D. Frei António de Santa Maria 1685 - 1688
18.º Bispo de Miranda - D. Manuel de Moura Manuel 1689 - 1699
19.º Bispo de Miranda - D. João Franco de Oliveira 1701 - 1715
20.º Bispo de Miranda - D. João de Sousa Carvalho 1716 - 1737
21.º Bispo de Miranda - D. Diogo Marques Morato 1739 - 1750
22.º Bispo de Miranda - D. Frei João da Cruz 1750 - 1756
23.º Bispo de Miranda - D. Frei Aleixo de Miranda Henriques 1758 - 1770
24.º Bispo de Miranda - D. Manuel Vasconcelos Pereira 1770 - 1773
25.º Bispo de Miranda - D. Miguel A.B. de Menezes 1773 – 1780


BRAGANÇA-MIRANDA (De 1780 à actualidade)
26.º e 1.º Bispo de Bragança e Miranda - D. Bernardo Pinto Rib. Seixas 1780 - 1792.
27.º e 2.º Bispo de Bragança e Miranda - D. António Luís V. C. da Câmara 1793 - 1819.
28.º e 3.º Bispo de Bragança e Miranda - D. Frei José M. Santana Noronha 1824 - 1829.
29.º e 4.º Bispo de Bragança e Miranda - D. José António da Silva Rebelo 1832 - 1846.
30.º e 5.º Bispo de Bragança e Miranda - D. Joaquim Pereira Ferraz 1849 - 1852.
31.º e 6.º Bispo de Bragança e Miranda - D. José Manuel de Lemos 1853 - 1856.
32.º e 7.º Bispo de Bragança e Miranda - D. João de Aguiar 1856 - 1871.
33.º e 8.º Bispo de Bragança e Miranda - D. José Luís Alves Feijó 1871 - 1874.
34.º e 9.º Bispo de Bragança e Miranda - D. José M.ª S. Ferrão C. Martens 1875-1883.
35.º e 10.º Bispo de Bragança e Miranda - D. Manuel Bernardo Sousa Enes 1883 - 1885.
36.º e 11.º Bispo de Bragança e Miranda - D. José de Mariz 1885 - 1912.
37.º e 12.º Bispo de Bragança e Miranda - D. José Leite Lopes de Faria 1916 - 1927.
38.º e 13.º Bispo de Bragança e Miranda - D. António Bento Martins Júnior 1928 - 1932.
39.º e 14.º Bispo de Bragança e Miranda - D. Luís António de Almeida 1932 - 1935.
40.º e 15.º Bispo de Bragança e Miranda - D. Abílio Augusto Vaz das Neves 1939 - 1965.
41.º e 16.º Bispo de Bragança e Miranda - D. Manuel de Jesus Pereira 1965 - 1978.
42.º e 17.º Bispo de Bragança-Miranda - D. António José Rafael 1979 - 2001.
43.º e 18.º Bispo de Bragança-Miranda - D. António Montes Moreira 2001 - 2011.
44.º e 19.º Bispo de Bragança-Miranda - D. José Manuel Garcia Cordeiro 2011.
19 maio 2023, D. Nuno Almeida nomeado Bispo de Bragança-Miranda.





Um vizelense de S. Paio que triunfou no Brasil


António Gomes d´Azevedo Sampaio, nasceu na freguesia de S. Paio de Caldas de Vizela no dia 13 de agosto de 1839. Filho legitimo de Joaquim Gomes e de Maria Teresa de Oliveira. Neto paterno de João Gomes d´Azevedo e de Josefa Luísa de Araújo. 


Neto materno de António José d´Oliveira e de Luísa Teresa de Carvalho. Com espírito sagaz, abandonou a terra natal devido às suas ideias republicanas, e chegou ao Rio de Janeiro em 1854. Naturalizou-se Brasileiro. transformou-se num dos líderes do movimento abolicionista em Jacareí, no estado de São Paulo. A sua chegada à cidade de Jacareí ocorreu em 1868, onde fixou residência e contribuiu com seus conhecimentos científicos de farmacêutico para o crescimento da cidade.  

Sampaio casou-se com Elisa Simon, irmã do então empresário Luiz Simon. Foi pai de João Sampaio, que foi proprietário da Farmácia Popular; de Nestor, que residiu em Itapetininga; de Maria Thereza Sampaio, professora pública; de Ernestina Sampaio da Fonseca, que foi casada com Guilherme da Fonseca; e de Oswaldo de Azevedo Sampaio, que era farmacêutico em Sorocaba e cursou medicina mais velho. Oswaldo teve uma filha chamada Guiomar de Azevedo Sampaio de Souza Mello.  António Sampaio era um homem culto, estudioso de Química, Física, Botânica e História Natural. No Journal de Pharmacie et de Chimie foram registradas muitas comunicações de alto valor científico sobre flora. Mr. Plancon, da Société de Pharmacie de Paris, referiu-se diversas vezes aos trabalhos científicos de “Solitário de Jacareí”, por sua vez elogiados por Mr. Juliard, presidente desta valiosíssima associação. Por seus trabalhos, Sampaio recebeu diplomas, medalhas e ofícios de reconhecimento. 

Certidão de Nascimento 


Em 1881, na Exposição Industrial do Rio de Janeiro, foi membro julgador na qualidade de sócio da sociedade que a promoveu, recebendo um diploma de mérito. Na Exposição Industrial de Buenos Aires, no ano de 1882, obteve medalha de bronze. Na exposição de São Paulo, recebeu medalhas e diplomas. Na Exposição Universal de Paris, de 1889, também recebeu diploma e medalhas, sendo uma de prata e outra de bronze. A Sociedade de Farmácia e Química de Paris conferiu-lhe diploma de membro correspondente. Tinha também diploma da Liga de Instrução de Lisboa.


Da Academia de História Internacional de Paris, recebeu diploma e medalha de ouro. Era sócio da Académie Nationale Agricole, Manufacturière et Commerciale, também de Paris. O jornal Diário Popular publicou trabalhos de Azevedo Sampaio sobre a Farmacopeia Brasileira.  Foi um dedicado auxiliar do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como participante sem remuneração. Publicou várias monografias sobre a saúva, ou manhú-uára, publicações feitas pelo governo do Estado, e uma memória resumida da broca-das-laranjeiras. Escreveu uma monografia sobre São José dos Campos, apresentada com outras produções ao Congresso de Geografia que se realizou na capital do estado de São Paulo. Escreveu ainda um estudo de sociologia intitulado “Os Portugueses no Brasil”, o romance “Sina de um Minhoto Paulista” e uma monografia sobre Jacareí. A Fundação do Positivismo no Brasil e Humanidade ou A Estátua de Augusto Comte, em versos, também foram publicações de António Sampaio, além de uma obra de grande valor histórico e que, hoje, a Prefeitura Municipal de Jacareí reedita: “Abolicionismo”.  O ato mais revelador da personalidade de Sampaio foi sua participação como orientador e autor do movimento abolicionista de Jacareí, que, além de marcar o seu espírito de homem público e liberal, libertou centenas de escravos antes mesmo do dia 13 de maio de 1888. Seu livro Abolicionismo, de 1890, narra com autenticidade todo o movimento de Jacareí e descreve todos os passos, as alegrias e as agruras dos que dele participaram. O livro é uma verdadeira preciosidade e considerado raro pela Biblioteca Nacional. Os atos conscientes dos protagonistas ficaram registrados e revelam todos os esquemas ardilosos usados para raptar e esconder os escravizados, fazendo-os desaparecer da posse dos escravocratas. Jacareí também foi a sede do comércio de pessoas escravizadas, tendo como seu principal autor o fazendeiro e capitalista João da Costa Gomes Leitão. Comprando e vendendo estes escravizados, foi o causador de uma situação internacional grave com o apresamento, pelos ingleses, do brigue Piratini, que transportava cerca de 90 escravos do nordeste brasileiro para o comprador de Jacareí.  O livro Abolicionismo, que ganhou uma nova edição pela municipalidade de Jacareí, revela os pormenores de toda essa façanha aventureira do português farmacêutico Sampaio, do francês Luiz Simon e do brasileiro Benedicto Manoel Pinto Ribeiro, que criaram uma sociedade abolicionista para a organização da empreitada heroica. O movimento abolicionista recrudesceu no período de 1883 a 1887, revela Sampaio, destacando a participação do cônego José Bento como “ladrão de escravos”, que agia anonimamente.  Essa ação culminou com a libertação de todos os escravizados de Jacareí em março de 1888, antes, portanto, da Lei Áurea. Na verdade, seus líderes eram republicanos e ajudaram a semear as ideias que floresceram em 15 de novembro de 1889.  Azevedo Sampaio mantinha, em 1883, dois preparados industriais: phenol sódico e elixir digestivo pacová, sendo este uma fórmula indicada pelo médico Luiz Pereira Barreto que, certamente, participou – ainda que sem aparecer – tanto da abolição como da instituição da República. Na verdade, o movimento contava com as principais cabeças da sociedade jacareiense. Sampaio era um cientista. Homem culto e idealista, não deixou de contribuir para a publicação do “Almanach da Província de São Paulo”, edição de 1884. Revelou-se também poeta no soneto “O Estômago”.

Azevedo Sampaio faleceu no dia 28 de setembro de 1915, e o jornal Correio Paulistano do dia 29 de setembro noticiou o fato. 

NR - A publicação deste valoroso texto no Digital de Vizela só foi possível graças à incansável pesquisa pelo passado de Vizela e dos vizelenses do nosso colaborador António Cunha que muito agradecemos em nome do futuro. 


ABADE DE TAGILDE

Abade de Tagilde foi um investigador e um político. De seu nome João Gomes de Oliveira Guimarães nasceu em Bugalhós de Baixo da freguesia de S. Vicente de Mascotelos, concelho de Guimarães, no dia 29 de Dezembro de 1853.
Seus pais eram proprietários abastados.
Em janeiro de 1887 foi designado pároco de Tagilde.


Aos 14 anos, matriculou-se no liceu de Braga. Terminados os estudos secundários em 1872, inscreveu-se no Curso de Teologia do Seminário de Braga que concluiu em 1875.
Placa em Tagilde de falecimento 


No ano seguinte, foi ordenado presbítero e onze anos depois, em 1887, foi nomeado pároco de Tagilde. Tinha então 34 anos.


Começou por estudar a terra onde residia e iria viver até ao fim dos seusdias; em 1894 publicou na Revista de Guimarães“TAGILDE: Memoria Historico--Descriptiva”.
Em Tagilde, permaneceria um quarto de século (25 anos), vindo a falecer, vitimado por uma pneumonia, em 20 de Abril de 1912 com 58 anos de idade.




O seu nome está ligado à Sociedade Martins Sarmento e ao ressurgimento deestudos sobre a história local de Guimarães. Pertenceu a esta Sociedade desde asua fundação, esteve dez anos na direcção e foi seu presidente entre 1902 e 1905.Acompanhou Francisco Martins Sarmento em várias expedições arqueológicas, tornou-se o homem da sua confiança e, após a sua morte, foi ele que continuoua calcorrear montes e vales na busca de novos achados arqueológicos.
Tagilde foi a única paróquia que conheceu. Ele era o Senhor Abade de Tagilde!


O P. Oliveira Guimarães, dois anos após ter sido nomeado pároco de Tagilde, apresentou-se como candidato em 20 de outubro de 1889 a deputado pelo Círculo de Guimarães, em representação do Partido Progressista (ao fundo o resultado eleitoral entre os dois candidatos em algumas freguesias), então no poder. Foi no Outono de 1889, tinha 36 anos.
O seu adversário político era João Franco Castelo Branco (o seu nome já estive ligado à hoje Praça da República de Vizela), candidato pelo Partido Regenerador, que venceria a eleição para deputado da Nação. O jornal Comércio de Guimarães, apoiante incondicional de João Franco Castelo Branco fez uma guerra baixa contra o Abade de Tagilde.
O Abade de Tagilde não foi deputado, mas viria a ser Presidente da Câmara de Guimarães. Com efeito, entre 1902 e 1904 foi vereador e em 1905 assumiu a presidência da Câmara até à instauração da República, em 5 de Outubro de 1910.


Em frente da casa paroquial encontra-se uma lápide onde pode ler-se: “Nesta residência paroquial, faleceu aos 20 dias do mês de Abril de 1912 o insigne historiador e diplomatista P.e João Gomes de Oliveira Guimarães, Abade de Tagilde, nascido na freguesia de Mascotelos aos 29 dias do mês de Dezembro de 1853.”

Em Vizela o seu nome foi atribuído à Avenida Abade de Tagilde em S. Miguel das Caldas.